Rick Warren. Tradução de Agência Pavanews
Em 5 de junho de 1981, minha esposa Kay estava prestes a dar à luz ao nosso segundo filho. Absorvidos com os cuidados em relação ao de 2 anos e nos preparando para receber um recém-nascido, a coisa mais distante em nossas mentes era a notícia daquele dia sobre um grupo de homens em Los Angeles com uma doença misteriosa e devastadora.
O que começou na África e foi detectado pela primeira vez neste pequeno grupo na Califórnia tornou-se uma epidemia, aumentando depois para uma pandemia – atingindo todos os países, em todos os continentes.
Embora parecesse tarde para entrar nessa luta, em 2003 Kay e eu ouvimos Deus nos chamar para cuidar de pessoas infectadas, para levantar nossas vozes em nome delas e descobrir maneiras práticas de como as igrejas locais poderiam atendê-las.
Viajamos para a África, o marco zero desta pandemia, e ficamos com o coração partido ao ver a dor deles. Também nos emocionamos muito com a compaixão que testemunhamos. Sentamos com homens e mulheres que estavam morrendo, seguramos bebês recém-órfãos em nossos braços e choramos junto com os membros de famílias despedaçadas.
Nos EUA, já tínhamos ouvido diversos líderes, incluindo pastores, fazer pronunciamentos sobre a AIDS e sugerindo que os infectados eram inimigos ou, pelo menos, mereciam a sua doença. No entanto, testemunhamos naqueles dias milhares de seguidores de Cristo abrindo seus corações, suas casas, suas carteiras e suas igrejas para seres humanos que sofriam. Claramente, as igrejas locais estavam na vanguarda desta batalha na África.
Kay Warren em Ruanda, em 2007.
Voltamos para casa determinados a criar um modelo de resposta para o HIV e para a AIDS em nossa igreja, inspirados pela resposta da Igreja Africana. Convidamos um membro da nossa igreja – em Saddleback, no sul da Califórnia – que era HIV positivo para contar sua história no púlpito pela primeira vez.
Os membros da igreja responderam com imenso amor. Depois que as pessoas perceberam que nossa igreja era um lugar seguro, outras pessoas HIV positivo começaram a frequentar a comunidade e falar abertamente sobre o seu estado. Para ajudar a remover o estigma, fiz publicamente o teste de HIV diante de nossas câmeras de TV.
Montamos diversos grupos de apoio para pessoas infectadas ou afetadas pelo problema. Membros da igreja foram treinados para fazer parte de equipes de apoio; trouxe especialistas na área para pregar em nossa congregação e realizamos três “cúpulas mundiais sobre a Aids e a Igreja” para debater sobre os mais recentes aspectos científicos, comportamentais e psicossociais da doença. Entramos em contato com organizações locais, regionais, nacionais e internacionais, oferecendo nossos recursos humanos e redes de apoio na luta contra a AIDS.
Uma das grandes lições dessa luta é que a maneira mais rápida de mobilizar pessoas em todo o mundo é através de congregações locais. Nada se compara ao tamanho e ao escopo desse grupo de voluntários compassivos.
A igreja tem a maior rede de contatos do planeta. Há mais igrejas no mundo do que todos os Wal-Marts, McDonald e Starbucks juntos. A igreja já era global duzentos anos antes de qualquer outro pensamento da globalização. Em milhares de aldeias ao redor do mundo a única instituição a falar ao povo é a igreja.
Além disso, a igreja cristã é a única organização que cresce mais rapidamente que a taxa de novas infecções: enquanto 7.000 pessoas são infectadas no mundo todos os dias, os peritos estimam que o crescimento da igreja alcança cerca de 35.000 novos convertidos diariamente, somente na China. Esses membros da igreja têm uma motivação para servir sem fins lucrativos. Somos ordenados por Jesus Cristo a “amar o próximo como a nós mesmos”.
Nossa igreja enviou 14.869 de nossos membros para todas as 195 nações do mundo, um teste do programa que incentiva a igreja local a ser humanitária seguindo o modelo de Jesus. Chamamos o plano de P.E.A.C.E. ["Paz", em inglês].
Aprendemos que qualquer igreja pode proporcionar 6 serviços essenciais na luta contra HIV/AIDS:
- Cuidar e apoiar os doentes. Cuidar não requer dinheiro, apenas vontade de oferecer compaixão e bondade.
- Promover testagem do HIV. Todas as igrejas podem incentivar os membros a fazer o teste. Todos devem saber como está a sua saúde.
- Enviar voluntários. Nunca haverá profissionais suficientes para corrigir tudo o que está errado em nosso mundo. A igreja cristã afirma ter 2,3 bilhões seguidores em todo o mundo. Se apenas metade deles fossem mobilizados para cuidar de pessoas com HIV e AIDS, a luta seria muito diferente.
- Retirar o estigma. Não é pecado estar doente. Jesus nunca perguntou a uma pessoa doente: “como você ficou doente?” Ele perguntou: “como posso ajudá-lo?”
- Ensinar o comportamento saudável. O contágio com HIV é quase completamente evitável. O acesso ao tratamento do HIV na fase inicial da doença é vital para prevenir a transmissão, mas o custo pode ser muito alto. Uma mudança de comportamento continuará sendo a forma mais eficaz de reduzir o número de novas infecções.
- Ajudar com medicamentos antirretrovirais para os pacientes. A maneira mais simples para reduzir novas infecções, ajudar as pessoas infectadas a viver mais tempo e evitar que crianças fiquem órfãs, é criar responsabilidade com auxílio da medicação. Voluntários da igreja podem fazer visitas diárias ou telefonar lembrando as pessoas de tomar os medicamentos.
Essa estratégia tem sido um enorme sucesso em locais como a Província Ocidental de Ruanda. Nossa igreja, o governo de Ruanda e as igrejas locais estabeleceram um programa-piloto para treinar agentes comunitários de saúde naquela região. Iniciado em 2008, mais de 2.800 voluntários da comunidade foram treinados pelas igrejas a assumir um trabalho que cobre 26.000 casas na zona rural, onde há um hospital para cada 300 mil moradores.
Esses voluntários oferecem informações básicas de saúde e estão tratando doenças evitáveis e oportunistas – os grandes responsáveis pela morte das pessoas que vivem com o vírus. A vida de 120.000 crianças e 50.000 adultos está sendo positivamente impactada por nós.
Trinta anos se passaram desde que começamos a ouvir falar de HIV. Ao longo desse tempo, milhões de pessoas perderam a vida e milhões de crianças ficaram órfãs. Muitos outros milhões estão vivendo com o vírus hoje. Contudo, se a igreja e outras comunidades de fé se envolverem com os governos e outras organizações de saúde que aceitem a nossa ajuda, o futuro pode ser brilhante.
Via Pavablog
Prezado Pr. Hermes, é a isto que chamo ação. Simples assim!
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