Uma das características da igreja primitiva era ser totalmente voltada para o futuro. Engana-se quem pensa que ela esperava que o fim do mundo acontecesse em seus dias. Os cristãos primitivos acreditavam que as profecias de Jesus acerca do fim daquela Era se cumpririam ainda naquela geração, conforme Ele mesmo havia declarado (Mt.24:34). Porém, isso nada tinha a ver com o fim do mundo, e sim com o fim de Jerusalém e do seu templo, principais ícones da Antiga Aliança.
Se fosse verdade que eles esperassem o fim dos tempos em seus dias, que sentido faria os seguintes versos?
“Para mostrar nos SÉCULOS VINDOUROS as abundantes riquezas da sua graça...” (Ef.2:7a). De quais “séculos vindouros” Paulo estaria falando, se acreditasse que tudo terminaria ainda naquele século?
“A promessa diz respeito à vós, a vossos filhos, e a todos os que estão longe – a tantos quantos Deus nosso Senhor chamar” (At.2:39). Estas palavras foram proferidas no dia de Pentecostes, e estavam carregadas de perspectiva.
Mesmo na Antiga Aliança, encontramos pérolas como esta:
“...Eu, o Senhor teu Deus, sou Deus zeloso, que visito a maldade dos pais nos filhos até a terceira e quarta geração daqueles que me odeiam, mas faço misericórdia até mil gerações daqueles que me amam e guardam os meus mandamentos” (Êx.20:5b-6).
Considerando que uma geração bíblica equivale a um prazo de quarenta anos, mil gerações seriam pelo menos 40 mil anos! Se este texto foi escrito há mais ou menos três mil anos, logo, ainda teríamos, no mínimo, 37 mil anos pela frente.
Olhando deste ângulo, para as gerações futuras longínquas, ainda estamos nos dias da igreja primitiva.
Sei que alguns me refutarão dizendo que a expressão “mil gerações” é apenas figurativa. Ok! Então por que o milênio também não deve ser entendido como uma figura de linguagem?
Vamos chegar a um acordo? Tanto as mil gerações, quanto os mil anos apontados no Apocalipse são simbólicos. Entretanto, ambos apontam para um número extenso, seja de gerações ou de anos.
E por último, consideremos o que diz o sábio Salomão:
“Uma geração vai, e outra geração vem, mas a terra permanece para sempre.” (Ecl. 1:4). Independente da situação em que a terra chegue, isso não interferirá na dança das gerações. A terra permanecerá para sempre, sustentada pela Palavra do Seu Poder (Hb.1:3).
Desde o surgimento da Escatologia Dispensacionalista, que enfatiza a iminência da Volta de Cristo, a igreja passou a viver focada em seus próprios dias, sem preocupar-se com os séculos vindouros. Tudo é feito no afã de salvar esta geração atual. E quanto aos filhos? E os filhos dos filhos?
É por não acreditar no futuro, que os cristãos raramente se engajam em lutas pelo meio-ambiente. Pra eles, não faz sentido lutar por algo que esteja destinado a pegar fogo.
Cada recém-nascido é um sinal dos céus de que este mundo deve continuar.
Portanto, temos uma responsabilidade para com os que nos sucederão. É nosso dever transferir-lhes o conhecimento que nos foi legado, e o espaço que hoje ocupamos.
Nossa meta deve ser deixar para os nossos filhos um mundo melhor do que o que recebemos de nossos pais.
É claro que os problemas do mundo não serão resolvidos no prazo de uma geração. Mas temos que, ao menos, começar a levá-los a sério, e preparar o terreno para os que virão.
Costumo dizer que a geração dos meus pais abriu o caminho. A minha geração está a pavimentá-lo. A geração dos meus filhos o sinalizará. E os filhos dos meus filhos construirão no entorno da estrada.
Ou usando outra analogia: meus pais lançaram os fundamentos. Eu estou edificando sobre eles. Meus filhos farão o acabamento. Meus netos habitarão a casa.
Portanto, a restauração do mundo é um trabalho multi-geracional.
É sobre isso que profetiza Isaías:
“Os que de ti procederem edificarão os lugares antigamente assolados; e levantarás os fundamentos de geração em geração; chamar-te-ão reparador de brechas, e restaurador de veredas com moradias” (Is.58:12).
O mundo não chegou onde está de uma hora pra outra. Foram inúmeras gerações, cada qual dando sua parcela, seja para o bem, ou para o mal.
Uma sociedade devastada de geração em geração, deverá ser restaurada também de geração em geração.
Confira o que diz o profeta:
“Reedificarão as ruínas antigas, e restaurarão os lugares há muito devastados; renovarão as cidades arruinadas, devastadas de geração em geração” (Is.61:4).
Veja a importância de que o coração dos pais se converta ao coração dos filhos, e vice-versa, para que o trabalho de restauração do mundo não seja prejudicado.
Imagine se cada nova geração resolvesse começar do zero! E ainda: imagine se cada nova geração resolvesse destruir o que já fora feito pela geração anterior.
Quem age assim está querendo ficar com todo o crédito. É uma questão de vaidade e orgulho.
Deixemos que o salmista nos ajude a reforçar essa idéia, oferecendo-nos o modelo para que transfiramos para os nossos filhos o que nos fora confiado:
“Escreva-se isto para a geração futura, e o povo que está por vir louve ao Senhor” (Salmo 102:18).
“Uma geração louvará as tuas obras a outra geração; anunciarão as tuas proezas” (Salmo 145:4).
“Todos os confins da terra se lembrarão, e se converterão ao Senhor; todas as famílias das nações adorarão perante ele, pois o reino é do Senhor, e ele domina entre as nações (...) A posteridade o servirá; falar-se-á do Senhor às gerações futuras. Proclamarão a sua retidão ao povo que há de nascer, pois ele o fez” (Salmo 22:27-31).
“Mesmo quando eu estiver velho e de cabelos brancos, não me desampares, ó Deus, até que tenha anunciado a tua força a esta geração, e o teu poder a todos os vindouros” (Salmo 71:18).
“O que ouvimos e sabemos, e os nossos pais nos contaram. Não o encobriremos aos seus filhos; mostraremos à geração futura os louvores do Senhor, assim como a sua força e as maravilhas que fez. Ele estabeleceu um testemunho em Jacó, e pôs uma lei em Israel, a qual ordenou aos nossos pais que a fizessem conhecer a seus filhos, para que a geração vindoura a soubesse; até os filhos que ainda haveriam de nascer, e eles, por sua vez, a contassem a seus filhos” (Salmo 78:3-6).
Percebe em cada um desses salmos a preocupação de Davi com a transferência do conhecimento para as gerações futuras?
Quando escrevo qualquer livro ou artigo, não penso apenas em meus leitores imediatos, mas naqueles que me lerão daqui a cinqüenta anos ou mais.
Vai chegar a hora em que terei que passar meu bastão, e o farei sem resistência, sabendo que terá chegado o momento de diminuir, para que outros cresçam. Esse é o momento de transição. Não deve acontecer abruptamente, mas paulatinamente, para que ninguém saia prejudicado. Seria como um gabinete de transição, ocupado pela equipe do novo presidente, antes mesmo de tomar posse após sua eleição. A equipe do presidente atual deve ser solícita para com os representantes do novo governo, a fim de que a nação não tenha que esperar muito tempo para que as promessas de campanha sejam cumpridas.
As novas gerações precisam do know-how que só os veteranos têm. E estes, por sua vez, devem ser pacientes para ensiná-los durante um tempo de estágio.
Quando a velha guarda sair de cena, os novatos já estarão prontos a ocupar seu espaço.
Parabéns, este post esta DEMAIS DE BOM! Muito fácil e simples entendimento.
ResponderExcluirVocê falou de uma maneira maravilhosa! Com certeza vou usar algo daqui quando for explicar sobre este tema. É preciso divulgar obras assim para a massa (porque a massa, na verdade, não está nem aí).
Parabéns de coração!
Olha que eu tento falar tudo isto, para a massa, lá no blog, como eu tento!
Abraços
Fran
Parabéns, este post esta DEMAIS DE BOM! Muito fácil e simples entendimento.
ResponderExcluirVocê falou de uma maneira maravilhosa! Com certeza vou usar algo daqui quando for explicar sobre este tema. É preciso divulgar obras assim para a massa (porque a massa, na verdade, não está nem aí).
Parabéns de coração!
Olha que eu tento falar tudo isto, para a massa, lá no blog, como eu tento!
Abraços
Fran
Um exímio , escritor ....Parabens meu nobre !
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