quarta-feira, novembro 28, 2007

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Overdose de Deus

Há um tema sempre reincidente nos louvores atuais: “Mais de Deus”. Se por um lado, temos a impressão de que as pessoas estão realmente se interessando pelas coisas celestiais, a ponto de não se contentarem com uma espiritualidade rasa, por outro lado, corremos o risco de achar que a obra realizada por Deus em Cristo ainda não foi consumada.

Cantamos que “o melhor de Deus ainda está por vir”. Mas o que queremos dizer com isso? Se estamos declarando com isso que o Espírito Santo nos conduz sempre a uma glória maior, tudo bem. De fato, o melhor sempre está por vir. Porém, temos que cuidar pra que não haja um mal entendido. Pois o “Melhor de Deus” já veio, e Se chama Jesus Cristo. Num certo sentido, quem espera que o melhor de Deus ainda venha são os judeus, que rejeitam Jesus como o Messias prometido.

Definitivamente, Jesus é o Melhor de Deus. Ele poderia ter enviando um anjo, mas em vez disso, enviou-nos Seu único Filho. Alguém ainda se atreve a dizer que o Melhor de Deus ainda está por vir? E mais: “Aquele que nem mesmo a seu próprio Filho poupou, antes o entregou por todos nós, como não nos dará também com ele todas as coisas?” (Rm.8:32). Tudo o que por ventura desejássemos da parte de Deus, já está incluído em Jesus. Precisamos de mais?

É razoável insistirmos em querer mais de Deus?

Depois de orar por três vezes pedindo que se lhe fosse removido um espinho da carne, Paulo ouviu do Senhor a resposta: “A minha graça te basta” (2 Co.12:9).

Ora, se a Graça é o suficiente, por que continuamos a querer mais?

Tornamo-nos uma geração de crentes insaciáveis, sempre em busca de uma dose mais forte da presença de Deus. Parecemos dependentes químicos, que sempre buscam uma droga mais forte. Começam com um baseado, e quando esse já não faz o mesmo efeito, passam pra uma droga mais forte, até sofrerem uma overdose.

A última pesquisa feita pelo IBGE aponta que quase 50 milhões de brasileiros são desviados de igrejas evangélicas. Gente que não aprendeu a se contentar com a Graça, e acabou sofrendo uma overdose espiritual. A busca frenética por um êxtase espiritual produz um desgaste emocional, que pode resultar num desapontamento e eventual afastamento da igreja.

Muitos buscam uma porção extra do Espírito Santo, baseados na experiência de Eliseu, que recebeu “porção dobrada” do Espírito que havia sobre Elias. Entretanto, vivemos sob a égide da Nova Aliança, onde recebemos “a plenitude em Cristo” (Cl.2:10). Deus nos dá do Seu Espírito sem medida (Jo.3:34). Portanto, não há porções adicionais.

No momento em que ouvimos a Palavra da Salvação, tendo n’Ele crido, fomos “selados com o Espírito Santo da promessa”( Ef.1:13).

Não há qualquer razão pra que um crente em Jesus esboce uma sede insaciável por Deus. Davi, o grande salmista, tinha razão em dizer que sua alma tinha sede de Deus, pois o Espírito Santo ainda não havia sido dado. Porém, agora, tal sede é inadmissível. Foi Jesus quem garantiu: “Aquele que beber da água que eu lhe der nunca mais terá sede” (Jo.4:14).

Fomos saciados n’Ele!

Em vez de focarmos nossos sentimentos, buscando uma nova experiência, deveríamos focar naqueles que ainda não beberam da água da vida.

“O Espírito e a noiva dizem: Vem. Quem ouve, diga: Vem. Quem tem sede, venha; e quem quiser, tome de graça da água da vida” (Ap.22:17).

Esta passagem tem sido mal interpretada, como se o Espírito e a Noiva dissesse a Jesus: “Vem!”. Mas basta ler a seqüência do verso pra verificar que o assunto é outro. O convite feito pelo Espírito e pela Noiva (a Igreja) não é endereçado a Jesus, mas aos sedentos deste mundo.

Mas como podemos convidar as pessoas para se saciarem em Cristo, se nós mesmos dizemos que ainda não fomos saciados?

Paulo testifica que “a todos nós foi dado beber de um só Espírito”(1 Co.12:13). Só uma igreja saciada tem condição de convidar o mundo pra que venha saciar-se.

Deveríamos fazer como a Samaritana, que “deixando o seu cântaro, foi à cidade e disse ao povo: Vinde, vede...”(Jo.4:28).

O problema é que não queremos abandonar nosso cântaro. Achamos que nossa busca ainda não se encerrou. Pensamos: Jesus deve estar escondendo alguma coisa de nós! Vamos insistir até que Ele resolva nos atender, e nos dar aquela porção extra que Ele tem guardado só pra Si. Infelizmente, esse parece ser o raciocínio de muitos.

2 comentários:

  1. muito bom esse seu texto nunca tinha visto por esse ponto. realmente as pessoas passam uma sede insasiavel por Deu mais não sabem o que realmente elas já tem dele...

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  2. Anônimo3:45 PM

    Sede de intimidade com Deus. É pra isso que buscamos a Deus. Ansiamos estar a cada dia que passa mais próximos do nossso Deus. Esse é o sentido de se pedir mais de Deus. Acho que você interpretou mal.

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