quarta-feira, maio 29, 2013

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Pronto para as pedradas? Final



Por Hermes C. Fernandes

Disse Jesus: “Eu sou a ressurreição e a vida. Quem crê em mim, ainda que esteja morto, viverá; e todo aquele que vive e crê em mim, nunca morrerá. Crês isto? Disse ela: Sim, Senhor, creio que tu és o Cristo, o Filho de Deus, que havia de vir ao mundo” (vv.25-27). Finalmente, Marta começava a enxergar as coisas na perspectiva certa. Daí sua confissão de fé. Todos os argumentos dos judeus caíram por terra ao som desta confissão.

“Depois que ela disse isso, voltou e chamou Maria, sua irmã, em particular, dizendo: O Mestre está aqui e te chama” (v.28).

Repare nos detalhes que o texto oferece. Agora que ela sabia a verdade, e não apenas uma versão pervertida da verdade, ela tinha que compartilhar com sua irmã, que também estava sob a influência dos judeus “consoladores” (ou seriam “agitadores”?). Sabiamente, pra não causar mais tumulto, Marta chamou sua irmã em particular.

Ao referir-se a Jesus como “o Mestre”, Marta estava dizendo a Maria: Ele ainda tem muito que nos ensinar. Será que esquecemos de tudo o que aprendemos com Ele? Vamos parar pra ouvi-lO, e saber o que Ele tem a dizer. Vamos parar de ouvir a versão da turma do contra, e ouvir Àquele que é a Verdade, JESUS.

“Quando Maria ouviu isso, levantou-se depressa e foi encontrar-se com Jesus. Ora, Jesus ainda não tinha entrado na aldeia, mas estava no lugar onde Marta o encontrara. Quando os judeus que estavam com Maria em casa e a consolavam, perceberam quão rapidamente ela se levantara e saíra, seguiram-na, supondo que ia ao túmulo para chorar ali” (vv.29-31).

Maria não ficou argumentando com Marta. Não alegou que havia resolvido dar um tempo. Pelo contrário, ela se apressou em atender ao convite do Mestre. Deixou os judeus pra trás, e saiu ao encontro de Jesus. Os judeus ficaram atordoados. Acharam que ela tinha ido ao cemitério chorar a morte do irmão, e por isso, decidiram segui-la.

“Quando Maria chegou ao lugar onde Jesus estava e o viu, caiu-lhe aos pés, dizendo: Senhor, se tu estivesses aqui, meu irmão não teria morrido” (v.32).

Jesus já ouvira isso antes. Maria fazia coro com sua irmã, pois ambas haviam bebido da mesma fonte de indignação: os judeus que queriam a destruição do ministério de Jesus.

“Jesus, vendo-a chorar, e também chorando os judeus que com ela vinham, comoveu-se profundamente em espírito, e perturbou-se” (v.33).

A maneira como este versículo está disposto, dá a entender que Jesus reagiu de maneira diferente diante de cada choro. Ele comoveu-Se com o choro de Maria, mas “perturbou-se” com o choro forçado dos judeus.

“Perguntou ele: Onde o pusestes? Responderam: Senhor, vem e vê. Jesus chorou” (vv.34-35).

O que teria levado Jesus à essa reação emocional? Por que Ele chorou ante o túmulo de Lázaro? Impotência diante da morte? Não! Seu choro foi um misto de comoção e perturbação. Comoção com o sofrimento das irmãs de Lázaro, e perturbação diante da hipocrisia dos judeus.

Para fazer uma média, os judeus disseram: “Vede como o amava! Mas alguns disseram: Não podia ele, que abriu os olhos ao cego, fazer também que este não morresse?" (vv.36-37). Agora fica claro de baixo de que influência Marta e Maria estavam, e de onde elas tiraram aquelas conclusões acerca de Jesus.

Os judeus já espreitavam a Cristo em busca de algo para incriminá-lO. Porém, Jesus não lhes dava chance. Tentaram acusá-lO de blasfêmia, mas seus argumentos foram jogados por terra. Não havia como acusá-lO de adultério, de mentira, de roubo, então, o único trunfo que conseguiram foi esse: acusá-lO de incoerência entre o que pregava e vivia.

Já que pedradas vindas de fora não O atingiam, o melhor a fazer era promover uma rebelião entre os de dentro, levando-os a duvidar do caráter e do amor do Mestre.

Por um momento, eles conseguiram influenciar até pessoas do círculo íntimo de Jesus, como eram Marta e Maria. Mas a erva dadinha da dúvida estava prestes a ser arrancada.

“Jesus, comovendo-se profundamente outra vez, dirigiu-se ao sepulcro. Era uma gruta, como uma pedra posta sobre ela. Disse Jesus: Tirai a pedra. Disse Marta, irmã do morto: Senhor, já cheira mal, pois é o quarto dia. Então Jesus lhe disse: Não te disse que se creres verás a glória de Deus?” (vv.38-39).

Observe: Jesus comoveu-Se outra vez. A diferença é que agora Sua comoção era voltada inteiramente para as irmãs de Lázaro. Em nenhum momento Jesus apresentou uma defesa, e nem Se preocupou em provar nada pra ninguém. O que o movia não era o prazer do espetáculo, mas a compaixão pelo sofrimento alheio.

Tirai a pedra! Não seria a pedra do sepulcro uma perfeita alegoria para a pedra em que se tornou o coração daquele povo? Deus promete em Sua Palavra, que removeria do nosso peito o coração de pedra, e nos daria um coração de carne.

Em outras palavras, Jesus estava dizendo aos Seus acusadores: Em vez de me atirar pedras, tirem a pedra de seus corações. O que incomodava mais a Jesus não eram as pedras que traziam nas mãos, mas a pedra que havia em seus peitos.

Espíritos armados inibem a manifestação da glória de Deus. A pedra tem que ser removida. A parede de separação tem que ser destruída, para que a glória do Senhor seja vista entre nós.

Primeiro, Jesus Se dirige ao Pai, dando-Lhe graças por sempre Lhe ouvir. Depois é que se dirige ao túmulo aberto, exalando mau cheiro, clamando em alta voz: “Lázaro, vem para fora!” (v.43).

Você pode imaginar a cena? Já assistiu a algum filme de múmia? Pois é. “O morto saiu, tendo as mãos e os pés enfaixados, e o rosto envolto num lenço. Disse Jesus: Desatai-o e deixai-o ir” (v.44). Cada vez que leio esta passagem, ela se renova em meu entendimento e fico admirado com a atitude de Jesus.

A ordem de Jesus foi “desatai-o e deixai-o ir”. Este é o Espírito do Evangelho! Liberdade! Jesus não constrange ninguém a segui-Lo. Ele jamais usou argumentos humanos para tentar cativar as pessoas. Ele sempre as deixou bem à vontade.

E sabe qual foi o resultado disso? Basta ler o capítulo seguinte, e verificaremos que o mesmo Lázaro promoveu, juntamente de suas irmãs, um banquete para receber Jesus em seu lar. Jesus os cativou pelo amor. Não foi com argumentos, nem Se defendendo das injúrias e acusações dos judeus, mas simplesmente, amando. Esse é o nosso Jesus! Quem O conhece, reconhece a Sua voz! Ele nos atrai com “cordas de amor” (Os.11:4) e diz: “Com amor eterno te amei; com benignidade te atraí” (Jer.31:3).

Quem conseguirá nos separar deste amor? Que argumentos seriam convincentes o suficiente para nos remover dos Seus braços? E é por confiar inteiramente em Seu amor por nós, que Ele nos dá liberdade. Gosto de uma frase dita por John Lennon: “Amo a liberdade, por isso deixo as coisas que amo livres. Se elas voltarem é porque as conquistei. Se não voltarem é porque nunca as possuí.”

Portanto, sintam-se desatados!

Se não nos virmos mais por esses dias, quem sabe um dia, a gente se reencontra.

7 comentários:

  1. Que palavra maravilhosa essa...meu DEUS quantos Lázaros estão perambulando por aí e em nossa vista...frios, mortos cheios de indiferença ao sofrimento do próximo, surdos do toque do Senhor...e o foco desse povo está em sonhos frustrados...meu DEUS...tira o coração de pedra do nosso povo, perdoa os nossos pecados...ressuscita...aviva tua obra Senhor.

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  2. Missionário Luiz8:29 AM

    Bispo Hermes, graça e paz de Jesus Cristo seja com o Irmão e todos os seus amém?
    Mas, gostaria de concluir meu comentário que fiz na parte 1: Pronto para as pedradas? amém? Se o irmão assim permitir!
    No Livro de João 11.6 diz: Ouvindo, pois que estava enfermo, ficou ainda dois dias no lugar onde estava.
    Jesus adiou sua ida para ir ver a família que amava; ver João 11.6, a fim de fortalecer a fé, tanto deles, como dos discípulos, e para fazer-lhes um bem maior. Inicialmente, os atos de Jesus aparentemente indicam que Ele não estava interessado, nem compadecido pelo sofrimento deles. Não era nada disto, pois João destaca repetidas vezes que Jesus amava a família de Lázaro e Lázaro; ver João 11.3,5,35. Jesus tinha um cronograma e um propósito diferentes daquilo que eles queriam. O cronograma e a vontade de Deus, quanto às nossas provações ou aflições, talvez sejam diferentes do nosso desejo. Deus nos atende de conformidade com a sua sabedoria e amor. No livro de Salmos 40.1; e Salmos 39.15 que diz: diz: Esperei com paciência no SENHOR, e ele se inclinou para mim, e ouviu o meu clamor.
    Porque em ti, SENHOR, espero; tu, Senhor, meu Deus, me ouvirás.
    JESUS MOVEU-SE MUITO EM ESPÍRITO QUANDO VIU MARIA CHORAR. João 11.33; leia por gentileza.
    Este trecho revela o coração e os sentimentos de Jesus ao presenciar a dor e o sofrimento causados por todo tipo de males no mundo. O termo traduzido " comoveu-se profundamente " no grego é " embrimaomai " geralmente denota ira por causa de todo sofrimento causado pela morte, por Satanás e pelo pecado. Sua alma encheu-se, não de fria despreocupação, mas de ira contra o mal na luta em prol da salvação do homem; ver João 11.35; 2.14-16; Mateus 23.13; 21.12,13; Marcos 11.15,17; Lucas 19.45,46. No caso do cristão, da mesma forma, um dos sinais mais evidentes da obra de Deus na sua vida é que ele começa a ver como o pecado tem causado tanta desgraça, mágoa e sofrimento no mundo; ver Gêneses 3.16-19; Romanos 5.12. Ao mesmo tempo, o cristão passará a sentir no coração a compaixão pelos sofredores e a repulsa pelo pecado. O cristão fiel a Jesus Cristo não poderá, de modo algum, ter prazer no pecado; ver Romanos 1.32; 2 Tessalonicenses 2.12; Hebreus 1.9.
    Em joão 11.43,44 diz: E, tendo disto isso, clamou com grande voz: Lázaro vem para fora.
    E o defunto saiu, tendo as mãos e os pés ligados com faixas, e o seu rosto, envolto num lenço. Disse-lhes Jesus: Desligai-o e deixai-o-ir.
    O milagre da ressurreição de Lázaro foi um sinal indicador de que Jesus é a ressurreição e a vida. Foi uma demonstração daquilo que Deus fará com todos os cristãos que morreram no Senhor, pois eles, também, ressuscitarão dentre os mortos; ver João 14.3; 1 Tessalonicenses 4.13-18. Esse milagre da ressurreição de Lázaro foi, ainda, o acontecimento culminante para si cumprir as Escrituras que levou os líderes judaicos a decidir que Jesus deveria morrer.; ver João 11.45-53.
    Hermes meu irmão guerreiro de Cristo , assim me despeço! Obrigado pelo espaço que foi me dado! Deus é contigo meu irmão amado de Jesus Cristo.
    Missionário Luiz.

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  3. Anônimo10:38 AM

    O amor só consegue florescer em sua plenitude no solo da liberdade.

    PAIXÃO, Edson.

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  4. Anônimo3:28 PM

    O discernimento do caráter moral do homem por Deus alcança o mais profundo conhecimento da consciência humana.

    PAIXÃO, Edson.

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  5. Anônimo3:48 PM

    Jesus tem a melhor interpretação da realidade.

    PAIXÃO, Edson.

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  6. Graça e paz! Estava ansioso pela segunda parte do estudo. O "desatai-o e deixa-o ir" tem tudo a ver com o "para liberdade foi que Cristo nos chamou" conforme Paulo escreveu em Gálatas 5. Somos livres em Cristo e nenhuma condenação há. Livres pois todas as coisas nos são lícitas mas nem todas nos convém. Só o amor de Cristo poderia nos proporcionar tamanha liberdade. Quem não ama tem a liberdade como inimiga. Quem não ama tem medo da liberdade e precisa da Lei para dizer o que pode e o que não pode fazer. Quem não ama não tem coragem pra ser livre. Dói ver o povo sofrendo na corrente de libertação. Como pode uma corrente libertar? Sei do que estou falando porque já vivi isto e não percebia que as próprias palavras "correntes" e "libertação" já são excludentes por si só. Jesus ao Ressuscitar Lázaro poderia ter feito um mega espetáculo, atrair milhões para si e dizer: agora pra não perder a benção Lázaro me siga e todos vocês aí também creiam e me sigam pro diabo não pegar vocês mas soltou um desatai-o e deixai-o ir. Ah! Esse desatai-o e deixai-o ir diz muita coisa. Abraços, Fabio

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  7. O Estado brasileiro e sua dívida crônica para com os negros (I)

    http://gustavoacmoreira.blogspot.com.br/2012/03/o-estado-brasileiro-e-sua-divida.html

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