segunda-feira, junho 13, 2011

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Que grande farsa somos!


Por Alex Carrari



Hipócritas! Bem profetizou Isaías a vosso respeito, dizendo: Este povo honra-me com os lábios, mas o seu coração está longe de mim. E em vão me adoram, ensinando doutrinas que são preceitos de homens” Mt 15.7-9

Salvo alguns que não se dobraram a baal, somos todos uns canalhas. Eu, você, nós todos somos uma grande farsa, a maior de todas as farsas. E sabe por quê?


Organizamos nossas vidas de modo que tenhamos o mínimo dispêndio com a garantia do maior e melhor retorno. Fingimos que somos de outra estirpe, a dos filhos prediletos. Como filhos prediletos, queremos ser restituídos, queremos de volta o que é nosso. Rejeitamos todo mal, declaramos a nossa vitória, quebramos todas as correntes, exigimos nossa benção, sacudimos o inferno, não por sermos de Espírito libertário, muito menos altruístas; reagimos às ameaças negativas do “no mundo tereis aflições”como bons invólucros do espírito do capitalismo, do que é nosso e ninguém tasca, sendo essa nossa ética gospelizante. 


Dos nossos guetos, claustros protegidos por hostes angélicas imaginárias, estabelecemo-nos nas estatísticas do emergente mercado com produtos alinhados com o exigente gosto do consumidor evangélico. “Enfim uma linha de produtos com a nossa cara” declara a perua de Jesus. A cruz da vergonha, símbolo de assombro, pedestal do maldito, foi estampada com alegres cores e as vendas alavancaram. O peixinho antes solitário na rabeira dos carros agora endossa Filipenses 4.13, assim, não se dá satisfação para o significado de um ao passo que ninguém se atenta para o versículo anterior do outro. Podemos então astutamente declarar “tudo posso naquele que me fortalece” depurando nossa ganância, afinando o mau senso de que temos o rei na barriga. Na cara dura agradecemos a Deus por nossos sonhos de consumo se realizarem, mesmo que uma pequena – ou grande dependendo da gula do fiel – barganha tenha sido requerida para a liberação das bênçãos. A campanha dos vinte e um dias de Daniel não costuma falhar com aqueles que são, digamos mais liberais nas contribuições. Jesus é nosso chapa, e Deus dá honra a quem tem honra é o ditado e pretexto.


Comer a carne e beber o sangue do Filho do Homem é demais para nosso paladar requintado, queremos os manjares de Nabucodonozor, basta obedecer o Cristo em outra instância – que não a de tomar a cruz diária – e comeremos do melhor desta terra. A promessa concreta que é “Cristo em nós esperança da glória”, que permeia a história do Antigo e Novo Testamento, foi dissolvida, perdeu seu caráter e virou qualquer coisa, quem tiver a mais criativa imaginação que molde e determine a sua. Deus é Deus de promessa “mer mão” vocifera em saltos histéricos o pastor que se gabou de comprar um jato pela “pequena bagatela” de doze milhões de reais com o dinheiro sabe de quem?

O mandamento era ide e fazei discípulos, e o que fizemos? Cínico proselitismo. E sabe por quê? Porque somos uma farsa e já percebemos isso, nossa casa caiu. Então arregimentamos novas “almas” para compor uma sofisticada logística do entretenimento em que o evangelho é servido via fast food, e a igreja para não ir a bancarrota por causa de sua insipidez importa fórmulas de crescimento, franquias norte-americanas compondo o pacote camisetas, canecas, bonés, manuais de auto-ajuda e sermões previamente arranjados. Somos uma farsa denunciada por nossos projetos megalomaníacos, mega-templos – com loja de conveniência e chafariz –, marcha para Jesus – ufanismo quantitativo –, assistência social – desencargo de consciência e escape do sentimento de culpa por sermos avarentos e egoístas –, descaso com missões – o que importa são as almas –, discipulado – catecismo de cacoetes, novas manias e antigas neuroses.

Criamos uma bem guardada resistência às histórias de sofrimento alheio quando o assunto é padecer pela causa do Cristo. A emoção corre solta durante o testemunho do missionário, e dura até no máximo a primeira oração da próxima reunião, quando o mundo volta a girar em torno do centro da terra, o umbigo das nossas panças bem forradas. Histórias como da pequena Nina de dois anos que vive com seus pais missionários embrenhada nas matas entre os ribeirinhos do amazonas, que está vomitando a dias com suspeita de algum parasita ter tomado sua barriga, é exemplo sabe pra que? Sabe qual a grande lição que guardamos das crianças ribeirinhas que adquirem doenças desconhecidas por comerem peixes contaminados por não terem outra opção? Que Deus é bondoso conosco e nos garante comida limpa e mesa farta – afinal o justo não mendiga o pão. Que esse é um forte indício para acolhermos nossos bens de consumo e agradecer a Deus por nossos filhos estarem a salvo dos perigos da pobreza. 


No caso de sermos acusados por nossa própria consciência – o juiz que Deus nos colocou no íntimo – de que algo nessa trama não se harmoniza com as palavras do Nazareno, somos confortados com saídas bem satisfatórias, tipo: Deus tem um propósito nisso, ou, foram predestinados para esse fim, ou ainda, não chegou o tempo de Deus na vida desses coitados. O drama de Nina é um dentre tantos dramas contados por aí sobre os que pagam um alto preço por proclamar a rude cruz com todas as suas implicações, que deveria deixar-nos envergonhados por habitarmos em belas e espaçosas casas, por termos comida boa, roupa nova, plano de saúde, igreja com banco confortável, projetos, sonhos, canecas, bonés e camisas floridas estilo Rick Warren.
Deveríamos nos arrepender por comermos contra-filé e tomarmos Coca dietenquanto nas eiras do norte e nordeste comunidades inteiras comem bife de cacto não sem antes beber a água. Nossa cara deveria enrubescer por um missionário ter seu sustento – que é ínfimo, migalhas que caem da mesa de seus donos – ser desconsiderado como prioridade porque outros projetos institucionais são de maior importância e urgência. Por projetos institucionais entenda a construção do mega-templo, o aumento do salário de parlamentar do pastor, o gasto com propaganda midiática da denominação, a manutenção do conforto dominical do contribuinte-consumidor, importação de produtos da franquia, etc.

Julgamos ser assunto de primeira ordem a conservação do excedente dos nossos luxos e prazeres inúteis. Morreremos pela boca, já que com a boca distorcemos o discurso do Cristo para satisfazer nossos prazeres e deleites quando pedimos o que não se deve pedir. Pedimos mal e nos prostramos sobre a proposta do tentador que habita em nós. Queremos tudo e tudo nos será dado se prostrados adorarmos o lado enegrecido da nossa alma. Desconfiados de que amanhã o maná não cairá, estocamos hoje o da semana e quando percebemos que a sobra azedou fazemos caridade com a comida que já não presta. 


Não há em nosso discurso e prática, equivalente lingüístico nem espaço físico para o nós, tampouco para o nosso. É o meu milagre, a minha vitória, a minha benção, eumeu, eumeumeuminhameuminha... É só crer e não duvidar que hoje o meu milagre vai chegar.

Do conselho de Paulo “Não tenha cada um em vista o que é propriamente seu, senão também cada qual o que é dos outros” só consideramos o que do outro eu também almejo, seus bens de consumo. Com a cara lavada somos gratos a Deus por nosso padrão de vida estar se elevando ao passo que indiretamente afirmamos que Deus faz acepção de pessoas, já que pra mim aqui no sudeste é prometido uma terra que mana leite e mel, enquanto no norte e nordeste outros comem cacto não sem antes beber a água.


Somos a maior farsa de todas, pois, corrompemos a maior história de todas. Por conveniência dizemos coisas que o Cristo não disse e omitimos outras que ele disse. Caso nossa estabilidade e tranqüilidade – que com muito custo conquistamos domingo a pós domingo, mensagem após mensagem, louvor após louvor, dízimo após dízimo – seja de alguma forma ameaçada sacamos logo de uma fala de Jesus e entoamos um mântra para amarrar todo mal. Assim proclamamos, por uma questão muito mais de fazer novos prosélitos e mostrar que detemos o monopólio da verdade do que propriamente amor ao outro, um Jesus que nunca conhecemos.


Diógenes circula com uma lanterna no meio dos crentes em pleno meio dia procurando algum sábio sem que o possa achar.


Os sábios não estão entre nós, estão existencialmente no exílio, onde até as pedras estão clamando. Elias não fazia a menor idéia, mas sete mil ainda não tinham se dobrado, pois estes estavam fora do grande eixo, não possuíam nome nem imagem. Deus não esta no templo. Deus clama no deserto e o batista lhe empresta a voz.

O sal se tornou insípido. A luz está colocada de baixo do alqueire. A casa foi construída na areia. O Cristo está à porta, mas não lhe abrimos passagem. E juramos de pé junto com base nas estatísticas que estamos certos.

Alex Carrari em Herdeiros do Deserto em um dos textos proféticos mais pertinentes que li nos últimos meses. Título original: "Somos uma grande farsa". 

6 comentários:

  1. O pai disse: Tudo o que é meu, é teu.
    Mas o filho cheio da luz do Pai sempre vai cobiçar o que já é "seu".

    Então precisamos dar nossa vida. Sacrifício vivo. Morrer, como Cristo morreu. Ser sufocado pela Terra. As trevas só existem para mostrar o que é a luz.

    O castigo que nos traz a Paz estava sobre Ele. O castigo que é justiça de Deus.

    Maravilhoso Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade e Príncipe da Paz.

    Graças a Deus por Jesus Cristo!

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  2. Legal a sacudida desse texto...

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  3. Sandra10:15 AM

    O que fazer,onde ir,para onde correr? Essas palavras duras, certeiras, dói na alma, é assim que sinto todos os dias, uma grande farsa, com vergonha até de orar, de colocar-me diante do Todo Poderoso, para onde iremos? Se não fosse a palavra, nem aqui estaria mais, enquanto a nossa esperança estiver nesse mundo a farsa continuará.
    Tiago 4 afligi-vos,lamentai e chorai...acorda igreja, acorda, desperta antes que venha o terrível dia do Senhor.
    Meu dia não será mais o mesmo depois dessa leitura, e nem minha vida.Obrigada!

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  4. Pastor Roberto11:21 AM

    Não vejo nada demais pastor comprar um jato, vc sabe se a família dele é milionária?
    Vc sabe se este pastor é empresário de uma multi-nacional o dono e é milionário?
    Vc sabe de alguns pastores que compram mansões, carros importados etc, são empresários donos de multi-nacionais?
    Que besteira é esta!
    Cuidada de sua vida que é melhor e olhe o salário que vc ganha.
    Se tiver ruim, esforça para aumentá-lo, e faça horas extras! Vai trabalhar para ter alguma coisa!
    Ficar acusando esse ou aquele, olhe se a família deles é rica ou se ele é dono de empresas, um trabalhador que consegui com seus esforços!
    O tema e farça! esses que atiram as pedras estão doidinhos para estar em uma igreja enorme de renome, e ganhar dinheiro facíl como eles dizem e fazer o mesmo que eles dizem que o pastor fazem! Tenho todo certeza.
    Bando de Hipocritas!
    Se tem pastor roubando, tem também políticos e etc, quem sabe até que escreve textos!
    Há exceção meu caro! Tem milhares de pastores que conheço que são podres de ricos antes de serem pastores se vc não sabe ok?
    Eu sou um deles! Tenho empresas desde os meu 25 anos hoje tenho cinquenta anos oK, e sou pastor de uma igreja.
    Tenho o que quero do bem e do melhor deste mundo, sem precisar de nenhum centavo da igreja que sou líder.
    Aliás uns dos maiores dízimo é o meu! Fora os empregos que dou aos membros nas minhas empresas.
    E tem mais, esta igreja que dirijo é de renome internacional.
    Farça, meu amogo! É o congresso nacional! Farça meu amigo! É o salário mínimo! Farça meu amigo! É vc ver as coisas e ficar calado; sendo uma delas à corrupção de políticos roubando do povo pobre, e vc ficar falando só de pastores que é o lado mais fraco.
    Porque vcs não falam de políticos que robam, tem medo não é mesmo? Lá vcs tomam processos nas costas, ou até mesmo perdem o seu emprego se os denunciarem.
    Porque eles tem o poder nas mãos neste mundo, fazem o que quer e vcs com cara de palahaços.
    Sejam responsáveis e denuncie ao Ministério Público se algum pastor estiver roubando e também os políticos que estão sempre roubando debaixo de seus nariz e vcs não fazem nada, e ainda votam neles!
    O roubo é crime e gera processo criminal! Denuncie por favor não só pastores como vcs dizem, mais também políticos e empresários corruptos.
    Omissão é crime ok?
    Isto que é "FARÇA".

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  5. Anônimo11:51 AM

    Quart-feira, Outubro 14. 2009.
    O Deus e seus instrumentos.
    Habacuque 1: 1-11
    A primeira coisa que descobrimos quando estudamos as ações de Deus é que pode parecer que Ele esteja estranhamente silencioso e inativo em circunstâncias provocativas. Por que Deus permite que certas coisas aconteçam? Por que a Igreja Cristã é o que é hoje? Veja sua história no decurso dos últimos quarenta ou cinqüenta anos. Por que permitiu Deus tais condições? Por que Ele não fere de morte as pessoas que proferem blasfêmias e negam a fé que deveriam pregar? Por que permite ele que se façam tantas coisas erradas até mesmo em seu nome? Também, por que Deus não respondeu às orações de seu povo fiel?...
    Nota de Hermes Fernandes: Este texto parece ter sido escrito ontem, mas foi escrito há muitas décadas. De fato Lloyde Jones foi um homem à frente do seu tempo. Quem diria que um pastor reformado, extremamente ortodoxo em sua doutrina, admitiria a possibilidade de Deus usar instrumentos de fora da Igreja? Isso nada mais é do que a graça comum levada às últimas conseqüências. É nisso que creio! Por isso, não tenho qualquer dificuldade em publicar neste espaço textos atribuídos a pessoas que não professem a fé reformada, como eu. Fico extremamente à vontade, e chego até mesmo a aplaudir, quando escuto a verdade de Deus pelos lábios profetas de outros arraiais. Frei Betto, Leonardo Boff, e até profetas seculares, engrossam as fileiras daqueles que Deus tem usado fora dos limites da Igreja evangélica. Também dou boas vindas às vozes emergentes, como Maclaren, Rob Bell, e outros, e ainda que não concordemos com tudo o que dizem, pelo menos nos fazem sair um pouco do nosso aquário, e levantar questões antes desprezadas em nossos círculos.

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  6. O Pr Roberto ficou tão ensandecido por que a carapuça serviu ou faltou pano?

    Se liga homem, só pela linguagem e a defesa que fez desses canalhas, como Malafaia e cia, dá na cara que vc é farinha do mesmo saco. Vc também é uma grande farsa, quando escrevi este texto pensava também em vc.

    Alex Carrari

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