Por Hermes C. Fernandes
O tema da prova de redação do ENEM este ano não poderia ser mais atual e pertinente: "Caminhos para combater a intolerância religiosa". Apesar disso, o anúncio do tema provocou polêmica nas redes sociais. Enquanto muitos elogiavam a escolha, outros a criticavam duramente. Muitos evangélicos se sentirem desconfortáveis em terem que abordá-lo, haja vista a postura adotada por algumas das mais proeminentes lideranças evangélicas.
O caminho da tolerância passa pela admissão de que ninguém é detentor do monopólio da verdade. Só deve ser tolerante quem tem consciência de que a perfeição não é um dos seus atributos. Caso contrário, estaremos incorrendo no erro eloquentemente denunciado por Jesus:
“Como você pode dizer ao seu irmão: ‘Irmão, deixe-me tirar o cisco do seu olho’, se você mesmo não consegue ver a viga que está em seu próprio olho? Hipócrita, tire primeiro a viga do seu olho, e então você verá claramente para tirar o cisco do olho do seu irmão.” Lucas 6:42
Todos temos virtudes e defeitos, independentemente da fé que professamos. Nem mesmo nossa religião está imune a isso. Basta uma rápida incursão pela história de cada igreja ou credo para verificar quantos erros foram cometidos em nome da fé.
Veja, por exemplo, o caso da Santa Inquisição que pesa sobre os ombros da Igreja Católica, em que milhares de pessoas foram condenadas, torturadas e executadas, acusadas de heresia ou bruxaria, num dos capítulos mais tenebrosos da história recente da civilização. Todavia, ela está longe de ser o único caso de intolerância religiosa da chamada Época Moderna. Augusto Comte, o pai do positivismo, conta em seu livro Filosofia Positiva que “a intolerância do protestantismo certamente não foi menos tirânica do que aquela com que o catolicismo é muito difamado”.[1] “Os próprios reformadores... isto é, Lutero, Beza, e especialmente Calvino, eram intolerantes aos dissidentes tanto quantos aos católicos Romanos.”[2]
Martinho Lutero, o tão celebrado reformador alemão, promoveu a perseguição aos anabatistas, ala mais radical da Reforma, por discordarem, dentre outras coisas, do método usado no batismo. Por conta disso, milhares de pessoas foram encarceradas, torturadas e executadas. O reformador também fazia duras críticas aos judeus e seus escritos acabaram sendo usados pelos nazistas como justificativa ao seu antissemitismo responsável pela morte de seis milhões de judeus durante a Segunda Guerra Mundial. Deve-se salientar, entretanto, que próximo do fim de sua vida, Lutero retornou ao seu sentimento inicial de tolerância. Em seu último sermão ele aconselhou o abandono de todas as tentativas de destruir a heresia por força.[3]
João Calvino, o reformador suíço, instaurou em Genebra a Venerável Companhia, responsável pelo magistério e o Consistério, responsável pela disciplina religiosa. Em seu ardoroso zelo, Calvino promovia confissões, denúncias, espionagens, visitas às residências, levando muitos à prisão, à tortura e, em alguns casos, até a morte. Durante o tempo em que governou Genebra, a população era proibida de cultivar hábitos considerados nocivos como jogos, dança e teatro. Dentre as vítimas da intolerância de Calvino, destaca-se o médico Miguel Serveto, queimado por causa de suas proposições consideradas heréticas. Em apenas quatro anos de governo (1542-1546), 58 pessoas foram condenadas à morte por heresia.[4]
O que mais nos causa ojeriza quanto às perseguições protestantes é o fato de serem incompatíveis com uma das doutrinas fundamentais do Protestantismo: o livre exame das Escrituras. É, no mínimo, contraditório defender o direito de se interpretar a Bíblica de acordo com a sua consciência, e em seguida, torturar e matar alguém por ter feito justamente isso.
Quem conhece a dor de ser perseguido, não tem o direito de perseguir. Os puritanos que fugiram da Inglaterra por causa da perseguição sofrida por parte da Coroa, exportaram para as colônias que fundaram nos Estados Unidos o mesmo espírito persecutório. O que pode ser atestado em episódios como o das “bruxas de Salem”, ocorrido em Massachusetts no final do século XVII, quando várias adolescentes foram executadas sob a acusação de praticarem feitiçaria, invocando espíritos quando reunidas ao redor de uma fogueira. “O que é surpreendente é o fato de que, após essas experiências, esses fugitivos não aprenderam a lição de tolerância, e não concederam aos que eram diferentes... liberdade... Quando eles se encontraram em uma posição para perseguir, eles tentaram superar o que haviam sofrido.”[15] Entre os grupos vítimas da intolerância deles estavam os Quakers. Um membro desta “Sociedade dos Amigos” poderia sofrer a perda de uma orelha, e depois, a outra, além de ter a ponta da língua queimada a ferro quente, e às vezes, a morte.
De acordo com o teólogo metodista Georgia Harkness, “muitas vezes, a resistência à tirania e à procura de liberdade religiosa são combinadas, como na revolução puritana na Inglaterra; e os vencedores, tendo alcançado a supremacia, em seguida, criam uma nova tirania e uma nova intolerância.” [6] Incrivelmente, os Quakers foram uma exceção à regra. William Penn, fundador do Quakerismo, também fugiu para a América devido à perseguição religiosa, onde fundou uma colônia tolerante que hoje é o estado da Pensilvânia. Os Quarkers tem um honrado histórico de tolerância, e estiveram na vanguarda do movimento de abolição da escravidão na América no século XIX.
As religiões tendem a se reinventar, tornando-se moderadas e tolerantes. Porém, não podemos fazer vista grossa quanto à possibilidade de que sempre haja alas mais radicais, geralmente saudosistas de um tempo considerado áureo. É assim no cristianismo, tanto católico quanto protestante, e é assim no islamismo.
Todos temos telhado de vidro! Não se esqueça disso.
Toda religião tem um histórico de perseguição, seja sofrida ou impingida. Em maior ou menor grau, todas guardam em seus anais episódios de intolerância. Se não quisermos retroalimentar o ciclo, resta-nos perdoar as perseguições sofridas e nos arrepender das perseguições impingidas.
Enquanto houver o menor vestígio de intolerância, seja em nosso discurso ou em nossa postura, servirá de munição para aqueles que fazem do ódio a sua bandeira. Pequenos gestos de intolerância são um chamariz para os intolerantes. Semelhantemente, pequenos gestos de gentileza e cordialidade podem desarmar espíritos, fazendo prevalecer o respeito, e, sobretudo, o amor.
[1] COMTE, Augusto, Philosophie Positive, IV, 51.
[2] Dicionário da Igreja Cristã de Oxford, Referência 1383.
[3] DURANT, Will (S), The Reformation, (volume 6 of 10-volume The Story of Civilization, 1967), Nova York: Simon & Schuster, 1957, págs. 420-430.
[4] Ibidem, pág. 473.
[5] STODDARD, John L., Rebuilding a Lost Faith, Nova York: P.J. Kenedy & Sons, 1922, pág. 207.
6] HARKNESS, Georgia (P), John Calvin: The Man and His Ethics, New York: Abingdon Press, 1931, pág. 222.
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O Brasil é um país recém saído do catolicismo. A primeira vez que o protestantismo foi livre ocorreu na CF de 1891. Por isso digo que a Reforma Protestante no Brasil é fruto do Estado Laico. Voltar-se contra ele é cuspir no prato que comeu. A partir dessa data,as únicas denominações permitidas eram as históricas: Luterana, Anglicana, Presbiteriana, Batista, Congregacional e Metodista. Por quê? Porque eram denominações dos países que Brasil e Portugal mais deviam dinheiro:Inglaterra e,mais tarde, Alemanha!!! Essas denominações só eram frequentadas pelas pessoas imigrantes de seus países. Só havia brasileiros(com raras exceções,como em Petrópolis-RJ)após a Proclamação da República. Mas a permissividade do protestantismo no Brasil imperial deveu-se a isso: Em prol da divida brasileira. O catolicismo sempre foi muito místico(só perde para a Igreja Copta do Egito,que é ortodoxa), e sempre que vinham Igrejas Históricas para uma cidade do interior,o prefeito se juntava aos padres para vetar a população de frequentá-la. Até hoje o protestantismo histórico tem fama de ateu em sites católicos. O autor de livro que mais leio é um padre suíço chamado Hans Küng. Muitos protestantes iam gostar de lê-lo. Ele fala sobre o concilio vaticano II, a segregação umbandista nas Américas, casamento de padres e ministério de mulheres. Hoje,as denominações que mais padecem perseguição são as pentecostais,mas é merecido. Herdaram aquele xiitismo tupinambá do sul dos EUA, onde combatia tudo que dizia da terra não ter 6500 anos,por exemplo. Essa é a herança de Silas Malafaia. Esse ramo nem foi perseguido por catolicos,mas pela sociedade civil em geral. Católicos fanáticos estão aliados a eles. Por isso que se vê a aliança imbecil,formada por Silas, Pe. Paulo Ricardo e o guru Olavo de Carvalho. Juntos formam a tríade do Reino de Nárnia. Mas isso já é outra história. Existe sim, uma discriminação contra religiões afros no Brasil, mas esta também tem os dias contados. Era pior, tal qual o protestantismo era no passado. Mas uma era de multiculturalismo avança pelo planeta.
ResponderExcluir"Tolerância religiosa irrestrita é impossível. Se algum país no mundo estabelecesse tolerância irrestrita, o resultado seria a anarquia completa. Há religiões que praticam canibalismo, sacrifícios humanos, poligamia, prostituição ritual, etc.. Se todas fossem toleradas, isso significaria a abolição de toda ideia de crime. Nos EUA, um mórmon alegou que o estado não poderia prejudicar sua fé ao proibi-lo de casar com várias mulheres, porque o mormonismo permite a poligamia. O resultado seria o caos. - Leia Rushdoony.
ResponderExcluirUma das causas da burrice ocidental nesse sentido é o trabalho fraudulento de etnólogos do passado, que desejavam fechar os olhos para as diferenças profundas entre as diversas religiões a fim de procurar nelas somente um "denominador comum" com mensagens de paz e união. Isso é uma farsa evidente. Eles não queriam conhecer as religiões, mas enfiá-las a todo custo dentro de seus ideais humanistas e universalistas. O mundo antigo não conhecia discriminação por raça, mas por religião, por uma razão simples: cada religião tem uma lei própria. Outra causa é o politicamente correto dos nossos dias, que prega a mentira sistemática a fim de que as pessoas não vejam os problemas reais de outras tradições para evitar qualquer forma de julgamento. O relativismo surge como um vírus para corroer as defesas do Ocidente, fazendo parecer que todas as religiões podem ser toleradas, mas que na prática não tolera religião alguma, tendo sempre que deformá-las dentro de seu próprio credo relativista e humanista." - Vitor Barreto
Não à intolerância religiosa:
ResponderExcluirhttps://www.facebook.com/nadefesadacristandade/photos/a.699319406751199.1073741828.697148403634966/1477948175554981/?type=3&theater
Não a intolerância religiosa:
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Modelo de redação nota 1000 no ENEM:
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Esses intolerantes:
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Primeiramente, a esquerda mente (pra rimar usei mente, mas a esquerda é repugnante, poderia ter usado adjetivos bem piores se não fosse rimar, e se eu não fosse educado)
ResponderExcluirhttps://www.facebook.com/AntiPetismo/photos/a.309253342549127.1073741828.297664417041353/791363577671432/?type=3&theater
Não a intolerância religiosa!
ResponderExcluirhttps://medium.com/@jonabsfx/a-intoler%C3%A2ncia-sistem%C3%A1tica-anticrist%C3%A3-638a5f5cb984#.durzzefc7
"INTOLERÂNCIA RELIGIOSA
ResponderExcluirMinha família é cristã. Na época da escola, os colegas me zoavam porque eu nunca tinha beijado ninguém na boca. Na faculdade, os colegas me zoavam porque eu era noiva e queria casar virgem. Na local de trabalho, os colegas zoam quando eu digo que existe "casamento casto", "perdão para o adultério" e valor na "submissão da mulher". Se você agir com desprezo pelas coisas mundanas -- dinheiro, status, concupiscência dos olhos e da carne -- e afirmar com convicção a esperança na vida eterna, eles te respondem com um tosco e pueril "você é burra, prefiro curtir a vida"! Na Universidade Pública que estudei, na capital, os alunos picharam o Centro Acadêmico do MEU curso com frases como "Satã Reina" e "o Amarildo está em baixo da saia do Papa". Na porta, Latuff foi contratado para desenhar uma peluda feminazi pisoteando a Cruz. Quando eu fazia uma oração antes de prestar uma prova ou agradecia a Deus pelo alimento antes de comê-lo, o povinho ficava todo ouriçado ao redor. Se você começar a propagar com literalidade e firmeza o conteúdo da fé cristã, uma cambada vai te perseguir e tentar te processar por tudo e qualquer coisa. Para conseguir média numa das disciplinas que cursei, foi-me imposto apresentar o livro "Eunucos pelo Reino de Deus" e expor o "Pensamento Misógino da Igreja" durante as aulas. Noutra ocasião, a professora pisou na imagem do Papa que estava estampada num jornal local durante a aula. Ainda, uma professora feminista abandonou meu projeto de mestrado pelo seguinte motivo: "as concepções pessoais da acadêmica ferem a disciplina que ministro". Alguns colegas destruíram a Árvore de Natal que enfeitava o pátio da Universidade e jogaram as imagens de José, de Maria e do Menino Jesus -- que estavam no presépio -- num latão escrito "Mije aqui". Isso tudo diante do fato de estarmos num país "livre e democrático".
Mas o mais relevante é isto: nada do que temos passado aqui se compara com o que nossos irmãos têm passado no Oriente. Prisão, tortura, execução e humilhação pública constante. Não existe povo mais perseguido que a Nação da Cruz e é por isso que vamos triunfar. O fogo refina o ouro e o sangue dos mártires é a semente da Igreja. Nosso Deus não é Bob Marley do Paz e Amor, Nosso Deus é o Senhor dos Exércitos e não estamos aqui para brincadeira." - Ana
"Resposta esperada pelo MEC:
ResponderExcluir1. Acusar os evangélicos de intolerantes
2. Responsabilizar o Cristianismo por incentivar a liderança masculina, capitalismo, família nuclear tradicional, relação conjugal heteronormativa complementarista (marido e esposa), criação de filhos, responsabilidade individual, liberdade individual etc.
3. Exaltar as religiões afros como expressão cultural em detrimento da fé católica e evangélica no Brasil.
4. Falar mal dos políticos evangélicos
Ou seja, o Ministério da Educação Marxista incentivará a intolerância na redação. Nada diferente da surrada 'jogar uns contra os outros'." - Rev. Gaspar de Souza
A redação do Enem vem para alertar-nos dos caminhos perigosos por onde anda nossa nação. Depois de 14 anos de PT e mais alguns de doutrinação nas universidades do país e nas escolas públicas, hoje vemos estudantes adolescentes submetidos a discorrer sobre um tema cujo enunciado já começa falacioso. No Brasil de hoje reina a ideia de que o bom governo deve liberar as pessoas das restrições preconceituosas da moralidade religiosa, que a religião é a propagadora dos preconceitos e da violência contra os mais fracos. Na verdade, essas máximas são mantras repetidos para os jovens, enquanto privam suas jovens mentes do verdadeiro conhecimento histórico e cultural do nosso povo. Qualquer um que tenha um mínimo de conhecimento sabe que o Cristianismo é, historicamente, o defensor mais fiel da liberdade humana. Sobre ele surgiram grandes e poderosas nações. Por causa dele, tiranos foram depostos, não pela força, mas pela resistência sábia dos seus seguidores. Impérios foram desfeitos e o sangue dos cristãos derramado na terra foi o fertilizante para que nós hoje estivéssemos aqui, celebrando a liberdade...
ResponderExcluirhttp://www.femininamulher.com.br/2016/11/caminhos-para-combater-intolerancia.html
"E você que não perde tempo de falar mal do cristianismo sim e chama todos os cristãos de alienados e burros, você se citou na sua redação?" - Taty Rebouças
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