sexta-feira, janeiro 02, 2009

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O mundo está piorando?

Ao afirmar que a humanidade caminha em direção a um futuro promissor, surge a questão: O mundo estaria melhorando ou piorando?

Muitos cristãos sinceros acreditam que o mundo está cada vez pior, e que isso seria prenúncio do retorno iminente de Jesus.

Discordo veementemente desta visão pessimista da história.
Cristo está reinando e conduzindo a História a bom termo.
Certo pastor estava ensinando em sua igreja que as coisas tendem a piorar e que isso seria inevitável para que Cristo voltasse. No final do culto, o mesmo pastor pediu que os irmãos orassem pela diminuicão da violência em seu bairro. Uma senhora levantou-se e disse: - Pastor, não consigo entender. As coisas não devem piorar pra que Jesus volte? Então por que deveríamos orar para que elas melhorem?

De fato, muitos cristãos vivem uma contradição. Oram e trabalham para que as coisas melhorem, porém esperam que as coisas piorem.

Pastores que pregam com veemência sobre a proximidade da volta de Jesus, investem milhões na construção de suntuosas catedrais.

Será que o Mundo de hoje está pior do que o Mundo de cem anos atrás, por exemplo?

Basta uma rápida retrospectiva histórica, pra nos dar conta do quanto as coisas melhoraram, desde que Jesus caminhou entre nós.

Há quem nutra uma visão romântica dos tempos bíblicos. Como se aqueles fossem os tempos áureos da sociedade humana. De lá pra cá, as coisas só pioraram. Nada mais inverídico do que isso.

Imagine viver durante um tempo em que a maioria absoluta da população era analfabeta! Um tempo em que as guerras eram constantes. As famílias sequer tinham banheiros em casa. A escravidão era normal. Populações inteiras eram dizimadas por pestes freqüentes, etc.

Imagine ter uma dor de dente naquela época! As pessoas sequer praticavam higiene bucal.

O Cristianismo com sua mensagem libertadora, tem provocado, ao longo dos séculos, a maior onde civilizatória da história.

Examinemos alguns dos efeitos positivos diretos e indiretos, da propagação do Evangelho:

Expectativa de vida

A começar pela expectativa de vida: Em 1910 a expectativa de vida do homem brasileiro era de 33 anos, em 2000 saltou para 65 anos. Praticamente o dobro!

No Império Romano, quando os exércitos viviam em constante guerra de conquista, a expectativa média de vida não passava de 23 anos para a maioria dos cidadãos. No Brasil escravocrata do século XIX, grandes levas de cidadãos morriam antes de chegar aos 40 anos. Foi assim que surgiu, no pós-guerra, a idéia de que trabalhadores com mais de 40 anos também "morriam" para o mercado de trabalho.

Recentes notícias dão conta de que nos Estados Unidos, na última década, a população centenária quase duplicou, passando de 37 mil para 70 mil pessoas.

Os cientistas dizem, entretanto, que o homem não sofreu qualquer mudança biológica importante que venha a justificar maior tempo de vida. Na raiz da longevidade registrada hoje estão as mudanças alimentares, as medidas sanitárias individuais e coletivas, além de cuidados médicos.

Em apenas um século, a expectativa de vida praticamente dobrou. Em 1910 o homem brasileiro tinha uma expectativa de vida de 33 anos. Em 2000 ela saltou para 65 anos.

Escravidão

O Cristianismo foi o primeiro a proclamar a igualdade entre os homens. Nenhum homem, pela sua natureza, é escravo de ninguém. Vale lembrar que muitos dos grandes filósofos gregos cultuados pela nossa sociedade, entre os quais Platão e Aristóteles, defendiam que o escravo não passava de um objeto.

Entre finais do século III e princípios do IV, com a grande expansão do cristianismo (o seu número era calculado em cerca de 5 a 10% da população do Império) e dos seus valores, houve transformações fundamentais para a sociedade, tais como:

• A abolição da crucificação como pena de morte
• Repressão ao infanticídio, sacrifício de crianças aos deuses pagãos
• Proibição dos jogos de gladiadores
• Uma nova relação no tratamento dos escravos

Num fragmento de papiro da Apologia de Aristides recentemente encontrado afirma-se: “Os senhores cristãos persuadem os escravos a tornarem-se cristãos… e quando eles o fazem chamam-lhes irmãos, sem qualquer discriminação dado a sua unidade numa mesma comunidade”.

Tertuliano na sua obra “Apologética”, diz-nos: “O tratamento de ‘irmão’ ou ‘irmã’ exprime as novas relações entre ricos e pobres, senhores e escravos que vão até ao pôr em comum os recursos e o sustento de todos aqueles que se encontram momentaneamente ou definitivamente associados”.

Roger Garaudy, intelectual francês e ex-membro do Partido Comunista Francês, no seu livro “Cristianismo e Marxismo no Mundo de Hoje”, reconhece com lealdade a contribuição decisiva que o Cristianismo prestou para a humanização do homem.

A Condição da Mulher

Muito antes do movimento feminista moderno, o Cristianismo inspirou a valorização da mulher, igualando-a em dignidade ao homem.

Numa sociedade profundamente paternalista, o Cristianismo esteve na vanguarda, conferindo às mulheres posição de liderança nas assembléias públicas.

Aborto e Deficientes

Simultaneamente à dignidade da mulher, o cristianismo exige respeito pela vida, numa época em que o aborto era moeda corrente em todas as classes sociais, quer no Egito ou em Roma.

O aborto estava também ligado a práticas de magia, a ritos religiosos e a superstições. Aristóteles defendia: “Deve haver um limite fixo para a procriação dos filhos; e se alguém tiver um filho em contravenção com estas normas deve praticar um aborto, antes que o embrião tenha a sensação de vida”. Esse limite da sensação de vida era fixado em 40 dias para os fetos masculinos e 80 dias para os femininos.

Desta forma, o aborto (que juntamente com o infanticídio de recém-nascidos deficientes e o abandono ou exposição de crianças não desejadas) era freqüente na Grécia, como podemos constatar no filme “300”.

Com o aparecimento do cristianismo, o aborto passou a ser contestado por razões de ordem moral e em oposição a fatores políticos. No final do século II, Tertuliano criticava todo o tipo de infanticídio que, como já vimos, era comum entre pagãos e lembrava que isso era proibido aos cristãos, assim como a destruição de um feto que é “um homem que está a caminho de sê-lo”.

Frederich Engels, no seu livro “Über Religion”, na página 265 diz: “O aparecimento do Cristianismo constitui uma fase inteiramente nova da evolução religiosa, a qual implica um dos elementos mais revolucionários da história do espírito humano.”

Podemos ainda citar o conceito de Guerra Justa, o Estatuto da Criança e do Adolescente, a Declaração Universal dos Direitos Humanos, a Carta da Terra, e outros documentos e manifestos que atestam para um amadurecimento da humanidade.

É claro que nem tudo são flores. Ainda há muito que se fazer, e espero que os cristãos deixem a alienação social, e se engajem na transformação do mundo, em vez de cruzar os braços à espera do fim do mundo.

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