Por que Deus teria tanto prazer em manter certas coisas ocultas aos homens por algum tempo? Não seria pelo prazer proporcionado pela surpresa? Não estaria Ele interessado em surpreender as Suas criaturas?
Por que a realidade está tão envolta em mistérios?
O que aconteceria se substituíssemos o vocábulo “mistério” encontrado em várias passagens bíblicas por “surpresa”?
Por exemplo: “E desvendou-nos a surpresa da sua vontade, segundo o seu beneplácito que propusera em Cristo, de fazer convergir em Cristo todas as coisas, na dispensação da plenitude dos tempos, tanto as que estão nos céus como as que estão na terra” (Ef. 1:9-10).
Quando todos achavam conhecer todos os mistérios divinos, eis que, repentinamente, algo inusitado acontece. Foram séculos de preparo, para que finalmente viesse ao mundo a maior de todas as surpresas reservadas por Deus para a humanidade.
Embora já houvesse sido anunciado desde o início, ninguém poderia supor o momento e a maneira como o Prometido de Deus viria. Tanto a humanidade, quanto o mundo espiritual foram pegos de surpresa.
Em vez de nascer em um palácio, o que seria previsível para um Rei, Jesus nasceu em um estábulo. Do início ao fim de Sua vida terrena, a trajetória de Jesus foi recheada de surpresas. Segui-lo era viver em constante suspense. Ninguém podia prever Seus movimentos. Ele não disse aos Seus discípulos: “Vamos ao monte, porque vou me transfigurar pra vocês. Elias e Moisés vão dar as caras por lá...”. Não! Ele apenas chamou-os e começou a subir. O que aconteceu lá foi simplesmente inusitado.
Mesmo acompanhando-O diariamente, os discípulos não imaginavam que Aquele Galileu reuniria em Si mesmo todas as coisas que há nos céus e na terra. Dada a Sua natureza sui generis, (100% homem, sem deixar de ser 100% Deus), Ele abarcava em Seu próprio Ser toda a realidade, Criador e Criatura.
Sua vinda ao mundo foi prevista desde o início, mas a abrangência de Sua obra foi surpreendente. Ele não apenas desfaria a conseqüência do pecado (alienação da criatura do Criador), mas também introduziria uma nova ordem de coisas: n'Ele tudo Se unificaria, para que Deus fosse tudo em todos.
A bem da verdade, Jesus nunca Se preocupou em explicar muitas coisas. Ele preferia deixar acontecer sem aviso prévio, para não perder a oportunidade de surpreender Seus seguidores.
Ao surpreendê-los lavando seus pés, Ele disse: “O que eu faço não o sabes agora, mas o compreenderás depois” (Jo.13:7).
Essa compreensão só viria depois, quando o Espírito Santo lhes fosse outorgado. É desta compreensão que Paulo fala aos Efésios:
“Quando lerdes o que escrevi, podereis perceber a minha compreensão da surpresa de Cristo, o qual em outras gerações não foi manifestado aos filhos dos homens, com agora foi revelado pelo Espírito aos seus santos apóstolos e profetas” (Ef. 3:4-5).
Mesmo tendo recebido tal compreensão, Paulo percebia que o caráter misterioso se mantinha, porque as riquezas de Cristo eram simplesmente insondáveis. Quanto mais se compreendia, mais se tinham pra compreender.
“A mim, o menor de todos os santos, me foi dada esta graça de anunciar entre os gentios, por meio do evangelho, as riquezas insondáveis de Cristo, e demonstrar a todos qual seja a dispensação do mistério (o momento certo de revelar a surpresa), que desde os séculos esteve oculto em Deus, que a tudo criou. E foi assim para que agora, pela igreja, a multiforme sabedoria de Deus seja conhecida dos principados e potestades nas regiões celestiais” (Ef. 3:8-10).
Mesmo os anjos ainda não haviam compreendido plenamente os mistérios divinos. Conheciam algumas nuances, mas não suas múltiplas facetas. Surpreendentemente, Deus escolheu os seres humanos, para que através deles, Sua sabedoria fosse conhecida dos seres celestiais.
O maior de todos os segredos, guardado a sete chaves por milênios, agora deveria ser contado a todos os homens. O baú das riquezas insondáveis de Cristo finalmente está disponível e acessível a todos os seres dotados de consciência, anjos e homens.
Por tratar-se de uma tão nobre e árdua missão, Paulo rogava: “Orai também por mim, para que me seja dada, no abrir da minha boca, a palavra com confiança, para com intrepidez fazer conhecido a surpresa do Evangelho” (Ef.6:19).
E qual é a surpresa do Evangelho?
“Combato para que os seus corações sejam consolados, e estejam unidos em amor, e enriquecidos da plenitude da inteligência, para conhecimento do mistério de Deus – Cristo, em quem estão ocultos todos os tesouros da sabedoria e da ciência” (Col.2:2-3).
A grande surpresa de Deus se chama Cristo. Não apenas Cristo por nós, morto na cruz, ressurreto ao terceiro dia e assunto ao céu. Mas também Cristo em nós, vivendo através de nós a vida que jamais viveríamos por nós mesmos.
“A surpresa que esteve oculta durante séculos e gerações, e que agora foi manifesta aos seus santos. A eles Deus quis fazer conhecer quais são as riquezas da glória desta surpresa entre os gentios, que é Cristo em vós, esperança da glória” (Col. 1:26-27).
Eis a esperança de que a humanidade seguirá seu rumo, de glória em glória, ininterruptamente, até a glória derradeira. É Cristo quem a conduzirá, e através do Seu Espírito, em plena liberdade, lhe garantirá um futuro glorioso e promissor, em que Deus será tudo em todos.
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