Mateus termina esta parte do sermão profético com Jesus dizendo: “Mas todas essas coisas são o princípio das dores” (24:8). A palavra “dores” aqui significa literalmente “dores de parto”. O velho aión estava gemendo, proferindo vários “ais!” antes de dar à luz o novo aión.. Todos os cataclismos naturais preditos por Jesus nada mais eram do que os gemidos da criação. No dizer de Paulo, “toda a criação geme como se estivesse com dores de parto até agora” (Rm.8:22). É a partir do velho mundo que Deus cria o Novo Mundo. Espiritualmente falando, o Novo Aión foi concebido na Cruz, nasceu no Pentecostes, e teve seu umbigo aparado no momento em que o Velho Tabernáculo, o Templo judeu caiu. Entretanto, quando falamos do cosmos, da criação, temos que admitir que ela ainda geme, com dores de parto, aguardando tão-somente a parousia dos filhos de Deus (Rm.8:19). Quando todos os filhos de Deus houver se manifestado, e a plenitude dos gentios houver adentrado a Cidade de Deus, então, as dores de parto da criação terão chegado ao fim. O mundo já estará todo renovado, e a natureza viverá em harmonia sob o cuidado/domínio dos filhos de Deus. Portanto, essas dores de parto só terminarão quando todos os filhos de Deus houver se manifestado, e isso, por sua vez, só ocorrerá quando Cristo retornar fisicamente a Terra. Por isso, ainda hoje há terremotos, maremotos, vulcões, secas e outros cataclismos.
As Predições de Cristo e o caos social
Depois de mostrar o quanto a ordem social, e a ordem natural da criação seriam afetadas como prelúdio do juízo que cairia sobre Jerusalém e seus habitantes, Jesus muda Seu foco. Agora, Ele passava a mostrar o quanto a própria Igreja sofreria durante aquilo que Ele chamou de “Princípio das Dores”.
Perseguição
“Mas antes de todas estas coisas, lançarão mão de vós, e vos perseguirão, entregando-vos às sinagogas e às prisões, e conduzindo-vos à presença de reis e governadores, por causa do meu nome. Isto vos acontecerá para testemunho. Mas proponde em vossos corações não premeditar como haveis de responder, porque eu vos darei boca e sabedoria a que não poderão resistir nem contradizer todos os que se vos opuserem. Até pelos pais, irmãos, parentes e amigos sereis entregues, e matarão alguns de vós. De todos sereis odiados por causa do meu nome. Mas não perecerá um único cabelo de vossa cabeça. Na vossa perseverança ganhareis as vossas almas” (Lc.21:12-19). Toda a perseguição predita aqui cumpriu-se nos dias da Igreja Primitiva. Aquela foi, por assim dizer, a grande tribulação. Basta um olhada superficial nos Atos dos Apóstolos para averiguarmos isso. Os apóstolos foram entregues às sinagogas, e delas foram diretamente para as prisões.
Depois de mostrar o quanto a ordem social, e a ordem natural da criação seriam afetadas como prelúdio do juízo que cairia sobre Jerusalém e seus habitantes, Jesus muda Seu foco. Agora, Ele passava a mostrar o quanto a própria Igreja sofreria durante aquilo que Ele chamou de “Princípio das Dores”.
Perseguição
“Mas antes de todas estas coisas, lançarão mão de vós, e vos perseguirão, entregando-vos às sinagogas e às prisões, e conduzindo-vos à presença de reis e governadores, por causa do meu nome. Isto vos acontecerá para testemunho. Mas proponde em vossos corações não premeditar como haveis de responder, porque eu vos darei boca e sabedoria a que não poderão resistir nem contradizer todos os que se vos opuserem. Até pelos pais, irmãos, parentes e amigos sereis entregues, e matarão alguns de vós. De todos sereis odiados por causa do meu nome. Mas não perecerá um único cabelo de vossa cabeça. Na vossa perseverança ganhareis as vossas almas” (Lc.21:12-19). Toda a perseguição predita aqui cumpriu-se nos dias da Igreja Primitiva. Aquela foi, por assim dizer, a grande tribulação. Basta um olhada superficial nos Atos dos Apóstolos para averiguarmos isso. Os apóstolos foram entregues às sinagogas, e delas foram diretamente para as prisões.
Foram as autoridades judaicas as principais opositoras do Evangelho no primeiro século. Foram também elas que conduziram os apóstolos à presença de reis e governadores para depor (ex.: At.23:12-15; 24:1). Aquele período se encaixa bem com o que chamamos de Grande Tribulação. Muitos discípulos foram martirizados, a exemplo do que aconteceu com Estêvão, Tiago, e o próprio Paulo, que foi decapitado, e também Pedro, que foi crucificado de cabeça para baixo, como afirma a tradição. O que os mantinha firmes em sua convicção era a promessa de que na perseverança eles ganhariam as suas almas. Por isso, muitos deles, ao serem conduzidos à arena para serem atirados às feras, iam cantando e glorificando a Deus. Outros eram mortos rogando a Deus que perdoasse os seus algozes.
É bem verdade que durante outros períodos a igreja foi combatida, perseguida, e que muitos dos seus seguidores foram torturados até a morte. Ainda hoje, em alguns países islâmicos, os cristãos são presos, e até mortos por amor à sua fé. Entretanto, jamais houve ou haverá qualquer perseguição contra a igreja numa escala parecida com a que houve no primeiro século da era cristã. É de Cristo a declaração que haveria então “grande aflição, como nunca houve até agora, nem jamais haverá. Se aqueles dias não fossem abreviados, nenhuma carne se salvaria, mas por causa dos escolhidos serão abreviados aqueles dias” (Mt.24:21-22).
Apostasia
Em função da dura perseguição suscitada pelos judeus e por Roma, muitos cristãos se deixaram apostatar da fé. Jesus prediz: “Nesse tempo, muitos se escandalizarão, trair-se-ão mutuamente e se odiarão uns aos outros (...) E por se multiplicar a iniqüidade, o amor de quase todos esfriará. Mas aquele que perseverar até o fim será salvo” (Mt.24:10,12-13). Tudo isso se cumpriu na igreja do primeiro século. Em certo sentido, a apostasia era um inimigo maior do que a perseguição empreendida pelos judeus e pelos romanos.
Paulo, ao despedir-se dos efésios, reunindo seus bispos disse: “Sei que depois da minha partida entrarão no meio de vós lobos cruéis que não pouparão o rebanho. E que DENTRE VÓS MESMOS se levantarão homens que falarão coisas perversas para atrair os discípulos após si”(At.20:29-30). Eram esses apóstatas que buscavam fazer comércio do povo de Deus, e introduziam heresias dissimuladoras no seio da igreja. Pedro admoesta os seus leitores: “...entre vós também haverá falsos mestres, os quais introduzirão encobertamente heresias destruidoras, negando até o Senhor que os resgatou, trazendo sobre si mesmos repentina destruição. E muitos seguirão as suas dissoluções, e por causa deles será blasfemado o caminho da verdade. Por ganância farão de vós negócio, com palavras fingidas. Para eles o juízo lavrado há longo tempo não tarda, e a sua destruição não dorme” (2 Pe.2:1-3). Por causa desses falsos mestres, muitos se esfriaram na fé, e abandonaram o primeiro amor. Porém, os que foram perseverantes foram salvos. Mas foram salvos de quê? Não está em foco aqui a salvação eterna dos crentes. Minutos antes de declarar tudo isso, Jesus havia dito: “Em verdade vos digo que TODAS ESTAS COISAS hão de vir sobre esta geração” (Mt.23:36). Por isso, assim que os discípulos receberam o Espírito Santo no Pentecostes, a Escritura diz que Pedro “com muitas outras palavras dava testemunho, e os exortava, dizendo: SALVAI-VOS DESTA GERAÇÃO PERVERSA” (At.2:40).
Aquela geração que viveu nos dias de Jesus seria o receptáculo do juízo divino. Aquelas profecias de Jesus não apontavam para um futuro distante, ou para alguma geração futura, mas para aquela geração. Jesus afirmou: “Em verdade vos digo que não passará ESTA GERAÇÃO sem que TODAS ESTAS COISAS ACONTEÇAM” (Mt.24:34). E realmente, menos de quarenta anos depois que Jesus falou estas coisas, Jerusalém caiu, e juntamente com ela o seu soberbo templo, e tudo o que ainda restava da velha aliança. Era, portanto, daquela geração que seriam salvos os que perseverassem até o fim.
A Igreja Triunfante durante a Tribulação
Mesmo diante de toda a apostasia, e toda a perseguição que a Igreja sofreria durante aquele tempo, Jesus garantiu que nada impediria o avanço do Evangelho. Antes que Jerusalém fosse derrubada, as Boas Novas do Reino já teriam sido pregadas em todo o mundo. Certamente, tal promessa fez brilhar os olhos dos discípulos.
O Evangelho pregado em todo Mundo
“E este evangelho do reino será pregado em todo o mundo, em testemunho a todas as nações (etnias). Então virá o fim” (Mt.24:14). Será que esta profecia aponta realmente para um futuro ainda distante? Ou será que ela, de alguma maneira, já teve o seu cumprimento também no primeiro século? Primeiro, precisamos nos inteirar acerca do significado do termo “mundo” aqui. A palavra traduzida do grego é Oikumene que quer dizer mundo habitado. Esta palavra era comumente usada para referir-se à extensão do império romano. Por exemplo, em Lucas 2:1, lemos que César Augusto decretou o “recenseamento de todo o mundo habitado”. É lógico que ele não queria que se fizesse um censo que abrangesse todo o planeta. O que estava em foco era a totalidade de territórios dominados pelo império romano. Quando se referia ao mundo como um todo, geralmente se usava a palavra kosmos, e não Oikumene. Por exemplo, “Deus amou o kosmos que deu seu filho unigênito, para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha vida eterna”(Jo.3:16). Escrevendo aos Colossenses, Paulo chega a declarar que no seu tempo o Evangelho “foi pregado a toda criatura que há debaixo do céu” (Col.1:23). Na mesma epístola ele diz: “Em todo o mundo este evangelho vai frutificando” (Col.1:6).
Tal testemunho encontra eco nos escritos de Lucas acerca dos atos apostólicos. A começar pelo dia de Pentecostes. Lucas nos informa que naquele dia, “em Jerusalém estavam habitando judeus, homens religiosos, de todas as nações que estão debaixo do céu” (At.2:5). Todos eles tiveram que ouvir o testemunho dos discípulos acerca do Reino de Deus, e isto, em suas línguas nativas. Quando acabou a festa de Pentecostes, muitos deles retornaram às suas nações de origem, e levaram consigo o testemunho do Evangelho. Lucas também nos informa que em apenas dois anos “todos os que habitavam na Ásia ouviram a palavra do Senhor Jesus” (At.19:10). Não foi em vão que os judeus de tessalônica exclamaram acerca dos discípulos: “Estes que têm alvoroçado o mundo, chegaram também aqui” (At.17:6).
Há testemunhos históricos de que o Evangelho tenha se expandido por todo o continente asiático ainda no primeiro século. Sabemos, por fonte histórica, que os judeus assírios que presenciaram o derramamento do Espírito no Pentecostes, e que abraçaram o Evangelho quando ouviram o sermão pregado por Pedro, ao retornarem à Mesopotâmia, levaram consigo as Boas Novas do Reino de Deus. Mais tarde, o apóstolo Tomé foi enviado àquela região, e discipulou muitos assírios. Ali, ele manteve sua missão até 45 d.C., cerca de doze anos após a ascensão de Cristo. Depois disto, dirigiu-se à Índia, e lá foi o pioneiro na evangelização daquele povo. Coube aos missionários assírios levar a mensagem de Cristo até os lugares mais longínquos da Ásia, incluindo o Tibete, a Mongólia, a China, o Japão, e a Indonésia.
Levando-se em conta que o Evangelho deveria ser pregado à todas etnias, podemos afirmar com certeza que ainda na primeira metade do primeiro século, cada grupo étnico havia sido alcançado. Desde os negros da África, passando pelos europeus, pelos árabes, até os amarelos (de quem descendem os índios), todas as etnias matrizes foram evangelizadas.
Não queremos diminuir a importância que se tem em pregar o evangelho a toda criatura. Cremos piamente que o mandato de Jesus para a Sua Igreja, não importando a era em que ela estiver vivendo, é e sempre será: “Ide por todo mundo e pregai o Evangelho a toda a criatura”(Mc.16:15) e “Ide e fazei discípulos de todos os povos, batizando-os em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo” (Mt.28:19). Isto é indiscutível. Porém, uma coisa é discipular as nações, e outra é pregar o evangelho do reino apenas para fins de testemunho. Quando Jesus afirmou que antes do fim daquela era (aión), o Evangelho do Reino teria que ser pregado em todo mundo (Oikumene), Ele não estava falando acerca do mandato de discipular as nações, a fim de que elas se rendessem à Sua soberania, e sim, acerca do testemunho que deveria ser dado a elas, antes que chegasse o fim daquela era. E isso foi cumprido no primeiro século, como já vimos através de algumas passagens bíblicas.
Há ainda uma passagem que não nos permite torcer o seu sentido, e que comprova a veracidade do que temos defendido até aqui. Trata-se de Mateus 10:23. Leia com atenção a afirmação que Jesus faz nesse texto:
“Quando vos perseguirem nesta cidade, fugi para outra. Em verdade vos digo que não acabareis de percorrer as cidades de Israel até que venha o Filho do homem.”
Não vejo alternativa senão crer que, de fato, o Evangelho do Reino foi anunciado à todas etnias da Terra antes da queda de Jerusalém, quando o Filho do homem veio em juízo contra o povo que O rejeitou.
É bom enfatizarmos que a Grande Comissão ainda está por findar-se. Nós ainda não discipulamos as nações. Entretanto, já antes do fim daquela era, representantes de todas as etnias já haviam recebido o testemunho do reino de Deus. Uma coisa é discipular, e outra é testemunhar.
Continua...
Nenhum comentário:
Postar um comentário