sexta-feira, março 13, 2009

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Não temos falado de Salvação?

Recebi um e-mail e gostaria de respondê-lo aqui, pois acredito que a questão que ele levanta é de grande importância, e talvez expresse a dúvida de muitos com respeito ao nosso ministério.

Eis seu conteúdo:

Bispo eu gosto de suas palavras em pregações, porém, tenho grandes dúvidas sobre essa questão da sua luta pela "IGREJA DO FUTURO" OU "PARA QUE TUDO SE RENOVE", será que o Senhor não está tão voltado para essas renovações e com o futuro que está deixando a essência da salvação prometida por Cristo morrer?
Quase não o ouço falar de salvação, o que Senhor pode falar sobre isto?

Primeiro, precisamos conceituar “salvação”. Por conta da forte influência que recebemos da filosofia grega, principalmente de Platão, temos uma visão distorcida do que seja a salvação. Para a maioria dos cristãos, salvação tem a ver com a alma e com o seu destino final, céu ou inferno.

Enxergamos a realidade partida em duas, o mundo material e o mundo espiritual. Diferente desta visão platônica, as Escrituras nos apresentam uma visão integrada da realidade. Portanto, o ser humano não é uma alma hospedada em um corpo. Ele é um ser completo, corpo e alma. E sua salvação diz respeito à inteireza do seu ser.

Quando falo de renovação de tudo, estou falando da salvação em seu aspecto mais amplo e profundo. Tudo o que o pecado danificou, será plenamente restaurado. Isto é redenção!

A vida eterna não é algo que teremos após a morte. É a participação na vida de Deus desde agora(Zoe, em grego).

Só se pode falar de futuro, quem encara a salvação de maneira abrangente. Pois nossa salvação particupar visa "mostrar nos séculos vindouros as abundantes riquezas da sua graça" (Ef.2:7).

Infelizmente, temos assistido à emergência de um Evangelho cada vez mais individualista, onde o foco sempre recai na pessoa e em suas necessidades, perdendo de vista suas conexões com a realidade. Ficamos tão acostumados a este desevangelho, que quando ouvimos o Evangelho genuíno, causa-nos estranheza.

Não sei se você tem participado dos nossos cultos, ou apenas lido nossos artigos e livros. Talvez já tenha notado que não fazemos apelos evangelísticos ( o famoso “quem quer aceitar Jesus...”). Não se trata de desleixo nosso, e sim de uma convicção. O sistema de apelos foi inventado a pouco tempo. Durante 1800 anos de cristianismo, nenhum pregador fez apelos.

Prefiro desafiar as pessoas a crerem na obra realizada na Cruz, e a viverem de maneira digna da fé que professam, trabalhando pela reconstrução do Mundo.

Pregamos um Evangelho centrado na Soberania de Deus e na Obra de Cristo, e não na decisão humana. Um Evangelho estabelecido sobre o tripé: Amor, Graça e Reino de Deus.
A propósito, qual era o tema principal das mensagens pregadas por Jesus? O Reino de Deus. Ele fala muito pouco sobre céu e vida após a morte. Quase todas as Suas parábolas e sermões eram sobre a maneira como deveríamos viver aqui como cidadãos do Seu Reino.

As pessoas que temos discipulado têm aprendido a se preocupar mais com seu semelhante, do que consigo mesmo. Daí nossa ênfase nas gerações futuras. Cremos que o Cristianismo produzirá uma sociedade mais justa e consciente, e que nos compete trabalhar para deixarmos para os nossos filhos um mundo melhor do que o que recebemos de nossos pais.

Se quiser esmiuçar a questão, será um prazer respondê-la.

Que o Deus de toda graça nos conceda olhos iluminados e ouvidos aguçados para enxergar Sua glória e escutar Sua voz.

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