segunda-feira, setembro 20, 2010
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Tradicionalmente, a teologia sistemática divide as matérias do seu conteúdo em unidades estanques. Tal divisão é feita com uma intenção didática, que pode ser boa. Na prática, porém, há alguns problemas. Um deles tem a ver com o uso que se faz da Bíblia. Ao se separar um capítulo, procura-se ajuntar os textos que falam sobre aquele tema. Só que os autores bíblicos não tinham essa preocupação. Em vez disso, escreviam com uma liberdade impressionante, e não raro combinavam temas que, séculos mais tarde, foram separados por teólogos no esforço de sistematizar o ensino bíblico. Um exemplo é o que a Bíblia fala sobre a criação, a salvação e a escatologia. Ela não trata de tais temas isoladamente.
Na tradição evangélica, o tema da criação, por exemplo, tem sido abordado apenas na perspectiva de uma discussão apologética antievolucionista. Se isso acontece, perde-se muita coisa. Biblicamente, a criação é a base da salvação. O problema é que, com séculos de influência platônica, muitos cristãos pensam que a salvação é só da “alma”, enquanto a Bíblia aponta para uma salvação integral. O texto de 1 Pedro 1.9 traz a expressão “salvação da alma”, tanto nas versões protestantes como nas católicas. É uma pena que quase todas as editoras bíblicas tenham optado por traduzir o grego “psychon” por “almas”, que dá a ideia de uma substância imaterial separada do corpo. A melhor tradução seria “vidas”, isto é, a totalidade da existência, o que inclui o corpo e tudo que faz com que o ser humano seja humano.
Em Romanos 8.19-24, Paulo fala da expectativa quanto à plenitude da salvação, esperança compartilhada pelos seres humanos e pela própria natureza. Pedro (2Pe 3.13) fala do futuro do cosmos em termos de “novos céus e nova terra”, linguagem extraída de Isaías 65.17. E Apocalipse também fala de “novo céu e nova terra”, lugar da habitação de Deus com seu povo. É surpreendente que, nos capítulos finais da revelação de Deus, não se fala de “almas” que sobem para um “céu”, mas da nova Jerusalém que desce do céu à terra. Será a concretização da salvação. “Creio na ressurreição do corpo” -- é preciso resgatar a linguagem do Credo Apostólico. É oportuno lembrar a expressão que já se tornou clássica em estudos teológicos, criada pelo teólogo alemão Pannenberg: a ressurreição de Jesus é um evento proléptico, isto é, que antecipa o futuro. Se quisermos saber como será o amanhã, basta olhar para o ontem: ontem Jesus ressuscitou; amanhã ressuscitaremos. E em totalidade, corpo e alma, junto com a criação, serviremos ao Senhor.
O pensamento bíblico unifica o passado (a criação), o presente (a salvação) e o futuro (a renovação da criação). As implicações para a missão da igreja são várias: se o futuro do cosmos é a renovação da criação, a igreja deve anunciar essa esperança em Jesus Cristo e se envolver em ações de cura de um mundo doente e em ações que promovam a justiça. O texto de 2 Pedro 3.13 faz ecoar duas passagens que falam da vinda do Deus que faz justiça (Sl 96.10-13; Sl 98.4-9). Não é coincidência que, quando os textos bíblicos anunciam a esperança na vinda do Deus que faz justiça, o mar, os rios e as árvores sejam convocados para louvá-lo.
A esperança cristã é otimista -- Deus vai fazer justiça na terra e vai restaurar a criação. A igreja em missão deve agir nessa direção.
• Carlos Caldas é professor na Escola Superior de Teologia e no Programa de Pós-Graduação em Ciências da Religião da Universidade Presbiteriana Mackenzie, em São Paulo.
Via Ultimato
Criação, salvação e o futuro do cosmos
Tradicionalmente, a teologia sistemática divide as matérias do seu conteúdo em unidades estanques. Tal divisão é feita com uma intenção didática, que pode ser boa. Na prática, porém, há alguns problemas. Um deles tem a ver com o uso que se faz da Bíblia. Ao se separar um capítulo, procura-se ajuntar os textos que falam sobre aquele tema. Só que os autores bíblicos não tinham essa preocupação. Em vez disso, escreviam com uma liberdade impressionante, e não raro combinavam temas que, séculos mais tarde, foram separados por teólogos no esforço de sistematizar o ensino bíblico. Um exemplo é o que a Bíblia fala sobre a criação, a salvação e a escatologia. Ela não trata de tais temas isoladamente.
Na tradição evangélica, o tema da criação, por exemplo, tem sido abordado apenas na perspectiva de uma discussão apologética antievolucionista. Se isso acontece, perde-se muita coisa. Biblicamente, a criação é a base da salvação. O problema é que, com séculos de influência platônica, muitos cristãos pensam que a salvação é só da “alma”, enquanto a Bíblia aponta para uma salvação integral. O texto de 1 Pedro 1.9 traz a expressão “salvação da alma”, tanto nas versões protestantes como nas católicas. É uma pena que quase todas as editoras bíblicas tenham optado por traduzir o grego “psychon” por “almas”, que dá a ideia de uma substância imaterial separada do corpo. A melhor tradução seria “vidas”, isto é, a totalidade da existência, o que inclui o corpo e tudo que faz com que o ser humano seja humano.
Em Romanos 8.19-24, Paulo fala da expectativa quanto à plenitude da salvação, esperança compartilhada pelos seres humanos e pela própria natureza. Pedro (2Pe 3.13) fala do futuro do cosmos em termos de “novos céus e nova terra”, linguagem extraída de Isaías 65.17. E Apocalipse também fala de “novo céu e nova terra”, lugar da habitação de Deus com seu povo. É surpreendente que, nos capítulos finais da revelação de Deus, não se fala de “almas” que sobem para um “céu”, mas da nova Jerusalém que desce do céu à terra. Será a concretização da salvação. “Creio na ressurreição do corpo” -- é preciso resgatar a linguagem do Credo Apostólico. É oportuno lembrar a expressão que já se tornou clássica em estudos teológicos, criada pelo teólogo alemão Pannenberg: a ressurreição de Jesus é um evento proléptico, isto é, que antecipa o futuro. Se quisermos saber como será o amanhã, basta olhar para o ontem: ontem Jesus ressuscitou; amanhã ressuscitaremos. E em totalidade, corpo e alma, junto com a criação, serviremos ao Senhor.
O pensamento bíblico unifica o passado (a criação), o presente (a salvação) e o futuro (a renovação da criação). As implicações para a missão da igreja são várias: se o futuro do cosmos é a renovação da criação, a igreja deve anunciar essa esperança em Jesus Cristo e se envolver em ações de cura de um mundo doente e em ações que promovam a justiça. O texto de 2 Pedro 3.13 faz ecoar duas passagens que falam da vinda do Deus que faz justiça (Sl 96.10-13; Sl 98.4-9). Não é coincidência que, quando os textos bíblicos anunciam a esperança na vinda do Deus que faz justiça, o mar, os rios e as árvores sejam convocados para louvá-lo.
A esperança cristã é otimista -- Deus vai fazer justiça na terra e vai restaurar a criação. A igreja em missão deve agir nessa direção.
• Carlos Caldas é professor na Escola Superior de Teologia e no Programa de Pós-Graduação em Ciências da Religião da Universidade Presbiteriana Mackenzie, em São Paulo.
Via Ultimato
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Alma = Vida.
ResponderExcluirNão temos alma, mas SOMOS almas.
Alma foi mal traduzida.
Quando a pessoa morre:
O corpo vai ao pó, e o espírito volta a Deus.
E a alma?
É a vida. Assim, morre uma vida (alma) e o corpo vai ao pó,
e o espírito volta a Deus.
Isso é bem claro quando pregamos que:
"devemos resgatar as almas (vidas) perdidas".
Tanto pisquê, quanto nephesh,
representam a vida que possuimos,
e não uma parte de nós.
Nossa vida não é uma parte de nós,
mas somos nós por completo. A fonte de todos os sentimentos é o cérebro.
Sendo assim, minha alma é meu cérebro?
Paulo diz haver uma luta entre a carne e o espírito.
Mas nada falou sobre um terceiro elemento (a alma).
Eles entendiam alma como vida, e não como uma parte a mais em nós.
Dizer que alma é a fonte dos sentimentos,
é apenas forma poética.
É o mesmo que dizer que o coração é a fonte dos sentimentos,
e sabemos que o coração tem outras funções bem diferentes que essa.
Os antigos diziam: "O Senhor sonda os meus rins"
Hoje dizemos: "O Senhor sonda o meu coração".
E o sentido real é: "O Senhor sonda o meu interior".
A Bíblia fala de alma as vezes num sentido figurado.
A Biblia diz que os justos herdarão a terra, a Nova Jerusalém que desce do céu. Será na terra, habitaremos na terra , nada de mansões douradas rs rs eu também pensava assim.
Paz Hermes!
Alma é a pessoa,
ResponderExcluir"A alma que pecar essa morrerá".
Sentido de alma como a vida (pessoa), na Dicotomia:
"A pessoa que pecar essa morrerá"
Sentido de alma na Tricotomia:
"A alma que pecar, terá seu corpo morto e seu espírito condenado".
Qual será a ideia do autor que escreveu esse versiculo?
Acho a primeira mais provável.
“Como o corpo sem o espírito está morto, assim a fé sem as obras é morta”
(Tg 2.25).
E onde está a alma?
Edmond Jacob afirma, sobre a alma (nephesh):
“Nephesh é o termo usual para a natureza total do homem, para o que ele é e não apenas pelo que tem... Por isso a melhor tradução em muitos casos é ‘pessoa’.
Porque a palavra de Deus é viva e eficaz, e mais penetrante do que espada alguma de dois gumes, e penetra até à divisão da alma e do espírito, e das juntas e medulas, e é apta para discernir os pensamentos e intenções do coração.
Parece defender a tricotomia ne?
Mas é apenas uma forma figurada, poética até,
de ensinar o poder da Palavra de Deus.
Vemos isso, pois juntas e medulas não tem nada em comum.
Não existe divisão de juntas e medulas,
assim como divisão de alma e espírito.
Ele usou uma figura de linguagem pra explicar sobre a Palavra.
Talvez ele quisesse dizer: divisão da vida e do espírito,
ou do espírito e da pessoa.
Outro detalhe: coração não tem intenção nenhuma,
e nem pensa. Pois isso são funções do cérebro,
Paulo estava usando linguagem figurada.Paz Hermes desculpa se escrevi muito ok!
Ora, esta Hagar é Sinai, um monte da Arábia, que corresponde à Jerusalém atual, (atual no tempo da escrita da carta) porque é escrava com seus filhos. Mas a Jerusalém que é de cima é livre, a qual é a mãe de todos nós. Pois está escrito: Alegra-te estéril, que não dás à luz; esforça-te e clama, tu que não estás de parto; porque os filhos da abandonada são mais do que os da que tem marido. Ora, vós, irmãos, sois filhos da promessa, como Isaque. Mas, como então o que nasceu segundo a carne perseguia ao que nasceu segundo o Espírito, assim é também agora. (Ismael perseguia Isaque, assim como Jerusalém perseguia a Igreja = Cristo) Obs. assim é também agora, não é o nosso agora, mas o agora deles no 1º século, porquanto Paulo está escrevendo para os Gálatas.
ResponderExcluirMas o que diz a Escritura? Lança fora a escrava e seu filho (Hagar e Ismael= a Jerusalém qual matava e perseguia a igreja), pois de modo algum o filho da escrava herdará com o filho da livre. De maneira que, irmãos, somos filhos, não da escrava (da Jerusalém que estava prestes a ser destruída), mas da livre (Igreja de Cristo). Gálatas 4:25-31 c/c Hebreus 12:22.
Provavelmente a Jerusalém de cima é a igreja, e tão somente ela, porquanto ela é o corpo de Cristo, sendo Ele a cabeça desse corpo, e o Rei dessa eterna Jerusalém. Cumpriu-se totalmente a profecia, foi estabelecida para sempre a cidade santa, o Reino eterno, e o eterno Rei: JESUS.