“Este é aquele que veio por água e sangue, isto é, Jesus Cristo. Ele não veio só pela água, mas pela água e pelo sangue. E o Espírito é que dá testemunho, porque o Espírito é a verdade. Pois três são os que dão testemunho no céu: o Pai, a Palavra, e o Espírito; e estes três são um. E três são os que dão testemunho na terra: o Espírito, a água e o sangue; e estes três concordam.” 1 João 5:6-8
Há um testemunho que é de caráter subjetivo, que ocorre na consciência daqueles que crêem. É o próprio Deus Triúno quem concede tal testemunho. O Pai, a Fonte Primeva de tudo, e Cristo, a Sua Palavra Eterna, pela operação do Espírito Santo, testificam acerca da Verdade, imprimindo-a em nossas consciências. Paulo diz que “o mesmo Espírito testifica com o nosso espírito que somos filhos de Deus” (Rm.8:16). E em outra parte: “Porque sois filhos, Deus enviou aos nossos corações o Espírito de seu Filho, que clama: Aba, Pai” (Gl.4:6). Tal testemunho é inalienável, intransferível. Ele não é audível aos demais. Somente o indivíduo é capaz de acolhê-lo. O testemunho dado no céu reverbera em nosso interior.
E quanto aos demais? Que testemunho Deus poderia deixar para o mundo, uma vez que o mundo não está apto a receber o Espírito Santo? Foi Jesus quem afirmou o mundo não pode receber o Espírito da Verdade, porque não o vê nem o conhece (João 14:17). Ora, se Deus deixasse o mundo sem um testemunho de Sua existência, de Seu amor e de Seu poder, como poderia julgá-lo? Foi com isso em vista, que Paulo declarou que “os atributos invisíveis de Deus, desde a criação do mundo, tanto o seu eterno poder, como a sua divindade, se entendem, e claramente se vêem pelas coisas que foram criadas, de modo que eles são inescusáveis” (Rm.1:20). Bastaria ao homem olhar à sua volta para encontrar o testemunho irrefutável de Deus.
O salmista concorda com a declaração paulina: “Os céus declaram a glória de Deus; o firmamento proclama a obra das suas mãos (...) Sem linguagem, sem fala, ouvem-se as suas vozes. Em toda a extensão da terra estende-se a sua voz, e as suas palavras até o fim do mundo” (Sl.19:1,3). Não há ninguém, em todo o orbe terrestre que possa alegar jamais ter tido um vislumbre da glória do Criador. Pois “os céus anunciam a sua retidão, e todos os povos vêem a sua glória” (Sl.97:7).
Quando Paulo e Barnabé foram confundidos pelos habitantes de Icônio com os deuses Júpiter e Mercúrio, eles protestaram dizendo:
“Senhores, por que fazeis essas coisas? Nós também somos homens como vós, sujeitos às mesmas paixões, e vos anunciamos que vos convertais dessas vaidades ao Deus vivo, que fez o céu, a terra, o mar e tudo o que neles há, o qual nos tempos passados deixou andar todas as nações em seus próprios caminhos. Contudo, não deixou de dar testemunho de si mesmo. Ele mostrou misericórdia, dando-vos chuvas do céu, e colheita em sua própria estação, enchendo de mantimento e de alegria os vossos corações”. Atos 14:15-17
Repare que o testemunho de Deus não se limita às manifestações sobrenaturais, mas abrange a ordem natural das coisas. Ele não demonstra Seu poder apenas por intervir sobrenaturalmente, acalmando uma tempestade, por exemplo, mas também pela Sua providência, dando “chuvas do céu, e colheita em sua própria estação”.
Talvez alguém argumente, dizendo que o testemunho de Deus através da natureza servia às sociedades da antiguidade, com suas superstições. Porém, hoje, com o advento da ciência, não há mais qualquer fenômeno que possa ser atribuído a Deus. Antigamente, por não entender os fenômenos naturais, tais como raios, trovões, terremotos, furacões, a única explicação plausível era a atuação de alguma divindade enraivecida. Algumas sociedades tinham uma cosmovisão politeísta, e por isso, atribuíam cada fenômeno natural a um deus correspondente. Havia o deus do trovão, o deus da colheita, o deus do vinho e etc. Já sociedades como a judaica, com sua cosmovisão monoteísta, atribuíam tudo a uma única divindade.
Se as coisas estavam bem, Deus estava contente. Se elas iam mal, era porque Deus estava zangado. Para muitos, Deus só cabe dentro daquelas lacunas deixadas pela Ciência. Sempre que a Ciência encontra uma explicação para algum fenômeno natural, Deus é posto de lado. Ora, se restringirmos a atuação de Deus aos fenômenos considerados sobrenaturais, tão logo eles sejam devidamente explicados pela Ciência, Deus perderá terreno. Como cristãos que vivem na era da informação, não podemos contentar-nos em apresentar ao mundo uma espécie de “Deus das lacunas”.
É claro que Deus é livre para intervir em Sua criação a hora que quiser. Ele pode suspender temporariamente uma lei natural, ou pode simplesmente transpô-la, como o fez ao andar sobre as águas. A Bíblia está cheia de exemplos de como Deus é capaz de intervir miraculosamente no mundo. Mas não temos o direito de reduzir o escopo de Sua atuação ao sobrenatural. Se há leis naturais que regem o Universo, é porque há um Legislador que as promulgou. As descobertas científicas apenas corroboram com o testemunho divino. Elas jamais seriam capazes de desafiar, ou mesmo incomodar a supremacia do Criador de todas as coisas. Por isso, não há razão em temê-las.
Retornando ao texto que inspirou este artigo:
“Este é aquele que veio por água e sangue, isto é, Jesus Cristo. Ele não veio só pela água, mas pela água e pelo sangue. E o Espírito é que dá testemunho, porque o Espírito é a verdade. Pois três são os que dão testemunho no céu: o Pai, a Palavra, e o Espírito; e estes três são um. E três são os que dão testemunho na terra: o Espírito, a água e o sangue; e estes três concordam.” 1 João 5:6-8
Jesus, o Filho Eterno de Deus, veio ao mundo através do mesmo processo que Ele predeterminou para todos os seres vivos. Vir por “água e sangue” é o mesmo que vir ao mundo através de processos químicos e biológicos.
Ele poderia ter simplesmente aparecido na Terra. Mas em vez disso, Ele submeteu-Se a todo o processo de concepção, gestação e parto, como todo ser humano.
O óvulo de Maria teve que ser fecundado pelo espermatozóide[1] divino. Ele experimentou todas as fases inerentes à formação humana, da concepção à vida adulta. Como atestou o escritor de Hebreus, “visto que os filhos participam da carne e do sangue, também ele participou das mesmas coisas (...) convinha que em tudo fosse semelhante a seus irmãos, para ser misericordioso...” (Hb.2:14a, 17a).
É claro que houve uma intervenção sobrenatural na concepção de Jesus. Afinal, não houve participação masculina no processo. Porém, em Cristo, humano e divino se fundem. Natural e sobrenatural se acoplam perfeitamente. Ele não é metade humano, metade divino. Ele é 100% humano e, ao mesmo tempo, 100% divino.
O Verbo Se fez carne! O Deus invisível mostrou Sua cara aos homens. E para isso, Se valeu do DNA humano.
E é o Espírito Santo quem dá testemunho em nosso interior de que Aquele jovem Galileu é o Filho do Deus Vivo. Por isso, ninguém pode afirmar que Jesus é o Senhor, senão pelo Espírito Santo. É Ele quem faz ecoar em nosso coração o testemunho dado no céu pelo Deus Triúno.
Pai, Filho e Espírito Santo não são apenas concordes entre Si. Eles são Um!
Entretanto, “três são os que dão testemunho na terra: o Espírito, a água e o sangue; e estes três concordam”.
Se o testemunho dado no céu só ecoa no coração dos que crêem, o testemunho dado na terra está destinado a todos os homens.
Sendo assim, o que significa “o Espírito” nesse caso em particular? Ora, já vimos que o mundo não é susceptível ao testemunho do Espírito.
Em grego, não existem letras maiúsculas, nem artigo. Portanto, “espírito” aqui pode não referir-se ao Espírito Santo. O vocábulo grego pneuma, traduzido por “espírito”, também pode ser traduzido por “vento”, “fôlego”.
Na sentença anterior, João se refere a terceira Pessoa da Trindade como “Espírito Santo”, mas nessa sentença ele diz apenas “espírito”. Por isso, sou levado a crer que o apóstolo esteja se referindo ao vento. Lembremo-nos de que o salmista afirma que Deus “faz dos ventos os seus mensageiros” (Sl.104:4).
Que testemunho ventos inanimados poderiam dar acerca do Criador? O mesmo que a água, igualmente inanimada.
Quando se fala de vento, está se falando de energia, das forças naturais que a tudo movem. Quando se fala de água, está se falando do elemento primordial, do berço de toda vida, das interações químicas entre os diversos elementos da natureza. Quando se fala de sangue, está se falando de vida, do mistério dos mistérios, conhecido unicamente pelo seu supremo autor.
Em outras palavras, João está falando sobre o testemunho de Deus revelado nas leis da Física, nas interações da Química, e nos mistérios da Biologia.
Todas as ciências repousam sobre o tripé da Física, Química e Biologia.
Física
Se perguntarmos a um Físico de que o Universo é construído, ele dirá que tudo é formado por quatro forças básicas: a gravidade, o eletromagnetismo, as interações nucleares fortes e as interações nucleares fracas. Estas forças se originam em Deus, e constroem toda a realidade do Universo criado.
A gravidade é o que nos prende ao solo, mantém os planetas em suas órbitas. As interações nucleares fortes são responsáveis por manter o núcleo atômico unido e estável. Sem ela o núcleo explodiria, e toda a matéria se desfaria. As interações fracas são as forças responsáveis pela transmutação dos elementos e pelo descaimento radioativo. O eletromagnetismo é o que nós experimentamos como luz, calor e eletricidade. Portanto, tudo o que existe, planetas, estrelas, galáxias, flores, pássaros, e o próprio ser humano, são criados e mantidos através destas forças.
E por trás de tais forças está ninguém menos que o Espírito Santo, o mesmo que no princípio pairava sobre a face das águas.
Química
Química é a ciência que trata das substâncias da natureza, dos elementos que a constituem, de suas características, de suas propriedades combinatórias, de processos de obtenção, de suas aplicações e de sua identificação. Estuda a maneira que os elementos se juntam e reagem entre si, bem como, a energia desprendida ou absorvida durante estas transformações. Diferentemente da Física, que se dedica a um estudo integral da matéria, da sua natureza e leis fundamentais que a regem, o interesse principal da Química está na estrutura principal de organização da matéria: o átomo. [2]
Toda a matéria existente no Universo se apresenta em quatro estados: sólido, líquido, gasoso e o plasma. [3]
Compete à Química investigar as interações entre as substâncias de que a matéria é feita.
Biologia
É atribuição da Biologia descobrir como a “vida” se organiza.
Como sabemos, os seres vivos são compostos de células, e é isso que os difere das coisas inanimadas. Se abríssemos o núcleo de uma célula, lá encontraríamos uma seqüência de códigos secretos que a ciência denominou DNA.
O DNA é o responsável pelas características físicas de todos os seres vivos. Desde de um inseto até o maior mamífero, todos são compostos dos mesmos elementos básicos. O que os difere uns dos outros é o código secreto existente em cada célula. Como pode uma bactéria ser formada dos mesmos elementos que compõe o homem? O que os distingue é a forma como esses elementos se arrumam para formar o código, ou melhor, o DNA.
Para facilitar a compreensão, tomemos, por exemplo, algumas letras do nosso alfabeto. Com as letras A, M, O e R, podemos formar a palavra AMOR. Mas se invertermos a ordem das letras, poderemos formar a palavra ROMA. Ora, trata-se de palavras com sentidos completamente diferentes, mas com as mesmas letras. A mesma idéia pode se aplicar ao DNA. Embora todos os seres vivos possuam os mesmos elementos deste código, estes são arrumados em seqüências diferentes.
O DNA é formado por quatro nucleotídeos conhecidos como adenina, citosina, timina e guanina, representados por suas iniciais A, C, T e G. Por incrível que pareça, apenas quatro (4) elementos compõem o código da vida!
Outra coisa que difere os seres vivos é o número de elementos que possuem. O ser humano, coroa da criação, é o que apresenta o maior e mais complexo número de elementos entre todos os demais seres vivos.
Os genes são responsáveis por características tais como nossos traços físicos. O código que trazemos no núcleo de todas as nossas células é resultado da combinação de genes que recebemos do nosso pai e da nossa mãe. Viemos de uma única célula, a célula-ovo, que se dividiu inúmeras vezes até que estivéssemos prontos para nascer. E a célula-ovo, por sua vez, resulta do encontro da célula reprodutora masculina (espermatozóide), que continha genes do seu pai, com a célula reprodutora feminina (óvulo), que continha genes da sua mãe.
Recordando:
A Física nos revela um Universo formado a partir de:
- 4 forças básicas: a gravidade, o eletromagnetismo, as interações nucleares fortes e as interações nucleares fracas.
A Química nos revela que toda a matéria se apresenta se apresenta em 4 estados:
- Sólido, líquido, gasoso e plasma
A Biologia nos revela que a vida está organizada a partir de 4 nucleotídeos:
- Adenina, citosina, timina e guanina (A, C, T e G).
Revisando:
4 forças básicas, 4 estados da matéria, 4 nucleotídeos (DNA).
Tudo isso está devidamente representado arquetipicamente pelos Quatro Seres Vivos vistos por João em sua magnífica visão da Sala do Trono de Deus.
Sem contar que o registro histórico da vida de Jesus está dividido em 4 Evangelhos: Mateus, Marcos, Lucas e João.
Coincidência? Não! Testemunho.
[1] O termo “espermatozóide” é de origem grega, e significa literalmente “semente”. Portanto, quando Pedro fala que fomos gerados pela semente divina, ele está dizendo que somos frutos do espermatozóide divino.
[2] Definição extraída da Wikipédia, a maior enciclopédia virtual disponível na Internet.
[3] É denominado o quarto estado da matéria, que, dentre outros lugares, pode ocorrer no interior das estrelas, como o Sol, e todo o espaço interestelar, sendo o estado mais abundante no Universo. Consiste numa "sopa" de elétrons livres e íons, o qual pode ser visto como um gás condutor.
É bom saber que Deus esta tanto no natural quanto no sobrenatural !
ResponderExcluirFico imaginando quantas outras coisas que ainda não são conhecidas por nós, mas que já dão testemunho do Criador.
Infelizmente limitamos tal testemunho para o nosso campo de conhecimento.
Abração Bispo !