Por Hermes C. Fernandes
FARAÓ: Não importa se ele explorou o trabalho escravo dos hebreus, mantendo-os sob chibatadas, ou se mandou matar os meninos recém-nascidos para coibir a multiplicação daquele povo. O importante é que ele pediu a Moisés que orasse por ele a Deus. Confira: “Mas o Faraó insistiu: “Eu vos permitirei sacrificar a vosso Deus no deserto, mas não deveis ir muito longe. E, por favor, orai por mim também!” (Êxodo 8:28).
NABUCODONOSOR: Não importa se ele foi responsável por levar os judeus em cativeiro para Babilônia, nem que ordenou que os amigos de Daniel fossem lançados numa fornalha ardente por se negarem a se curvar diante de sua estátua. O importante é que ele reconheceu que o Deus de Israel era superior aos deuses de sua devoção. Confira: “Portanto, eu, o rei Nabucodonosor, agradeço ao Rei do céu e lhe dou louvor e glória. Tudo o que ele faz é certo e justo, e ele pode humilhar qualquer pessoa orgulhosa” (Daniel 4:37).
HERODES: Não importa se ele foi responsável pelo genocídio de crianças e pela decapitação do maior dos profetas, João Batista. O importante é que ele se prontificou a adorar o recém-nascido Jesus, mesmo que isso tenha sido uma armadilha visando matar aquele que poderia representar alguma ameaça ao seu trono. Veja o que ele disse aos magos vindos do Oriente: “Ide, e perguntai diligentemente pelo menino, e quando o achardes, comunicai-me, para que também eu vá e o adore”(Mateus 2:8).
BOLSONARO: Não importa que ele seja favorável à tortura, nem que tenha tirado tantos direitos dos trabalhadores, nem que tenha promovido uma reforma previdenciária que prejudicou severamente os aposentados, nem que desdenhe das minorias, nem que tenha sido negligente no combate à pandemia, promovendo aglomerações, combatendo o uso de máscaras, receitando remédios ineficazes, ocasionando na morte de mais de 320 mil brasileiros, nem que seja envolvido com milícias sanguinárias, nem que tenha sua família chafurdada em corrupção. O importante é que ele pediu que os evangélicos orassem e jejuassem por ele. O que importa é que ele foi batizado no rio Jordão, recebeu a unção do bispo Macedo e vive a repetir o mantra "Brasil acima de tudo. Deus acima de todos!"
Moisés não se deixou enganar pela artimanha de Faraó. Daniel não deixou de advertir a Nabucodonosor quanto ao juízo de Deus que viria sobre ele por causa de sua arrogância. Os magos não se deixaram enganar pela artimanha de Herodes. Mas, infelizmente, o povo evangélico se deixou iludir por um homem que carrega “Messias” no sobrenome, mas jamais demonstrou carregá-lo no coração. Triste a sina do povo que se deixa ludibriar com tanta facilidade.
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