Todo dia tem o seu fim. Assim como foram os primeiros seis dias da criação, o sétimo dia teria que chegar ao fim. Mas para isso, teria que ser completado. Deus não poderia adiantar os ponteiros de Seu relógio profético. O que Ele mesmo determinara teria que se suceder, mas na hora certa.
É à meia-noite que o dia termina para dar lugar a outro. É na décima segunda badalada do relógio que o dia encontra sua plenitude. Os sessenta segundos finais que antecedem a meia-noite são o minuto final. Não há como mudar isso.
É também à meia-noite que as trevas alcançam o seu apogeu.
Do crepúsculo até a meia-noite, a escuridão vai se tornando cada vez mais espessa. Mas a partir da meia-noite, a tendência se reverte, e gradativamente começa a clarear.
Jesus veio ao mundo quando as trevas atingiam o seu ápice. Nas palavras de Zacarias, pai de João Batista, era por causa da entranhável misericórdia de Deus que “o sol nascente das alturas” visitara o mundo, “para iluminar os que jazem nas trevas e na sombra da morte” (Lc.1:78-79). Isaías também profetizou acerca disso:
“As trevas cobrem a terra, e a escuridão os povos; mas sobre ti o Senhor vem surgindo, e a sua glória se vê sobre ti.” Isaías 60:2.
Em outra passagem, o mesmo profeta afirma que “o povo que andava em trevas, viu uma grande luz; sobre os que habitavam na região da sombra da morte resplandeceu a luz” (9:2).
Era chegada a plenitude dos tempos. O fim do sétimo aión. O fim dos tempos. Os ponteiros do relógio divino estavam se encontrando novamente.
Paulo relata aos Gálatas que “vindo a plenitude dos tempos, Deus enviou seu Filho, nascido de mulher, nascido sob a lei” (4:4).
A plenitude dos tempos começa com o nascimento de Jesus Cristo, alcança seu ápice com a Cruz e a Ressurreição, e termina com a Queda de Jerusalém, abarcando um espaço de aproximadamente 70 anos.
Aqueles eram os minutos finais daquele aión.
A primeira mensagem pregada por Jesus, registrada por Marcos, foi: “O tempo está cumprido, e o reino de Deus está próximo. Arrependei-vos e crede no evangelho” (Mc.1:15). Dizer que o tempo estava cumprido era o mesmo que dizer que aquele aión havia alcançado a sua plenitude.
Um novo dia estava chegando! Um novo aión, um novo tempo, um novo mundo, uma nova ordem, um novo céu e uma nova terra. É essa nova ordem que Jesus chama de Reino de Deus.
A Luz do Mundo invadiu o Império das Trevas, e prevaleceu sobre ele. “A luz resplandece nas trevas, e as trevas não prevaleceram sobre ela” (Jo.1:5). Assim como no início houve luz antes que houvesse sol, agora o sol havia visitado o mundo antes que fosse dia! Cristo subverteu a ordem natural das coisas! O Sol da Justiça nos visitou. Por isso os demônios dos gadarenos reclamaram por serem atormentados por Jesus “antes do tempo” . Na verdade, aqueles eram os segundos finais que antecediam o mais importante fato ocorrido na História do Universo: A Cruz.
A contagem regressiva já havia começado. O cerco estava se fechando. Tudo já estava engatilhado. E isso pode ser comprovado por passagens tais como a encontrada em João 4:23, onde Jesus afirma à Samaritana: “Vem a hora, e JÁ CHEGOU, em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade, pois o Pai procura a tais que assim o adorem.” Parecia que Jesus estava interferindo de forma deliberada no kronos para estabelecer o Seu kairós . Ora, se Ele é poderoso para fazer o relógio solar de Acaz atrasar dez graus, e para paralisar a rotação da Terra por quase um dia, de quê Ele não seria capaz? Seria esta uma forma de perturbar e confundir o império das trevas? De qualquer maneira, o Kairós de Deus estava prevalencendo sobre o kronos do homem.
Jesus veio cumprir a 70a. Semana profetizada por Daniel. Na cruz, Ele não só trouxe a Justiça Eterna, como também expiou a iniquidade, e fez cessar os sacrifícios levíticos! - Está consumado! Bradou Jesus do alto do Gólgota. Terminava ali o sétimo dia, em cujo crepúsculo a comunhão entre Deus e o homem havia se rompido. Começava , então, um novo Sabath, um novo descanso para o povo de Deus.
O novo Sabath já não seria o sétimo dia, mas o primeiro Dia, agora conhecido como o Dia do Senhor. É neste Dia que estamos desde a Cruz. Por isso, o Autor Sagrado não hesita em afirmar que “nós, os que temos crido, entramos no descanso (sabath)” (Hb.4:3a). Nesta passagem, o santo escritor diz que, por causa da desobediência do homem, Deus “determina outra vez certo dia” , que é “Hoje”. E ele conclui dizendo que “se Josué lhes houvesse dado Sabath, não teria falado depois disso de OUTRO DIA. Portanto, resta ainda um Sabath para o povo de Deus” (Hb.4:7a,8-9). Esse novo Sabath é Hoje! E que Hoje é este? Aquele inaugurado na Cruz. Aquele mesmo no qual Jesus garantiu ao ladrão arrependido que ele estaria no paraíso.
Estamos vivendo o Dia do Senhor! Entramos em Seu Descanso, em Seu Sabath. Paulo diz que o mandamento acerca da guarda do sábado era apenas uma sombra do verdadeiro Sabath que estava por vir. Cristo é o nosso Sabath (Col.2:16-17).
Foi Jesus quem nos franqueou o acesso a esse Sabath. É d’Ele o convite: “Vinde a mim todos os que estais cansados e sobrecarregados, e eu vos aliviarei. Tomais sobre vós o meu jugo, e aprendei de mim, porque sou manso e humilde de coração, e encontrareis descanso (Sabath) para as vossas almas” (Mt.11:29-30). Em Cristo, chegamos ao Novo Dia, ao Sabath Eterno.
Embora o Novo Dia já tenha chegado, ele ainda não clareou! Paulo diz que “todos vós sois filhos da luz, e filhos do Dia. Nós não somos filhos da noite, nem das trevas” (1 Ts.5:5). Somos, portanto, cidadãos do novo aión, filhos de um novo tempo. Em outra passagem, ele diz que devemos conhecer o tempo, e que “Já é hora de despertarmos do sono, porque a nossa salvação está agora mais perto de nós do que quando aceitamos a fé. A NOITE é PASSADA, E O DIA é CHEGADO. Rejeitemos, pois, as obras das trevas e vistamo-nos das armas da luz” (Rm.13:11-12).
A Era das Trevas chegou ao fim. A Cruz inaugurou o novo tempo. Ainda que não seja perceptível aos homens carnais, o Dia já começou a clarear.
A Era das Trevas chegou ao fim. A Cruz inaugurou o novo tempo. Ainda que não seja perceptível aos homens carnais, o Dia já começou a clarear.
Mas não vivemos por vista. Vivemos por fé. Não importa o que nossos sentidos nos digam. A verdade é que as trevas estão passando, e já brilha a verdadeira luz (1 Jo.2:8).
E é o caminhar da nova humanidade que traz o alvorecer do novo dia. Por isso, o sábio Salomão profetiza: "A vereda dos justos é omo a luz da aurora que vai brilhando mais mais até ser dia perfeito" (Pv.4:19).
O Dia Perfeito será o tempo da manifestação da glória derradeira, quando o "Dia do Senhor" iniciado a partir da Cruz, terá alcançado o seu ápice. Será o meio-dia profético, quando já não restarão sombras, e todas as nossas obras e motivações serão trazidas a juízo.
Até que chegue o Dia Perfeito, estamos sendo conduzidos "de glória em glória". Já se pode contemplar o degradê celestial, e em breve, muito em breve, os primeiros raios solares da justiça rasgarão o que restar das trevas da iniqüidade.
Nenhum comentário:
Postar um comentário