sábado, novembro 29, 2008

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Equilíbrio afetado... Prejuízo generalizado

Na última quarta-feira, assisti a um dos fenômenos mais inusitados da natureza: a parceria entre golfinhos e humanos. Em Laguna, Santa Catarina, os golfinhos costumam ficar passeando pelo canal que liga a Lagoa de Santo Antônio ao mar aberto. Os pescadores preparam suas tarrafas e colocam-se à beira do canal, a pé ou de canoa, dependendo da maré. Ao perceber a presença dos humanos, os golfinhos passam a cercar os cardumes que entram e saem da Lagoa, sobretudo as tainhas, e os afugentam na direção dos pescadores. Somente os peixes que escapam das redes vão parar no estômago dos golfinhos.

Esse fenômeno é considerado pelos cientistas como raríssimo. Além do Brasil, ele só acontece na Mauritânia, África.

Ao chegar àquele lugar, percebi que havia algo errado com a coloração do mar. As águas estavam turvas, devido à grande quantidade de barro, lama e detritos advindos das enchentes que assolaram o Estado de Santa Catarina na última semana.

Três cenas me chamaram a atenção: os golfinhos apareceram, e tentavam ajudar os pescadores, mas os peixes não deram o ar da graça. Resultado: aos poucos, os pecadores desistiam da empreitada, e deixavam as águas com suas redes vazias. A última cena que me chocou foi ver o desespero das gaivotas, que voavam contra a fúria dos ventos (ventava muito!), mergulhavam, mas voltavam com o bico vazio.

Tudo isso porque os peixes resolveram não nadar naquelas águas barrentas.

A harmonia foi quebrada. O equilíbrio afetado. Pescadores de redes vazias, gaivotas de bicos vazios, e golfinhos frustrados, tentando dar continuidade à sua inexplicável parceria com o homem.

Embora as enchentes tenham ocorrido há muitos quilômetros dali, o fato é que todo rio deságua no oceano. Dava pra ver que próximo ao horizonte, as águas ainda eram azuis. Fiquei a me perguntar: - Por que as gaivotas não vão para lá? Por que insistem em voar aqui se não há peixes disponíveis?

Vai explicar...

Não seria tudo isso uma parábola da realidade? Que lição poderíamos tirar disso?

Vale à pena meditar...


* Acima, à direita, eu e o Pr. Júlio Zamparetti Fernandes, nosso anfitrião em Tubarão - SC

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