segunda-feira, julho 01, 2019

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Uma breve viagem no tempo no Terminal do Tietê



Por Hermes C. Fernandes

Estou na rodoviária do Tietê em SP aguardando o ônibus que me levará de volta ao Rio. De repente, fui tomado de nostalgia e comecei a fazer um balanço da minha vida e ministério. Há 20 anos eu pegava o último ônibus para o Rio semanalmente após o trabalho de discipulado que fazia com jogadores de futebol em São Paulo. Apesar de ser bem mais jovem à época, confesso que era um tanto quanto cansativo, mas posso garantir que valia a pena. Eu já era pastor há 12 anos!

Cada época do meu ministério seguiu um ritmo diferente. Nos primeiros dez anos, cheguei a pregar até 15 vezes por semana, além de conduzir programas diários de rádios e semanais de TV. Não parava em casa! Respirava igreja. Sem férias. Sem folga fixa.

Em 1993, com apenas 7 anos de ministério, tive minha primeira estafa acompanhada de uma enfermidade que me deixou sem andar por vários meses. Irrequieto, não me entreguei. Aproveitei o momento de molho para escrever meu primeiro livro. Em 1996 recebi a revelação da graça. Perdi tudo. Fui convidado a deixar o ministério a que pertencia. Comecei do zero numa igrejinha em Marechal Hermes, tendo que sustentar três filhos pequenos, sendo uma especial. Em 1999 fundei a Comunidade do Trono da Graça. Em abril de 2001, estava eu vindo do Rio para SP fazer o trabalho com os jogadores, quando o Espírito Santo falou diretamente ao meu coração que levaria meu pai, e que eu seria convidado a regressar à sua igreja para liderá-la. Na madrugada seguinte, por volta das 4h, voltando de SP para o Rio neste mesmo ônibus no qualquer acabo de embarcar, acordei assustado sentindo uma sensação horrível de morte. Naquele exato momento, Deus estava recolhendo meu saudoso pai. Tudo o que o Senhor me havia dito no dia anterior, veio a se cumprir literalmente. Aliás, 1996, numa viagem a Atlanta, nos EUA, Deus já havia usado os lábios de alguém que não me conhecia para dizer que tudo aquilo aconteceria. À frente do ministério iniciado por meu pai, comecei a me dedicar mais a escrever. Passei a pregar menos, cerca de seis vezes por semana, mas a escrever mais. Lancei alguns livros.

Em 2008, sofri uma traição por parte de um dos pastores em quem mais confiava. Deixou-me dívidas e levou-me a igreja que eu havia fundado em 1999.

Abriu-se tão grande ferida em meu peito, que por muitos anos sangrou. No início de 2009 mudei-me para os EUA com a família. Estava decidido que acompanharia de mais perto o crescimento dos meus filhos que já adentravam a adolescência. Passei a trabalhar em casa. De lá, pregava via Skype para o Brasil. Produzia vídeos de mensagens para o YouTube. Foi aí que descobri pra valer as redes sociais. Dediquei-me a escrever em meu blog diariamente. Quando voltei ao Brasil em meados de 2011, já havia alcançado certa visibilidade através do meu trabalho nas redes sociais. Passei a ser figurinha presente em debates na rádio e na TV devido a posicionamentos considerados controversos. Recebi muitos convites para pregar pelo Brasil e mundo afora.

Nunca deixei de trabalhar. Nunca explorei a fé de ninguém. Se o fizesse, talvez estivesse rico.

Há um ano fui acometido por uma inflamação do nervo ciático que quase me deixa paralítico. Cheguei a ficar sem andar. Passei a pregar duas vezes por semana, mesmo sentado. Mas intensifiquei meu trabalho nas redes e através da escrita. Um ano atrás, meus livros totalizavam 28 títulos. Hoje são 52. Fiz em um ano quase o que fiz a vida inteira desde que comecei a escrever em 1993. Obviamente que esses novos títulos ainda não estão todos disponíveis. Alguns estão à venda em plataformas digitais como o Amazon por preços módicos. Não escrevo para ganhar dinheiro, mas para compartilhar conhecimento e experiências.

Tenho dedicado os últimos meses a fazer uma das coisas que mais amo: escrever. Muitas vezes fico até às 4 da manhã registrando minhas percepções acerca de vários temas que considero pertinente.

Não sei o que o futuro me reserva. Os filhos cresceram. As coisas mudaram. Os dias são outros. A única coisa que não muda é meu desejo de dedicar minha existência à construção de um legado que abençoe a muitas gerações depois que eu partir.

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