Por Hermes C. Fernandes
Se o túmulo de Cristo ficou vazio, então, Deus aceitou Sua
oferta pelo pecado, e estamos livres. Mas se a Cruz estiver vazia, nosso velho homem
escapou ileso, e, portanto, ainda vivemos sob a égide do pecado.
A Cruz é eterna! E a prova disso é que as Escrituras nos informam que o
Cordeiro foi morto desde antes da fundação do mundo.[1] Há uma cruz histórica
ocorrida na plenitude dos tempos, e que nada mais é do que a manifestação de
uma cruz meta-histórica, ocorrida fora do tempo e do espaço.
O que acontece na eternidade não tem começo nem fim.
Nesse sentido, a cruz é coexistente com Deus. Desde que há Deus, também há
Cruz. Por isso, quando o céu se descortina diante dos olhos de João, o
trono que se vê é ocupado por um cordeiro "como
que houvesse sido morto".[2]
Ele ressuscitou! Porém, Seu sacrifício não durou apenas
seis horas. As mãos que criaram o Universo foram mãos crucificadas. Aos
olhos de Deus, tanto o trono, quanto a Cruz, estarão sempre ocupados por Jesus.
Enquanto esteve na cruz histórica, o trono não
ficou vago. E enquanto ocupa Seu trono de glória, a Cruz não está vazia. Nisso
reside nossa salvação. Se Jesus houvesse descido dessa Cruz
meta-histórica, não haveria razão para que Paulo declarasse: "Estou crucificado com
Cristo"[3]. Ele não disse que havia sido
crucificado, no passado. Ele disse que estava, naquele momento, crucificado com
Cristo. Portanto, Cristo continuava na Cruz, e Paulo com Ele. Se Ele desce da
Cruz, nosso velho homem escapa.
O sepulcro, porém, está vazio. O sepultamento de Jesus
é um fato histórico, porém, não meta-histórico. Sua ressurreição também é
histórica. Mas Sua Cruz vem antes de todos os antes, e será sempre viva depois
de todos os depois. Por isso, no dizer de Paulo, o Cristo que pregamos é o
CRUCIFICADO e não o ex-crucificado.
Engana-se quem imagina que a Cruz foi a vergonha que só foi sublimada pela glória da Ressurreição. Não! Jamais houve manifestação maior da glória de Deus do que a revelada no Gólgota. Foi aquela glória que Ele desejou, ao pedir que o Pai lhe restituísse a glória que recebera antes que houvesse mundo,[4] posto que o Cordeiro foi morto antes da fundação do mundo.
As mãos que mantém as órbitas planetárias ainda
exibem as cicatrizes. Sob a coroa de glória que há em sua cabeça ainda se vê as
marcas deixadas pelos espinhos. O resplendor dos Seus pés é incapaz de
disfarçar as feridas feitas pelos cravos. Embora tenham sido feitas num
determinado tempo, tais feridas adentraram a eternidade e por isso, tornaram-se
co-eternas em Deus. Se fôssemos capazes de retroceder no tempo, e
reencontrássemos o Criador caminhando com Adão pelo Jardim, certamente veríamos
as marcas. Ele as exibe como troféus, prova do Seu grande e incompreendido amor
por Sua criação.
Num certo sentido, pode-se dizer que nem o túmulo, ou mesmo
a manjedoura que ocupou ao nascer, ficaram vazios. Aliás, nada do que Ele
ocupou ficou vazio novamente. Permita-me explicar: Um dos atributos divinos é a
Onipresença. Geralmente, entendemos a Onipresença como um atributo espacial.
Ser Onipresente é estar em todos os lugares. Mas como tempo e espaço são duas
facetas de uma mesma dimensão, logo, para que esteja em todos os lugares, Ele
também teria que estar em todos os tempos. Nenhum lugar por onde Ele tenha
passado historicamente ficou vazio. Ele sacralizou cada espaço e eternizou cada
momento.
Aquele que é chamado "Pai da Eternidade"[5] eternizou o que era fugaz
e efêmero e sacralizou o que era secular e profano.
As implicações disso são amplas e profundas. Ao viver cada etapa do
desenvolvimento humano, por exemplo, Ele igualmente o eternizou, e assim, Ele
segue sendo o Deus-Menino, bem como o Deus-Adolescente, o Deus-Jovem, o
Deus-Homem. Tudo quanto Ele foi dentro do tempo e do espaço, Ele segue sendo na
Eternidade, porque n'Ele não há mudança, nem sombra de variação.[6]
Ao ocupar Seu trono de glória, elevado sobre tudo e
todos, Ele preenche todas as coisas, no passado, no presente e no futuro. Nem
mesmo o futuro do pretérito, ou qualquer realidade paralela, escapa-lhe o
domínio.
[1] 1 Pedro 1:20; Apocalipse 13:8
[2] Apocalipse
5:6
[3]
Gálatas 2:20
[4]
João 17:5
[5] Isaías 9:6
[6] Hebreus 13:8;
Tiago 1:17
Muito bom e edificante. Parabéns pela postagem.
ResponderExcluirGrande abraço!
Rev. Marcos André Marques
Não entendi, sinceramente :| Jesus foi crucificando "sempre"? Onde? Por quem?
ResponderExcluirÉ isto! Estou esperando respostas, mesmo porque os comentários postados,´consistem apenas em aplausos. Os que confrontam são literalmente elimidados, assim se mantêm o Status do autor. Oh! Tristeza!
ExcluirAs Escrituras afirmam que o Cordeiro foi morto desde antes da fundação do mundo. A cruz, antes de ser um evento histórico, é um evento meta-histórico, isto é, transcende a linha temporal. Historicamente, Ele foi crucificado sob Pôncios Pilatos, porém, aos olhos de Deus, a cruz é eterna. Isto é, desde que Deus decidiu criar todas as coisas, já estava decretado que na plenitude dos tempos, Jesus Se entregaria pela criação.
ExcluirComentei lá no Genizah tambem.
ResponderExcluirPaz pra ti, belo texto.
A Paz no Senhor Jesus.
ResponderExcluirMaravilhoso texto, "simples" e rico em detalhes tão significantes, melhor dizer edificantes.
Quero agradecer pela visita em meu blog, muito obrigado, eu estou sempre visitando aqui, pois com certeza, vale muito a pena.
Mais uma vez parabéns pelo blog, uma benção.
Deus o abençoe,sempre.
Tânia Regina
Concordo com quase tudo, mas eu prego o Cristo Ressussitado e não o crucificado... Eu pertenço a outro, ao Ressureto!
ResponderExcluirDeus abençoe
A cruz também está vazia.
ResponderExcluirCristo é o nosso advogado, sentado eternamente à direita de Deus.
O fato do cordeiro ter sido morto antes da fundação do mundo se explica pelo Princípio Emanuel. Uma das pessoas divinas desejou um Povo para si, ser um com esse Povo, habitar no meio desse povo. As demais pessoas da Trindade, por amor, se submeteram a este desejo, concordaram e, por amor, o colocaram em prática. A segunda pessoa da trindade, Deus, o Filho, por amor, sabia que morreria e que com sua morte resgataria pessoas para Deus, o Pai.
Qualquer bom livro de teologia e de alianças bíblicas ensinam isto.
Jesus é o cordeiro, mas também é o leão.
A cruz e a sepultura estão vazias. Tirado da cruz por mãos humanas, tirado da sepultura por mãos divinas.
O que permanece em Cristo são as marcas da cruz.
Não é a Cruz que é um evento meta-histórico, sim o Crucificado, Jesus o Messias, ontem, hoje e eternamente, conforme Hebreus 13.7-9: "Lembrai-vos dos vossos líderes, que vos ensinaram a Palavra de Deus; observando-lhes atentamente o resultado da vida que tiveram, imitai-lhes a fé. Jesus Cristo é o mesmo, ontem, hoje e eternamente! Não vos deixes influenciar pelas várias doutrinas heréticas. Porque o mais importante é fortalecer o coração pela graça, e não por alimentos cerimoniais, os quais não podem produzir qualquer benefício real para aqueles que neles confiam."
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