Ao assistir o filme, não pude fugir de algumas questões: Não seria Kevin, o advogado vaidoso, um arquétipo da humanidade, representante fiel da nossa egolatria, do culto à personalidade, do nosso endeusamento cotidiano? Quantos Kevins existem por aí, no casamento, por exemplo? Incapazes de reconhecer que a esposa tem razão, acabam por fazer as maiores burrices do mundo, tudo em nome do grande ego! É comum ouvir de alguns esposos: “Se eu tivesse ouvido minha mulher, não estaria nessa situação”. Mas o que os impede de ouvi-las? O orgulho! Um orgulho machista do tamanho de um bonde, e uma vaidade que não cabe no ser humano. Tudo tão simples, e tão complicado!
Nem mesmo o cristão está imune a este mal. Aliás, muito comumente eles são as maiores vítimas de tais sentimentos. É comum, por exemplo, ver o nobre desejo de servir, se converter – com o passo dos anos – em uma neurose eclesiástica onde o indivíduo sente-se na obrigação de produzir sempre e em maior escala, para sentir-se em paz consigo mesmo. Nesse ponto, o serviço cristão deixa de ser uma benção e se transforma em alimento para o ego inchado do crente. O mesmo acontece com pregadores, cantores e ouvintes; do dia pra noite percebe-se que aquele belo sermão não foi motivado pelo desejo de servir à grei, mas pela vaidade do pregador amante dos holofotes.
Para este veneno chamado egolatria existe apenas um antídoto, a mortificação. Somente quem entende que “cada boa dádiva e dom perfeito descende do alto”, pode livrar-se da terrível tentação de sentir-se mais importante do que, de fato, é. É preciso ver nossas virtudes como mortas, e nossas obras naturais como realmente estão. Cabe também a cada cristão dar morte aos seus desejos e vontades, afim de fazer prevalecer somente a vontade do Senhor. Só assim lograremos escapar deste terrível pecado [a vaidade] o qual, segundo a tradição cristã, transformou os anjos em demônios.
Leonardo Gonçalves (Via Púlpito Cristão)
Graça e Paz!
ResponderExcluirRealmente, precisamos entender que aquilo que temos de bom, não provém de nós. É imprescindível que percebamos que aquilo que fazemos de bom é dom de Deus.
Ótimo texto!
Abs,
Vinicius Morais
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