Por Hermes C. Fernandes
Desconheço a razão pela qual apelidou-se a operação de Lava-jato. Mas começo a achar que não haveria nome mais sugestivo que esse para designar uma operação que mais parece uma ducha rápida daquelas dadas em postos de gasolina. O carro sai com a lataria tinindo, passando a impressão de estar limpo, porém, o seu interior continua tão sujo quanto antes. Não, amigos! Não é de uma ducha “me engana que eu gosto” que o Brasil precisa. Por mais que tenha higienizado o exterior das instituições, prendendo corruptos e corruptoras, suas engrenagens seguem imundas. Trocam-se os atores, mas o enredo permanece o mesmo.
Precisamos é de uma lavagem completa com direito a uma aspiração profunda nos poderes, inclusive, e sobretudo, no judiciário.
Precisamos de uma reforma política mesmo antes de qualquer outra , por mais urgente que tentem nos fazer acreditar que seja.
Precisamos mais que isso! Urge calibrar os pneus dos poderes de modo que um não interfira no outro, mas lhe dê a devida estabilidade e sustentação. Precisamos trocar o óleo do motor da democracia, antes que o motor bata e a gente acabe guinchados por uma ditadura qualquer. O atual já deu o que tinha que dar; está queimado e sem viscosidade.
Os que ocupam o legislativo já não representam nossos reais anseios. Tanto o executivo, quanto o legislativo são reféns dos interesses de quem bancou suas campanhas.
Precisamos de uma boa carga na bateria da credibilidade. Para que o povo volte a acreditar nas instituições e na classe política, faz-se necessária uma justiça imparcial, que não privilegie a uns enquanto persegue a outros. Quem age assim não está honrando sua magistratura, merecendo o mesmo fim que deu aos corruptos que prendeu.
Por fim, precisamos de uma igreja que se perceba como limpadores de para-brisa, cuja finalidade é garantir plena visibilidade a quem dirige o carro: o povo. Enquanto a igreja acreditar que é volante, o carro seguirá derrapando na pista, correndo o risco de se precipitar despenhadeiro abaixo.
Pastores, vocês não têm procuração para pensar pelo povo. Vocês são as palhetas dos limpadores de para-brisa. Larguem o volante! Deixem que seu povo exerça cabalmente a sua cidadania. Estimulem o livre pensamento. Seu papel é manter o para-brisa limpo para que pessoas decidam por si mesmas que direção tomar.
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