terça-feira, dezembro 30, 2008

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Graças àquela surra...

Meu pai e eu fomos visitar sua mãe que estava muito enferma em Irupi, interior do Estado do Espírito Santo.

Meu pai tinha esperança de que eu pudesse explicar à minha avó um pouco da graça de Jesus Cristo, e Sua suficiência para salvá-la.

Numa manhã, meu pai convidou-me a caminhar um pouco por sua cidade natal.

É uma cidadezinha pequena, de pessoas trabalhadoras, honestas, e voltadas para o campo.

Depois de caminhar um bocado, meu pai parou em frente a um barranco, com os olhos lacrimejando, e me disse: - Filho, foi ali que meu pai me deu a última surra. Até hoje não sei porque ele me bateu tanto, usando um chicote de burro.

Achei que aquele era o momento ideal para compartilhar com meu velho pai a maneira como compreendia a soberania de Deus.

Voltei-me para ele, e disse: - Pai, eu sei porque o senhor levou aquela surra injusta. Foi para que eu estivesse aqui hoje. Porque se não fosse aquela surra, o senhor não teria saído de casa, ido para o Rio de Janeiro e conhecido minha mãe.

De fato, aquela surra foi o estopim para que meu pai, aos dezesseis anos, decidisse deixar tudo e aventurar-se na cidade grande.

Meu pai tomou um lenço, enxugou o rosto, e continou a caminhada ao meu lado.

Finalmente, ele compreendia, não o "porquê", mas o propósito de Deus ao permitir aquela injustiça.

Num belo dia, minha mãe amanheceu com forte dor de dente, devido à uma cárie. Depois de insistir com sua mãe, foi ao dentista. Lá na antessala do dentista, enquanto esperava para ser atendida, minha mãe conheceu meu pai.

Em outras palavras, existo graças a uma surra, e a uma dor de dente.

Há fatos em nossa vida que jamais entenderemos os motivos, mas um dia compreenderemo o propósito.

Aquela foi a última viagem que fiz com meu pai. Pouco tempo depois, ele faleceu.

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