O Segundo Salto
O segundo salto se deu quando homem ingeriu o fruto da árvore do conhecimento do bem e do mal. Talvez alguém discorde dizendo que o que aconteceu ali não foi um salto, mas uma queda. Eu diria que foi uma queda proveniente de um salto. O mesmo salto proposto por Satanás a Jesus, ao levá-Lo ao pináculo do templo, ou ainda, ao mostrar-Lhe os reinos deste mundo, oferecendo-os de mão beijada, caso Ele se lhe sujeitasse. Atalhos! É isso que o diabo sempre tem a oferecer. Nada de processo, aprendizado, sacrifício, caminhada. Bastaria acessar o tal fruto, e pronto, o homem adquiriria todo o conhecimento de que necessitasse, sem ter que importunar o Criador. O que talvez levasse séculos, o homem obteria numa só tacada, ou melhor, abocanhada.
Acredito numa leitura arquetípica daquela árvore. Ela representa um tipo de conexão que Deus não queria a humanidade fizesse. E se quisermos avançar em nossa reflexão, descobrindo que tipo de conexão era aquela, basta-nos seguir à recomendação de Paulo, “comparando as coisas espirituais com as espirituais” (1 Co.2:13). Ela é chamada de “árvore do conhecimento do bem e do mal”. De que maneira adquirimos tal conhecimento? Deixe que Paulo responda: “Eu não conheci o pecado senão por intermédio da lei” (Rm.7:17). Portanto, pela Lei temos o conhecimento do mal. Mas por ela também adquirimos o conhecimento do bem, pois “a lei é santa, e o mandamento santo, justo e bom” (v.12). A noção de certo e errado advém da árvore do conhecimento do bem e do mal. A Árvore não é a Lei, mas o instrumento através do qual a Lei é dada. O fruto desta árvore é a Lei. Então, o que seria a tal árvore? De onde nos provém a Lei? Em última instância, provém de Deus. Porém, por qual intermédio ela nos foi entregue? De acordo com Estevão, em seu derradeiro sermão, “recebestes a lei por ordenação dos anjos” (At.7:53). Paulo concorda com o primeiro mártir cristão, ao dizer que a Lei “foi ordenada por intermédio de anjos” (Gl.3:19).
Minha conclusão é que a Árvore do conhecimento do bem e do mal representa a raça angelical, que inclui tanto os anjos eleitos, quanto os que se rebelaram.
Em vez de contentar-se em receber diretamente de Deus o conhecimento necessário para cumprir sua vocação, o homem preferiu contactar o mundo angelical. Por isso, Deus o entregou à tutela de tais seres (Gl.4:2). Este aprendizado começou no jardim, e culminou na entrega das tábuas da Lei no Monte Sinai. Com eles aprendemos, não apenas o que concerne à ética e a moral, mas também ao conhecimento tecnológico que nos proporcionou um salto que deixa atordoados os arqueólogos e antropólogos. O Livro de Enoque, que chega a ser citado no Novo Testamento, registra este intercâmbio entre os humanos e os anjos. Enoque diz que foram eles que ensinaram os homens a fabricar armas, a extrair metais da terra, a fazer feitiçarias, fabricar comésticos e etc. De repente, a humanidade deu um salto tecnológico. Sem mais, nem menos, o homem deixa as cavernas, e o uso da pedra lascada, e começa a fabricar armas de metal. Talvez aí encontremos a explicação para alguns mistérios arquitetônicos da antiguidade, como as pirâmides do Egito, o sofisticado calendário Maia, etc.
O salto dado pela humanidade foi a causa de sua queda. Não estávamos preparados para lidar com tanto conhecimento. Esta queda nos causou uma espécie de lesão espiritual.
É interessante notar que uma das características do Homo Sapiens é o tamanho de seu crânio, maior do que seus ancestrais, que deve ao desenvolvimento do seu cérebro. Lembremo-nos que Deus disse à mulher que a partir daquele “salto”, seriam multiplicadas suas dores de parto. Não estaria esta “maldição” relacionada ao desenvolvimento do cérebro humano? Não seria esse um dos efeitos colaterais desta “evolução”?
Tutelado por anjos e assediado por demônios, o homem continuou sua jornada evolutiva (ou seria 'involutiva'?). Dos anjos recebeu a Lei, através da qual pôde discernir tanto o bem quanto o mal.
Dado seu estado de lesão e alienação espiritual, o Homo Sapiens foi se revelando Homo Demens.
Somente uma intervenção divina poderia alterar o curso das coisas. O homem precisaria dar um salto muito maior, haja vista que o último salto o levou a um patamar mais baixo que o anterior. Houve uma involução, em vez de evolução. Ainda que do ponto vista tecnológico houvesse ocorrido um progresso, do ponto de vista espiritual houve mesmo um retrocesso.
Continua...
Apreciei muito essas postagens.
ResponderExcluirApenas considerei um pouco dúbia a conjectura sobre o crânio humano e a maldição da dor do parto.
Embora a palavra "evolução" esteja entre aspas, parece aludir à crença de que Deus dirigiu a evolução biológica do organismo humano e (quando este atingiu o ponto evolucionário) lhe deu consciência.
É isso que você acredita?
Caro Emerson,
ResponderExcluirObrigado pelo comentário.
Encaro a chamada "evolução teísta" como uma possibilidade, e não um dogma. Vejo pontos comuns entre postulados evolucionistas e a revelação bíblica. Por exemplo: ambos afirmam que a vida surgiu da água. E por aí vai...