quarta-feira, novembro 14, 2012

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Sobre o protesto de alunos evangélicos contra trabalho escolar sobre a cultura afro-brasileira



Por Hermes C. Fernandes
Um grupo de 13 alunos evangélicos do ensino médio da escola estadual Senador João Bosco Ramos de Lima, Manaus, se recusaram a fazer um trabalho sobre a cultura afro-brasileira, gerando polêmica entre os grupos representativos étnicos culturais do Amazonas.
Os estudantes se negaram a defender o projeto interdisciplinar sobre a ‘Preservação da Identidade Étnico-Cultural brasileira’ alegando que o trabalho faz apologia ao “satanismo e ao homossexualismo”, o que contraria a sua crença.
Por iniciativa própria, e sob orientação de seus pastores e pais, os alunos fizeram um projeto sobre as missões evangélicas na África, que não foi aceito pela escola. Por conta disso, os alunos acamparam na frente da escola, protestando contra o trabalho sobre cultura afro-brasileira, atitude que foi considerada um ato de intolerância étnica e religiosa. Segundo o professor Raimundo Cardoso, “Eles também se recusaram a ler obras como O Guarany, Macunaíma, Casa Grande Senzala, dizendo que os livros falavam sobre homossexualismo”.
Para os alunos, a questão deve ser encarada pelo lado religioso. “O que tem de errado no projeto são as outras religiões, principalmente o Candomblé e o Espiritismo, e o homossexualismo, que está nas obras literárias. Nós fizemos um projeto baseado na Bíblia”, alegou uma das alunas.
Blogs de orientação evangélica conservadora lamentaram o episódio, noticiando que estas crianças teriam sofrido uma espécie de bullying motivado por preconceito.
Já dizia Paulo que tudo o que o homem semear, isso também ceifará. Se semearmos preconceito, fatalmente colheremos o mesmo. De onde partiu o preconceito neste episódio?
Ora, a sociedade brasileira tem sofrido influência de tantas culturas, entre elas a africana.  Que mal tem reconhecer a riqueza cultural africana? Será que tudo o que vem de lá deve ser rechaçado?
As práticas fetichistas e animistas atribuídas às religiões afro-brasileiras não são piores do que as praticadas há milênios por nossos ancestrais europeus. Matança de animais, oferendas diversas, culto a entidades e aos antepassados, tudo isso pode ser encontrado com fartura em nossa herança europeia. Preferimos ignorar isso e atribuir à África tudo o que reputamos por superstição barata, idolatria e feitiçaria.
A influência da cultura africana não se restringe á religiosidade. Nossa música, nossos hábitos alimentares, nosso espírito festeiro, e até nosso vocabulário sofreram forte influência do continente que é o berço da civilização humana.
E sinceramente, deveríamos estudar sua religiosidade da mesma maneira como estudamos as mitologias grega e nórdica. Mas nosso preconceito nos impede disso. É preferível demonizar toda uma cultura a expor nossos filhos à sua nefasta influência.
Somos os salvadores do mundo! Nossos missionários são agentes civilizadores, e onde quer que cheguem, levam, não apenas o Evangelho, mas também nossa cosmovisão, nossos hábitos alimentares, nossa música, nossa indumentária, nosso modelo ocidental de vida. Confundimos evangelização com aculturação. Reputamos nossa cultura superior às demais. Quanta presunção!
É claro que os missionários levaram muita coisa boa consigo, tanto para África, quanto para tantos outros rincões. Mas também levaram coisas das quais deveríamos corar de vergonha. Por exemplo: o APARTHEID, regime implantado pelo protestantes de orgiem holandesa que promoveu a segregação racial na África do Sul. Semelhantemente, recebemos muita coisa boa da África, e não apenas suas crenças.
O que seria de nós sem o tempero cultural africano? Sem a música que embala nossas festas? Sem o jazz, o blues, o samba, o rock?
Praticamos karatê, judô, e outras artes marciais orientais, mas abominamos a capoeira, pelos simples fato de  ser procendente da África.
Não há culturas superiores e inferiores. Assim como temos o que compartilhar com outras culturas, também temos o que aprender delas. Por isso, há que se manter o canal de diálogo aberto, desobstruído de preconceito.
Nossas crianças precisam aprender a respeitar a diversidade. E não só respeitar, mas também apreciar, admirar.
O profeta Isaías diz que as nações trariam suas riquezas culturais para a Cidade de Deus, a Nova Jerusalém, a sociedade erigida ao redor do Trono da Graça. Nela não entrará impureza, pecado, preconceito, injustiça. Porém, a música, a dança, as cores, e qualquer outra contribuição cultural que não atente contra a dignidade humana e a santidade do nosso Deus, são bem-vindas à civilização do amor.
Pelo jeito, temos mesmo um longo caminho a percorrer, até aprendermos a arte da coexistência. E para tal, temos que cultivar uma fé bem alicerçada, aquela que opera pelo amor, e que, por isso, não se sente ameaçada pela diversidade. 

Me deu até vontade de comer um cuscuz baiano...

12 comentários:

  1. Anônimo1:39 PM

    Hermes afro-brasileira será só uma fachada.
    O negocio será candomblé, macumba etc, rituais Satânicos mesmo que irão ensinar.
    O que se aproveita do que vem da África, se voce ver só macumba e miséria.
    Eu já estive lá na África, e o negocio lá é feio, a maioria são macumbeiros, bruxos, etc, é por isto que o evangelho lá é difícil de ser aceito.
    Mas temos muitos cristãos africanos que já converteram ao evangelho de Jesus, e a obra de Jesus está crescendo lá.
    Queremos a África toda para Jesus.

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    1. O Egito fica onde mesmo?
      Para onde José, filho de Jacó, foi enviado por DEUS para salvar o mundo da fome de sete anos?
      Onde foi mesmo que o patriarca Moisés nasceu, cresceu e libertou o Povo de DEUS?
      Onde foi mesmo que José, Maria e o menino Jesus se refugiaram da perseguição de Herodes?
      Que país mesmo é citado nada menos que 600 vezes na Bíblia?
      Como seriam as páginas da Bíblia sem a África?

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  2. Anônimo1:48 PM

    Penso que as pessoas deveriam estudar um pouco de Etnocentrismo, Antropologia também ajuda.

    Infelizmente crescemos em uma cultura ocidental que só mostra a miséria na África, apenas o lado ruim. Quem acha que toda cultura ali é baseada em ocultismo, religiões e deuses, poderia estudar um pouco mas aquela cultura.

    Não afirmo que isso não exista, ora, isso esta explicito em muitas danças, práticas e crenças, porém, precisamos analisar bem estas definições, para que o Etnocentrismo não seja a base de nossa visão de mundo.

    Forte abraço!

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  3. Parabéns pelo seu texto Hermes!

    Precisamos de mais vozes defensoras do diálogo como a sua em solo brasileiro!

    Somos um povo que tem fortes raízes africanas. Apesar de toda a política de Eugenia (branqueamento da sociedade), e tentativas sucessivas de Europeização, nossa matriz africana continua pulsando firmemente.

    Ao invés de tentar renegar isso, e demonizar o que é o Outro, nós temos mais que aprender com o diferente e isso só é possível com o diálogo e o intercâmbio cultural.

    Grande abraço,

    Jarson

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  4. Anônimo5:34 PM

    Ô Robson Lelles, esta foi a época mais triste da história da bíblia? E até hoje este país é amaldiçoado, como Egito etc.
    Se voce acha interessante vai morar lá meu caro pois eu já morei lá e lá é uma merda, uma pobreza geral.
    A fome rola solta na África em geral, como nos dias de José, Jesus etc.
    Não venha com sermão bíblico barato não ok?
    A era agora é diferente, e a manobra deste país chamado brasil é implantar a macumba como religião junto com a Babilônia Católica.
    E estão chamando isto de afro-brasileira que é exatamente rituais de macumba.
    Vá a Bahia meu caro e voce vai ver que miséria, e só macumba.
    Meu caro de onde veio o candomblé etc heim? Resposta rápida, África.
    Fica esperto, e não fala besteira porque o tema é outro e é manobra de impôr a macumba nas matérias escolar como cultura ou religião.
    O diabo virá como anjo de luz e poderá enganar até mesmo os escolhidos de Deus, assim diz a Palavra as Escrituras Sagradas.

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    1. Por que então o digníssimo pastor daqueles alunos não os orientou a fazer o trabalho sobre cultura Afro-brasileira explorando um viés "Animista", que desmoralizaria de vez o tema da pesquisa?

      Pesquise no Google o significado dessas palavras: animismo, animista, etc. e voce verá que as culturas animistas são originárias da pré-história. Isso seria o suficiente para mostrar o grau de evolução dos que seguem essa linha teológica.

      Mas acontece que é mais fácil adotar uma postura fundamentalista e fomentar a contenda!

      RESULTADO: Nem o pastor deles, nem eles, nem voce vão conseguir lançar luz sobre as pessoas que seguem essas religiões, pois não conseguirão faze-las parar para pensar.

      É mais fácil adotar uma postura colérica, furiosa, em vez de estudar mais a cultura que se deseja evangelizar. É mais fácil fechar a cara e gritar: "Heresia! Heresia! Heresia!"

      É mais fácil adotar o anonimato para debater e depois desaparecer. aliás, esse é o maior sinal de insegurança sobre o que se acredita: não ter a CORAGEM de se revelar, talvez por medo do que vai receber como réplica.

      É mais fácil PRESUMIR a ignorancia alheia, pois isso lhe torna automaticamente detentor de toda a verdade, apesar de covardemente anonimo! Que servo é esse, que quer me converter à sua verdade, mas não tem coragem de se revelar? Será que ele crê de fato no que reputa por verdade? Do que tem medo o anonimo? Vamos lá, crie o seu perfil, mas seja minimamente verdadeiro.

      E acima de tudo, não ignore a História de um povo, tomando por base o seu momento atual. Neste exato momento, a sua civilização está vivendo o exato ponto de decadencia que levou o Egito ao ponto em que se encontra hoje.

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  5. Anônimo5:55 PM

    Hermes, sou cantor lírico de opera e um dia tinha que cantar músicas Africanas com ritimo de batuque de umbanda, e misturado com a orquestra tinha gente de um terreiro de macumba que foi convidado para participar junto com a orquestra com seus instrumentos.
    E o pior tinha que usar uma roupa muito fina transparente que parecia o corpo todo só tampava o pênis com o objeto que usam no balé, o resto tudo ficava a mostra, eu como cristão recusei a cantar.
    O maestro era macumbeiro.
    Eu fiquei na platéia pois não podia sair pois pertencia o corpo do coral lírico, mas estava em oração.
    Hermes, o que vi ao passar as músicas, vi com meus olhos pessoas possessas caindo no chão, e dando cabeçadas na parede e no chão cantor fazendo isto? Eram os cantores que estavam cantando músicas de umbanda.
    Perguntei um cantor amigo que participou e ele disse que uma coisa incorporou dentro dele e ele saiu de si, não sabendo o que estava fazendo.
    Sua cabeça estava toda roxa de tanto bater no chão.
    Muitas coisa achamos que não tem nada a ver, mas o diabo usa esta pequena coisas para entrar e fazer o estrago na pessoa.

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  6. Lucas6:11 PM

    Hermes só quero dizer uma coisinha.
    Quando Caim matou Abel, Deus ó amaldiçoou sua vida, e Caim foi exatamente para a Africa conforme os estudos judaicos.
    Na bíblia não se encontra isto relatado, mas nos manuscritos original está exatamente a rota de Caim: África.
    Ele era amaldiçoado por Deus, e contaminou toda região e até hoje a África é uma pobreza em todos aspctos tanto financeira como espiritual.
    Mas Deus não deixou de ajudar Caim e olhar para ele.
    Mas a África pela sua devoção ao rituais macabros, Deus não tem prazer nisto, apesar que muitos Africanos estão convertendo a Jesus Cristo.
    Quem sabe este país será em breve uma nação cristã!
    Pois há poder no nome de Jesus.

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  7. Gente, pelo amor de Deus, esqueçam essas teorias malucas que algum pregador andou espalhando por aí. A maldição de Caim nunca teve nada a ver com a África ou com a pele negra. Isso é simplesmente ridículo.
    Quem disse que só há miséria naquele continuente (a propósito, não é um país, é um continente)?
    A África tem a maior fauna do mundo e uma das maiores floras, perdendo só para a Amazônia. A África é riquíssima em minerais. Boa parte dos diamantes comercializados na Europa e na América é produzida lá. O que a África não suporta mais é a exploração das nações consideradas desenvolvidas. Esta é a principal razão de sua pobreza. Até as guerras étnicas que acontecem lá servem ao propósito destas nações.
    Antes de emitir qualquer opinião, procurem interar-se. Sua opinião será respeitada, mas também será respondida.

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  8. Anônimo6:45 PM

    Bispo...
    É impressionante ver,como religiosos descérebrados ainda,conseguem acreditar nessa
    babaquice chamada,maldição de Caim...O cara vem aqui,faz um comentario anonimo,dizendo que já morou na África,apenas para dizer que ninguém conhece tanto quanto ele,e ainda fala um monte de bobagens,provavelmente,não conheça Marrocos,nem a propria Africa Do Sul,que tem seus lugares ricos...

    E quanto ao cantorzinho Lírico...conte outra,pois essa da possesão não colou.

    Paz e Bem

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  9. "E acima de tudo, não ignore a História de um povo, tomando por base o seu momento atual. Neste exato momento, a sua civilização está vivendo o exato ponto de decadencia que levou o Egito ao ponto em que se encontra hoje." Robson Lelles

    Tive que aplaudir...

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  10. Ai, Hermes!!!
    Que dureza ter que responder tantas questões colocadas sem pensar.
    De tanta gente que não conhece a escrituras e nem o poder de Deus e por isto, padece...
    Parabéns por suas colocações.
    Realmente estudados a Grécia, Roma e outras culturas o que realmente não podemos até por que não o fazemos mesmo, e participar dos ritos, conhecemos Baco, mas não ficamos em rodas de bêbados para festejar o vinho após a colheita...Estudar a cultura não é praticar as crenças da cultura, é só para nos aproximar e isto nos ajuda a saber por onde entrar com o evangelho...Não foi Paulo que começou a pregar após observar o altar ao deus desconhecido?!?
    É mais fácil ser radical do que buscar o equilíbrio...Equilíbrio é fruto do Espírito...
    Que Deus nos abençoe,

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