terça-feira, janeiro 21, 2014

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Diário de Bordo de um Rebelde - Um Poema



Querido diário de bordo
Acabei de embarcar
Que a viagem seja tranquila
Tão serena quanto o mar

Já até me aconcheguei
Vou dormir até o cais
Neste barco sou o rei
Não perturbem minha paz

Querido diário de bordo
Sinto o barco balançar
E por pouco não acordo
Vamos ver onde vai dar

Se for só uma marola
fico quieto em meu canto
Meu timão Deus quem controla
Pra que todo este espanto?

Ouço gritos no convés
Corre-corre pela nau
Da cabeça até os pés
Eu me cubro integral

Deve ser um pesadelo
Logo, logo vai passar
Quer por medo ou desmazelo
Me recuso a aceitar

Querido diário de bordo
Alguém bate à minha porta
Quem sou eu? Já nem recordo
E quem é que se importa?

Ei amigo, por que dorme?
Todos fazem sua prece
A tormenta está enorme
É melhor que se apresse

Por acaso você sabe
a razão desta má sorte?
Tanta água aqui não cabe
Não há barco que suporte

Sou rebelde e infiel
Não devia estar aqui
Do juízo sou o réu
A Deus desobedeci

Não me poupem, por favor
É melhor lançar-me ao mar
Não duvidem, o furor
certamente acalmará

Quero ser um homem honrado
Não descartem a esperança
Depois que eu for lançado
Virá logo a bonança

Ao ouvir meu argumento
tão estranho, tão insano
Sem remorso ou lamento
me lançaram no oceano

O meu corpo cai inerte
e chega ao fundo do abismo
Lanço na morte o meu flerte
Lá se vai meu otimismo
                                                                                                                                     
Pelo menos ninguém mais
vai pagar pelo meu ato
Se eu sofrer, sofro em paz
É mais justo e sensato

O que foi que aconteceu?
Onde é que fui parar?
Este cheiro, este breu
No inferno devo estar

Oh Senhor, ouve minha prece
Recebi o que merece
todo que te aborrece
e a tua Lei desobedece

Oh Senhor, ouve minha voz
Eis-me aflito, arrependido
Meu castigo é atroz
Porém, justo e merecido

Quero a chance de seguir
O caminho que traçaste
Que eu alcance no porvir
Tudo o que Tu planejaste

Querido diário de bordo
Uma luz à frente raia
De alegria me transbordo
Vomitado nesta praia

O que foi que me engoliu
Parecia meu castigo
Era a graça que sorriu
e me pôs em seu abrigo



Composto em 21/01/14 às 3:57 da madrugada

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