Fiquei pasmado diante das extraordinárias pirâmides de Miquerinos, de Quéops e de Quéfren. Erigida depois de 2780 a.C., a pirâmide de Quéops, possui 138 metros de altura e mais de 6 milhões de toneladas de pedra. Fiquei encantado com a grande Esfinge de Gizé: corpo de leão e cabeça de homem, esculpida em rocha lá pelos idos de 2465 a.C. No Museu do Cairo, fiquei intrigado com um paninho de linho com mais de 3000 anos. Até hoje, ninguém sabe explicar como os egípcios fizeram todas aquelas coisas. Das monstruosas pirâmides aos delicados papiros, tudo preservado como se tivessem sido feitos por esses dias.
Jerusalém me desapontou. O Catolicismo Romano colocou um Templo em cada "lugar sagrado" e uma lojinha em cada ponto da chamada "via crucis", o caminho que Jesus teria percorrido rumo ao Gólgota. Mas fiquei maravilhado com o monte das Beatitudes e a cidadezinha de Cafarnaum. Meu encontro com Deus foi no Mar da Galilea, ou Lago de Genesaré. Não foi possível erguer uma catedral de 12 km de largura e 21 de comprimento. Então a coisa está preservada. Fiquei horas imaginando Jesus chamando encostado em uma das árvores da margem, observando os pescadores e analisando cautelosamente, no anonimato, quem seriam seus primeiros discípulos.
De todas as minhas lembranças, a que mais me emocionou e impactou foi o encontro com um cristão, professor de inglês em Tiberíades, que soube da presença de um grupo de pastores e se ofereceu para ir ao hotel nos falar a respeito da igreja de Jesus Cristo em Israel. Depois da reunião que se estendeu até bem tarde, acompanhei aquele irmão até a calçada do hotel e fiquei observando enquanto ele desaparecia lentamente na noite escura, a passos lentos, violão pendurado e um enorme coração. Ali estava, depois de 2000 anos, um discípulo de Jesus.
Naquele dia percebi que os Egípcios deixaram templos, monumentos e relíquias para exposição. Os gregos deixaram suas idéias, que formataram a cultura ocidental. Mas Jesus deixou pessoas. Homens e mulheres simples que fazem e são a igreja: a comunidade ao redor do Cristo ressurreto.
O rabino Jonathan Sacks disse que durante quase dois mil anos os judeus mantiveram seu status de nação, mesmo sem território, estrutura política, ou cultura comum - espalhados por toda a terra, em minorias sempre perseguidas, foram capazes de preservar sua identidade como nenhum outro povo, por tanto tempo nas mesmas circunstâncias. Mas agora, disse o rabino, a identidade judaica está ameaçada e o futuro do povo está mais uma vez em risco: um em cada dois jovens judeus está decidido a não dar continuidade à história do povo hebreu.
Precisamos aprender com a história. Sabe o que é o melhor que os cristãos têm a dar ao mundo: os cristãos. O futuro do cristianismo e a esperança da humanidade não estão resguardados por monumentos, templos e relíquias; não depende do valor de suas idéias, doutrinas ou padrões morais; prescinde de vínculos hereditários e tradição cultural. O futuro do cristianismo é o cristão, o cristão em comunidade, isto é, a igreja. Morrendo a igreja, morre o cristianismo. E a igreja, cristão, é você quem faz. Por isso, veja cada um como constrói, pois quem destruir o santuário de Deus, que são os cristãos, Deus o destruirá, pois o santuário de Deus é sagrado, disse Paulo, apóstolo.
Ed Rene Kivitz (Via Emeurgência) com o título original de "Igreja você quem faz".
Nenhum comentário:
Postar um comentário