Por Hermes C. Fernandes
Desde o último post, temos refletido sobre a possibilidade de eliminarmos do Evangelho o conceito de graça. Já vimos, portanto, que falar do Reino de Deus sem a graça é o mesmo que apresentar um Deus tirano, que almeja cumprir Seus desígnios sem levar em conta Suas criaturas. Demonstramos que a justiça e o amor, atributos aparentemente contraditórios, são harmonizados pela graça, possibilitando assim uma inabalável estabilidade em todos os rincões do Seu Reino. Portanto, reino e graça são conceitos entrelaçados e indissociáveis.
Alguns que se consideram mais “espirituais” que a média, talvez aleguem que se subtrairmos o conceito de graça do
Evangelho, ainda teremos os dons espirituais, as manifestações sobrenaturais, os
milagres. O que dizer de tal raciocínio?
De onde, afinal, provém os dons do Espírito? Por quais critérios eles são
distribuídos?
Examinemos as Escrituras:
“Temos diferentes dons, segundo a graça que nos é dada. Se é profecia, seja ela segundo a medida da fé. Se é ministério, seja em ministrar; se é ensinar haja dedicação ao ensino; ou o que exorta, use esse dom em exortar; o que reparte, faça-o com liberalidade; o que preside, com cuidado; o que exerce misericórdia, com alegria” (Romanos 12:6-8).
A palavra dom vem do grego charisma, que tem como prefixo o vocábulo charis, que significa graça.
Portanto, não há charisma sem charis, pois a graça é a fonte de todos os dons. Repare no que diz Tiago:
"Toda boa dádiva e todo dom perfeito é la do alto, descendo do Pai das luzes, em quem não há mudança nem sombra de variação" (Tiago 1:17).
Tais dons não são distribuídos aleatoriamente, nem com base nos méritos humanos. Eles são concessões da graça. No dizer de Paulo, "um só e o mesmo Espírito realiza todas estas coisas, distribuindo particularmente a cada um como quer" (1 Coríntios 12:11). O que vale aqui não são os méritos, nem o desejo humano, mas unicamente o propósito divino.
Ademais, a concessão de dons não eleva-nos ao status de espirituais. Um exemplo disso pode ser encontrado na igreja de Corinto, talvez a mais carismática/pentecostal igreja do primeiro século da Era Cristã. Paulo chega a dizer que nela não faltava dom algum (1 Co.1:7). Porém, na mesma epístola, ele diz: "Eu, irmãos, não vos pude falar como a espirituais, mas como a carnais, como a meninos em Cristo. Com leite vos criei, e não com alimento sólido, pois ainda não estáveis prontos para isso. Com efeito, ainda agora não estais prontos. Ainda sois carnais" (1 Co.3:1-3a). Faltava-lhes maturidade, apesar dos dons. Eram meninos, carnais, invejos, contenciosos, mesmo manifestando os carismas do Espírito. Se os dons fossem distribuídos meritocraticamente, aquele seria a última igreja que os receberia.
Ademais, a concessão de dons não eleva-nos ao status de espirituais. Um exemplo disso pode ser encontrado na igreja de Corinto, talvez a mais carismática/pentecostal igreja do primeiro século da Era Cristã. Paulo chega a dizer que nela não faltava dom algum (1 Co.1:7). Porém, na mesma epístola, ele diz: "Eu, irmãos, não vos pude falar como a espirituais, mas como a carnais, como a meninos em Cristo. Com leite vos criei, e não com alimento sólido, pois ainda não estáveis prontos para isso. Com efeito, ainda agora não estais prontos. Ainda sois carnais" (1 Co.3:1-3a). Faltava-lhes maturidade, apesar dos dons. Eram meninos, carnais, invejos, contenciosos, mesmo manifestando os carismas do Espírito. Se os dons fossem distribuídos meritocraticamente, aquele seria a última igreja que os receberia.
Se removermos a graça, o que vai sobrar é o culto ao ego, ao carisma humano
disfarçado de carisma do Espírito. Pode ser que haja até manifestações aparentemente
sobrenaturais, mas desprovidas do propósito central que é glorificar a Cristo e
edificar o Seu Corpo. Os holofotes estarão sempre voltados para o indivíduo,
suas habilidades, seu poder de persuasão, sua pseudo-santidade.
Eis, abaixo, o propósito pelo qual Ele distribui dons ao Seu povo:
“E ele mesmo deu uns para apóstolos, e outros para profetas, e outros para evangelistas, e outros para pastores e doutores, tendo em vista o aperfeiçoamento dos santos para o desempenho do ministério, para a edificação do corpo de Cristo” (Efésios 4:11-12).
Os dons não devem jamais ser usados na promoção pessoal de quem quer que
seja. O fato de Deus ter dado a uns o que não deu a outros, não os faz melhores
ou superiores, e sim, servos dos demais. Este é o Espírito da Graça e da
Verdade. Confira o que Jesus disse acerca disso:
“Mas, quando vier o Espírito da verdade, ele vos guiará em toda a verdade. Não falará de si mesmo, mas dirá tudo o que tiver ouvido, e vos anunciará o que há de vir. Ele me glorificará porque há de receber do que é meu, e vo-lo há de anunciar” (João 16:13-14).
Quando o homem é glorificado no lugar de Deus, a mentira ocupou o lugar da
verdade. Este age, ora na força do próprio braço, ora sob a influência de
espíritos de engano. É o que Paulo chama de “operação do erro”,
que opera segundo a “eficácia de Satanás, com todo poder, e sinais e
prodígios da mentira, e com todo engano da injustiça para os que perecem.
Perecem porque não receberam o amor da verdade para se salvarem” (2
Tessalonicenses 2:9-10).
Que outra maneira teríamos de distinguir a atuação do Espírito de mero
charlatanismo? Verifiquemos os frutos. O verdadeiro carisma do Espírito vem
sempre acompanhado da manifestação do caráter de Jesus. Carisma sem caráter é
embuste, carnalidade travestida de espiritualidade.
É a manifestação do caráter de Cristo que evidenciará nossa conversão. Falar em línguas pode até ser importante, mas não comprova que
alguém fora realmente batizado no Espírito Santo. Lembre-se que Jesus jamais
falou em línguas! E duvido que alguém tenha sido tão cheio do Espírito quanto
Ele. A melhor evidência de quem alguém recebeu o Espírito de Cristo é “andar
como ele andou” (1 João 2:6). E o Espírito Santo fará tudo para chamar a
atenção de todos à Cristo, e não a Si mesmo ou àquele que O recebeu.
Irmão Hermes graça e paz de Jesus Cristo de Nazaré.
ResponderExcluirMeu irmão se possível quero deixar meu comentário amém?
" DIFERENTES DONS, SEGUNDO A GRAÇA";
Romanos 12.6
O apóstolo Paulo alista os dons da graça no grego é ( charismata), como são chamados.
Um dom espiritual pode constiuir-se de uma disposição interior, bem como de uma capacitação ou aptidão concedida pelo Espírito Santo ao indivíduo, na congregação, para edificação do povo de Deus e para expressar o seu amor a outras pessoas; leia
Filipenses 2.13; I Coríntios 12.1; I Pedro 4.10.
A lista de Paulo dá, aqui, dos dons da graça divina deve ser considerada um exemplário e não a totalidade deles para maior abordagem dos dons espirituais; leia I Corintios 12- 14.
" EXORTA...REPARTE...PRESIDE...EXERCITA...
MISERICÓRDIA; Romanos 12.8.
Trata-se, aqui, de dons espirituais.
1- EXORTAR: É a disposição, capacidade e poder dados por Deus, para o cristão proclamar a Palavra de Deus de tal maneira que ela atinja o coração, a consciência e a vontade dos ouvintes, estimule a fé e produza nas pessoas uma dedicação mais profunda a Jesus Cristo e uma separação mais completa do mundo; leia
Atos 1.23; 14.22; 15.30-32; 16.40;
I Coríntios 14.3; I Tessalonicenses 5.14-22; Hebreus 10.24,25.
2- REPARTIR: É a disposição, capacidade e poder, dados por Deus a quem tem recursos além das necessidades básicas da vida, para contriubuir livremente com seus bens pessoais, para suprir necessidades da obra ou do povo de Deus; leia 2 Coríntios 8.1-8; Efésios 4.28.
3- PRESIDIR OU LIDERAR: É a disposição, capacidade e poder dados por Deus, para o obreiro pastorear, conduzir e administrar as várias atividades da igreja, visando ao bem espiritual de todos; leia Efésios 4.1,12;
I Timóteo 3.1-7; Hebreus 13.7,17,24.
4- MISERICÓRDIA: É a disposição, capacidade e poder dados por Deus para o cristão ajudar e consolar os necessitados ou aflitos; leia Efésios 2.4
" DONS ESPIRITUAIS"; leia I Coríntios 12.1-6.
Os termos qua a Bíblia emprega para os dons espirituais descrevem a sua natureza.
1- " DONS ESPIRITUAIS";
no grego é ( pneumatika, derivado de pneuma, "espírito")A expressão refere-se às manifestações sobrenaturais concedidas como dons da parte do Espírito Santo, e que operam através dos cristãos, para o seu bem comum; leia
I Coríntios 12.1,7; 14.1.
2- "DONS" OU "DONS DA GRAÇA" no grego é (charismata, derivado de charis, "graça"), indicam que os dons espirituais envolvem tanto a motivação interior da pessoa, como o poder para desempenhar o ministério referente ao dom
(e,a capacitação dinâmica) recebido do Espírito Santo. Esses dons fortalecem espiritualmente o corpo de Cristo, e aqueles que necessitam de ajuda espiritual; leia I Coríntios 12.4; Romanos 12.6; Efésios 4.11; I pedro 4.10.
3- " MINISTÉRIOS" no grego é ( diakoniai, derivado de diakonia, "SERVIÇO"). Isso mostra que há diferentes tipos de serviços e que certos dons envolvem o recebimento da capacidade e poder de ajuda e assitir o próximo; leia I Coríntios 12.4,5,27-31; Efésios 4.7,11-13. Paulo indica que o aspecto ministerial dos dons fala do ministério do Senhor Jesus como "SERVO". Assim, a operação dos dons é defenida em termos da presença e da ação de Jesus Cristo em nosso meio; leia
I Coríntios 12.3; 1.4.
4- " OPERAÇÕES" OU "EFEITOS";
no grego é ( energemata, derivado de energes, ("ATIVO OU ENÉRGICO). O termo indica que os dons espirituais são operações diretas do poder de Deus Pai, visando resultados definidos; leia I Coríntios 12.6,10.
5- " A MANIFESTAÇÃO DO ESPÍRITO";
No grego é ( phanerosis, derivado de phaneros, " MANIFESTAR") realça o fato de que os dons espirituais são manifestações diretas da operação e da presença do Espírito Santo na congregação no povo do Deus Vivo; leia
I Coríntios 12.7.11.
O Único Deus que distribui à Igreja a sua multiforme variedade de Dons é a unidade Trinitária que habita os trabalhadores da seara Divina.
ResponderExcluirA manifestação do Poder de Deus através das ações humanas habilitadas pelo Espírito Santo são questionadas pelos meios operados, nunca pelos fins alcançados por uma linguagem “sem” o recreio da tradição.
O Espírito de Deus pode usar desta mídia, por exemplo, para estabelecer um relacionamento vivificante sobre a Graça distribuída às Denominações congregacionais que interagem através deste aparelho.
Deus habilitou indoutos pescadores para trabalhar em serviços melindrosos dignos de perícia experimentada no trabalho do Reino.
O Discurso aparentemente subtraído da Graça pode ser exatamente o tipo de Discurso apropriado para impingir em determinados indivíduos a vontade de Deus.
Os Dons Espirituais distribuídos por Deus são multiformes e a sua variedade pode vir compilada pela Graça de uma linguagem compreensiva aos ouvidos que não possuem a devida domesticidade com a palavra do oficio.
O Único Deus que distribui à Igreja a sua multiforme variedade de Dons é a unidade Trinitária que habita os trabalhadores da seara Divina.
ResponderExcluirA manifestação do Poder de Deus através das ações humanas habilitadas pelo Espírito Santo são questionadas pelos meios operados, nunca pelos fins alcançados por uma linguagem “sem” o recreio da tradição.
O Espírito de Deus pode usar desta mídia, por exemplo, para estabelecer um relacionamento vivificante sobre a Graça distribuída às Denominações congregacionais que interagem através deste aparelho.
Deus habilitou indoutos pescadores para trabalhar em serviços melindrosos dignos de perícia experimentada no trabalho do Reino.
O Discurso aparentemente subtraído da Graça pode ser exatamente o tipo de Discurso apropriado para impingir em determinados indivíduos a vontade de Deus.
Os Dons Espirituais distribuídos por Deus são multiformes e a sua variedade pode vir compilada pela Graça de uma linguagem compreensiva aos ouvidos que não possuem a devida domesticidade com a palavra do oficio.
PAIXÃO, Edson.
É muito mais simples conferir a responsabilidade pela nossa vida espiritual a terceiros. Seguir as "orientações" dadas pelo pastor, pelo profeta, pelo professor da escola dominical ou pelo "irmão/irmã de oração" é infinitamente mais fácil do que se responsabilizar peos prórpios erros e acertos na caminhada com Jesus.
ResponderExcluirEm um cenário em que pessoas querem soluções rápidas, fórmulas espirituais mágicas e certezas de que suas angústias serão amenizadas, os "bem dotados" espiritualmente sofrem o assédio dessa multidão de desesperados em busca do lenitivo para suas dores.
Dores em geral causadas por eles próprios na condução equivocada de sua espiritualidade. Atribuindo ao reino espiritual aquilo que o homem deve fazer.
Um exemplo simples é a maneira como tratamos as crianças em uma igreja: levamos nossos filhos acreditando que a simples presença na "salinha" com as "tias" formará em nossos filhos o caráter de Cristo. Mas em casa não fazemos nem os levamos a fazer algo que nos promova crescimento espiritual (não oramos com eles, não lemos a Bíblia etc).
Não é uma crítica ao trabalho das professoras da EBD, antes uma denúncia doabuso que certos pais praticam em relação a elas, tratando-as como babás de eus filhos durante o culto.
Mas voltando ao assunto, é mais fácil perguntar ao "profeta" do que meditar sobre a palavra. É mais cômodo transferir o problema do casal para as costas do pastor de que dialogar com o cônjuge ferido por anos de displiscência afetiva.
Em outras palavras, delega-se (por omissão) aos "líderes espirituais" o poder de legislar sobre a vida das ovelhas e qualquer poder pode corromper. Mais destruidor é o poder em um coração sujeito à soberba e à arrogância. Daí surgem as aberrações geradas no seio de igrejas em que a ênfase é nos dons e não do galardoador dos dons.
O fim dos dons é sempre "para o que for útil", nunca para que "eu cresça" e Cristo diminua.
Que Deus tenha misericórdia de nós!