"O negão ganhô!", foi a frase que ouvi dos lábios de Ivonete Rosa, senhora negra sexagenária que trabalha em nossa casa, e que viu meus filhos crescerem, ajudando-nos a criá-los como se fossem seus. Achei graça da maneira como ela falou. Quando percebeu meu constrangimento, ela se desculpou: - É que eu num sei falar o nome dele direito.
Pude ver no olhar cansado de Ivonete, o orgulho de ser membro de uma raça que acaba de ter um representante eleito para o posto mais poderoso do cenário político mundial. O termo "negão" poderia parecer carregado de preconceito se partisse dos lábios de um branco. Mas saindo dos lábios de Ivonete, soou tão bem, quase poético.
Mas minha alegria pelo contentamento de Ivonete foi ofuscada pela reação dissonante de muitos cristãos. Senti-me envergonhado! Enquanto o mundo festeja, alguns cristãos olham com desconfiança e receio a vitória de Obama. Será que se esqueceram da instrução bíblica de que deveríamos chorar com os que choram, mas também celebrar com os que celebram?
Talvez tal reação seja fruto da ignorância de muitos, que acham que a igreja cristã deve se manter às margens do processo histórico, assistindo a seus acontecimentos em busca de sinais da volta de Jesus, e nada mais. Prefiro buscar indícios do Reino de Deus, como justiça, paz e alegria, a viver obcecado com os sinais de Sua vinda.
Como eu poderia me furtar de celebrar assistindo às manifestações festivas em tribos africanas? Como eu poderia ficar indiferente às lágrimas do Rev. Jesse Jackson, que acompanhou de perto Martin Luther King, Jr. em seus momentos finais?
Jesus reclamou de Seus contemporâneos, acusando-os de apatia. Ele os comparou à crianças que não dançavam ao som da flauta que era tocada. Parece que a carapuça cairia bem nos crentes de hoje.
Pois é Ivonete, você está certa. O negão ganhô! Mas não foi só ele que ganhou. Todos ganhamos. A humanidade ganhou. A posteridade ganhou. E tudo por culpa de uma mulher igual a você, que também tinha "rosa" no nome, uma humilde costureira do Alabama, que em dezembro de 1955, corajosamente se negou a ceder seu assento no ônibus para um branco, rebelando-se contra uma lei injusta de segregação racial. Seu gesto foi o estopim que desencadeou a luta pelos direitos civis dos negros americanos.
A coragem daquela mulher negra comum foi que estimulou homens como Luther King a emprestar sua voz aos anseios do seu povo. Foi ele quem idealizou a marcha de um milhão, onde pronunciou o célebre sermão "I have a dream" (Eu tenho um sonho).
Entre as várias manifestações de alegria pela eleição de Obama, destaco a do rapper Jay-Z, que em um momento de lucidez poética, declarou:
"Rosa Parks tomou assento para que Martin Luther King pudesse marchar. Martin Luther King marchou para que Obama pudesse correr. E Obama correu para que pudéssemos voar!"
Depois da atitude de Rosa Parks, e da marcha de Luther King pelos direitos civis, agora foi a vez de um negro correr (em inglês, "run" também pode ser traduzido por "concorrer em uma eleição"), para que uma nova geração possa libertar-se e voar.
Louvo a Deus por viver nesses dias e acreditar que meus filhos e netos se beneficiarão de alguma maneira desta conquista.
E quanto àqueles que desconhecem a fé professada pelo primeiro presidente negro dos EUA, aí vai uma declaração dada por ele em uma entrevista à revista Christianity Today:
“Eu sou um cristão, e eu sou um cristão devoto. Eu acredito na morte e na ressurreição de Jesus Cristo. Eu acredito que essa fé me dá um trajeto limpo do pecado e acredito que tenho a vida eterna. Mas, mais importante ainda, eu acredito no exemplo de Jesus, que alimentou os que tinham fome, curou os doentes e sempre deu prioridade aos mais necessitados. Eu ‘não caí fora da igreja’ como muitos dizem, mas houve um despertar muito forte em mim da importância destes exemplos. Eu não quis andar sozinho nesta caminhada. Aceitar Jesus Cristo em minha vida foi o guia poderoso para minha conduta e meus valores e ideais”.
Longa vida a Barack Obama! E que ele jamais se esqueça que foi a luta iniciada por gente comum, que nunca freqüentou uma Universidade como Havard, que provocou um levante naquela nação, que culminou em sua eleição.
Gostei da materia de que Barack Obama
ResponderExcluiré cristão; pois a maioria da nossa população cristã, acredita veemente que Ele seja o massom.
sei que Ele tem principios cristõa,
gostaria de que mais pessoas acreditace assim.
Mais Ele esta tachado nos meio cristão, de que seja Ele, o homen que veio preparando o mundo, para o anticristo Que Deus nos proteja.