sexta-feira, setembro 05, 2008

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Aprendendo com as Estações da Vida

Gênesis 8:22
“Enquanto a terra durar, não deixará de haver sementeira e ceifa, frio e calor, verão e inverno, dia e noite.”

O Dilúvio havia chegado ao fim. Um arco-íris anunciava que Deus não desistira da criação. O caos vivenciado durante o tempo em que a Terra se viu coberta d’água, agora cedia lugar à ordem.

Há quem acredite que as estações só apareceram a partir do Dilúvio. Cientistas crêem que uma grande catástrofe, talvez a queda de um grande asteróide, provocou uma pequena inclinação no globo terrestre, e isso ocasionou o surgimento das estações. Há quem tente combinar as duas teorias, afirmando que foi a queda de tal astro que provocou tanto o Dilúvio quanto a inclinação do eixo da Terra.

Seja como for, as Estações foram estabelecidas por Deus. Originalmente, o homem identificava apenas duas estações: o Verão e o Inverno. Porém, aos poucos verificou-se que entre uma e outra estação, havia estações intermediárias. As temperaturas não se alteravam drasticamente, mas paulatinamente. Entre o Verão e o Inverno, encontramos o Outono. E entre o Inverno e o Verão, a Primavera.

De acordo com o discurso de Paulo em Listra, as estações são parte do testemunho de Deus manifesto através da criação. Deus “não deixou de dar testemunho de si mesmo. Ele mostrou misericórdia, dando-vos chuvas do céu, e colheita em sua própria estação, enchendo de mantimento e de alegria os corações” (At.14:17).

À luz disso, podemos inferir que há mensagens implícitas em cada estação do ano. Vamos, portanto, investigá-las em busca de tais mensagens, e saber como Deus requer que nos posicionemos.

Cada estação do ano requer de nós uma postura diferente. Ninguém sai agasalhado em pleno Verão! Da mesma forma, ninguém sai com poucas roupas durante o Inverno. Se o fizer, correrá o risco de pegar um resfriado, e até uma pneumonia.

Nossa vida com Deus também tem características sazonais. Cada fase requer que tomemos certas medidas, e nos posicionemos corretamente.

Outono

Do latim autumnu que significa “declínio”, “queda”. O Outono é a estação intermediária entre o Verão e o Inverno. Aos poucos a temperatura começa a cair. As árvores, antes exuberantes em sua folhagem, começam a ficar amareladas, até que suas folhas sucumbem ao soprar dos ventos cada vez mais frios.

Que mensagem de Deus encontramos implícita nessa estação?

A queda das folhas representa a vaidade e fugacidade da nossa vida. Nossa glória se esvai, nosso orgulho se sucumbe, e nada nos resta senão depender da misericórdia divina.

Em que poderia gloriar-se o homem? Em que poderia se estribar?

“Toda carne é como a erva, e toda a glória do homem como a flor da erva. Seca-se a erva, e cai a sua flor, mas a palavra do Senhor permanece para sempre” (1 Pe. 1:24-25a).

Cabe aqui a advertência de Deus: “Parai de confiar no homem, cujo fôlego está no seu nariz. Em que se deve ele estimar?” (Is.2:22).

O Evangelho
da auto-estima é uma anomalia doutrinária, completamente estranho ao espírito das Escrituras. O genuíno Evangelho da Graça é um golpe fatal na soberba humana, pois declara que o homem é incapaz de salvar-se a si mesmo. A salvação é pela Graça para que “ninguém se glorie” (Ef.2:8-9).

As árvores nuas
do Outono deveriam ser como um lembrete para nós. Toda sua robustez, vigor, exuberância, exibidas durante o Verão, perdem-se durante a estação da Queda.

Paulo compreendia perfeitamente tal verdade, a ponto de abrir mão de tudo o que poderia envaidecê-lo. Em sua epístola aos Filipenses, o apóstolo dos gentios faz uma breve apresentação de seu currículo:

“Circuncidado ao oitavo dia, da linhagem de Israel, da tribo de Benjamim, hebreu de hebreus; segundo a lei, fariseu; segundo o zelo, perseguidor da igreja; segundo a justiça que há na lei, irrepreensível. Mas o que para mim era lucro, considerei-o perda por causa de Cristo. E, na verdade, tenho também por perda todas as coisas, pela excelência do conhecimento de Cristo Jesus, meu Senhor, por quem sofri a perda de todas estas coisas, e as considero como refugo, para que possa ganhar a Cristo” (Fp. 3:5-8).

Paulo se viu como uma árvore que se desnuda ao sabor dos ventos. Nenhuma folha se lhe apegaria. Tudo de que ele poderia se orgulhar agora era considerado “perda total”. Já não importava sua origem étnica, seu pedigree religioso, sua reputação entre os patrícios, nem mesmo seu senso de justiça própria. Era como se ele rasgasse seu currículo em pedacinhos.

Há muitos que se vangloriam em um diploma universitário, em sua posição social, em suas aptidões profissionais, em seu sobrenome, e em tantas outras coisas. Pode-se até impressionar pessoas com isso, mas Deus não Se deixa impressionar com nossas vaidades. Se quisermos agradá-Lo em tudo, temos que nos humilhar debaixo de Suas potentes mãos, e reconhecer nossa bancarrota espiritual.

Há um episódio muito interessante e mal compreendido narrado no Evangelho, em que Jesus amaldiçoa uma figueira ao verificar que não tinha frutos para saciar Sua fome.

"Vendo de longe uma figueira que tinha folhas, foi ver se nela acharia alguma coisa. Aproximando-se dela, não achou senão folhas, porque não era tempo de figos. Então ele disse à figueira: Nunca jamais coma alguém fruto de ti” (Marcos 11:13-14a).

Ora, se não era tempo de frutos, por que Jesus foi tão exigente com aquela árvore? Se observarmos bem, verificaremos que a ênfase principal não é a ausência de frutos, mas a presença de folhas. Por duas vezes é dito que aquela árvore estava repleta de folhas, e apenas uma vez é dito que ela não tinha frutos.

Era necessário que a figueira perdesse todas as suas folhas, a fim de frutificar. Provavelmente ainda não era tempo de fruto, mas já era tempo de haver perdido a folhagem. A presença das folhas indicava que quando o tempo de frutificar chegasse, aquela árvore não daria frutos. Por isso, Jesus a amaldiçoou.

Jesus queria nos deixar uma lição. Se quisermos frutificar, temos que deixar nossa folhagem cair. Só haverá Primavera (tempo de florescer) e Verão (tempo de plantar),e se houver Outono (tempo de perder as folhas e frutificar).

As folhas não se soltam e caem por si mesmas. É o vento que as derruba. O frio as faz perder o viçosidade, o vigor. Mas é a força do vento que as derruba. De igual maneira, é o Espírito Santo, que uma vez soprado sobre nós, faz esvanecer nossa vaidade, e cair nossa arrogância. Em vez de depender de nosso preparo, de nossas obras, passamos a nos valer inteiramente da Graça, e a depender totalmente da provisão de Deus em Cristo.

A esta altura, alguém pode estar perguntando: Ora, se não devo me valer de meu preparo intelectual, então, qual a necessidade de gastar cinco anos em uma faculdade? Pra quê boas obras, se não devo me fiar nelas? Pra quê tanto esforço em vão?

Precisamos enxergar as coisas na perspectiva certa. Mesmo não sendo salvos pelas as obras, somos salvos “para as boas obras” (Ef.2:10). Só não podemos colocar os carros na frente dos bois. Na perspectiva de Paulo, aquilo no qual ele poderia se gloria, tornara-se “refugo”. No texto original, podemos traduzir a palavra grega skybalon por adubo.

A queda das folhas provê o adubo que vai preparar a terra para frutificar. Antes que a agricultura fosse desenvolvida pelo homem, a natureza desenvolveu uma maneira de se auto-perpetuar. Não havia ninguém para adubar a terra, e assim, provê nutrientes para o crescimento saudável da vegetação. Então, através da decomposição das folhas que caíam, o solo recebia o adubo necessário.

Paulo está dizendo que aquilo em que poderia se gloriar, deveria ser colocado no chão, para que se tornasse adubo, e assim, lhe ajudasse a frutificar.

O lugar de nossa glória é o chão! O livro de Jó fala sobre deitar nosso ouro no chão (Jó 22:24-27). O Apocalipse nos apresenta vinte quatro anciãos que depositavam suas coroas no chão, aos pés do Cordeiro (Ap.4:10). O chão representa nossa dependência de Deus, nosso auto-aviltamento, nossa humildade. Seria por isso, que os crentes primitivos colocavam suas ofertas aos pés dos apóstolos?

Tudo o que temos e somos pode ser bênção, como também pode ser um empecilho em nossa comunhão com Deus; vai depender da perspectiva com que nos relacionarmos com isso.

Soltemos nossas folhas, e as deixemos ao sabor do vento.

Algumas delas cairão junto às nossas raízes, e ali ficarão até se decomporem. Outras, porém, serão espalhadas pelo vento, e se tornarão adubo para outras árvores. E assim, aprenderemos a depender uns dos outros, e principalmente, de Deus. Muitos são os canais pelos quais nos vem a provisão, mas a fonte é uma só: DEUS.


* Esta mensagem é parte da Série "As Estações da Fé", que está sendo ministrada na REINA - Igreja do Futuro. A próxima mensagem será ministrada domingo, dia 7 de Setembro, às 8:30h., na Rua Piratini, 75, em frente à Quadra da Escola de Samba Grande Rio, Centro de Duque de Caxias, RJ.

Um comentário:

  1. Anônimo3:36 PM

    As estações lembram momentos transitórios dentro de um todo cíclico. O amadurecimento espiritual humano está condicionado às estações frias e quentes. Estações de perdas e estações de ganhos, perdas e ganhos, humanos e espirituais.
    Quando o homem engravida-se com sementes espirituais, o amor fraternal floresce no seu Ser e o outro ganha significado próprio nas posses do Ser que ama e circula numa comunidade fraterna.
    A estação da colheita é abundante nas comunidades grávidas de Seres fraternos.

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