"Quão terrível e quão lastimável é que a nação viva em corrupção. É como óleo de peroba que vai descendo desde o topo, daqueles que deveriam ser exemplo, escorrendo até encharcar todo o tecido social. Ali o Senhor ordena o juízo até que se convertam de seu mau caminho e aprendam a prática da justiça motivada pelo amor." Uma paráfrase do Salmo 133.
Por Hermes C. Fernandes
Chegando hoje ao banco de que sou
cliente, assisti a uma lamentável cena: um chefe de família sendo detido por
haver roubado uma lâmina de barbear num supermercado. Os seguranças o renderam
com arma em punho, como se o mesmo pudesse resistir. Enquanto eu aguardava para ser
atendido, pus-me a refletir:
Qual será o futuro de uma nação
em que ser honesto é uma exceção? Será que nos tornamos numa nação de
ladrões em potencial? Seria esta a confirmação do adágio que diz que a
ocasião faz o ladrão?
Como poderia ser diferente se a
população não encontra em seus líderes uma referência de integridade moral e
ética? Se os que estão no topo da pirâmide podem, por que os que se encontram
em sua base não teriam o mesmo direito? Enquanto isso, nossa população carcerária não para de crescer. O político preso cumpre sua pena em casa. O ladrão de galinha divide uma cela com outros cinquenta. Como gostaria que acontecesse aqui o que está acontecendo na Suécia, onde quatro presídios serão demolidos por falta de quem os ocupe.
Em seu discurso de posse, a
presidente Dilma anunciou que o slogan de seu segundo mandato seria “Brasil:
Pátria Educadora”. Mais de cinquenta milhões de eleitores acreditaram que sua
proposta era a que melhor se ajustava aos anseios populares. Porém, agora, três
meses depois, boa parte de seu eleitorado declara-se arrependido. A despeito da
avassaladora campanha da oposição para desacreditá-la, o fato é que sua postura
ante aos desmandos cometidos em sua gestão parece fornecer munição a seus
adversários. É como se a presidente desse o passe que culminaria no gol contra marcado por seu próprio time.
Mesmo que não seja comprovadamente corrupta, tem-se mostrado mais leal aos seus correligionários
do que à nação que a elegeu; o que, diga-se de passagem, pode ser interpretado como cumplicidade ou
conivência. Bem faria a presidente em dar ouvidos à admoestação bíblica:
“Até quando
defendereis os injustos, e tomareis partido ao lado dos ímpios? Defendei a
causa do fraco e do órfão; protegei os direitos do pobre e do oprimido. Livrai
o fraco e o necessitado; tirai-os das mãos dos ímpios. Eles nada sabem, e nada
entendem. Andam em trevas.” Salmos 82:2-5ª
E mais:
“Os teus
príncipes são rebeldes, companheiros de ladrões; cada um deles ama o suborno, e
corre atrás de presentes. Não fazem justiça ao órfão, e não chega perante eles
a causa das viúvas.” Isaías 1:23
Imagino o quão difícil deve ser cortar na própria pele, ao ver colegas
que lutaram ao seu lado tendo que responder por crimes de lesa-pátria e
corrupção ativa. A remoção dos que agem iniquamente é condição sine qua non para que um governo resgate sua credibilidade
junto a opinião pública. “Tira o ímpio da presença do rei”, exorta Salomão, “e o seu trono se
firmará na justiça”(Pv.25:5).
Quem dera fôssemos realmente uma
pátria educadora, onde nossos filhos encontrassem nos líderes da nação, homens
e mulheres de envergadura moral e ética inquestionável. Em vez disso, eles crescem
acreditando que vale a pena ser desonesto, pelo menos, aqui, em nossa tão amada
e idolatrada pátria. A corrupção tornou-se num câncer cuja metástase já afeta
todo o tecido social. Não há inocentes. Todos os partidos estão igualmente chafurdados neste tremedal de lama. O diagnóstico divino pronunciado pelos lábios do profeta
parece caber como uma luva:
“Pereceu da terra o homem piedoso, e não há entre os homens um que
seja reto. Todos armam ciladas para sangue; cada um caça a seu irmão com uma
rede. As suas mãos fazem diligentemente o mal; o príncipe exige condenação, o
juiz aceita suborno, e o grande fala da corrupção da sua alma, e assim todos
eles são perturbadores”.
Miqueias 7:2-3
É esta sociedade completamente
corrompida que fornece os componentes de nossa classe política. Eles não vêm de
outro mundo, mas das famílias que constituímos. Ao chegarem ao poder, seu mau
exemplo garante a continuidade da estirpe, retroalimentando um ciclo
funesto aparentemente inquebrável. Não seria o caso de cobrarmos menos um mundo melhor para os
nossos filhos e tratar de garantir filhos melhores para o nosso mundo?
Devo reconhecer que temos a classe política que reflete
fidedignamente nossa estatura moral. Se quisermos que algo mude, não podemos
esperar por eles. A mudança deve começar em nossa casa. Quando nossos lares
fornecerem, não apenas políticos honestos, mas também empresários conscientes
de seu dever cívico, comerciantes menos gananciosos, policiais íntegros,
professores idealistas, advogados éticos, médicos altruístas, líderes religiosos
mais afáveis e cordatos, o mundo estará ensaiando para tornar-se num lugar
melhor para as próximas gerações. O ciclo da corrupção finalmente terá se
partido e a justiça prevalecerá.
Seria ótimo se esta revolução começasse de cima para baixo.
Mas não faz sentido ficar esperando por isso a vida inteira. Então, que comece
de baixo. Que nossos púlpitos sejam menos usados para campanhas políticas e
mais usados para educar nossa gente. Que nossos quadros negros não sejam usados apenas para informar, mas também para instruir e formar o caráter dos alunos. Que nossos pais sejam exemplos
vivos para os seus filhos. E que sejamos motivos de orgulho para os nossos
pais.
Caso o contrário, quem precisará de um impeachment será toda uma geração.
Olá, Hermes C. Fernandes, estou de peno acordo com 97% do seu pensamento, porém se o País soubesse o que é ser de fato uma NAÇÃO eu sairia apenas por uma questão: PUNIÇÃO para quem rouba um país inteiro. Por esse motivo basta, por que o que incomoda anida mais quem pensa aqui, é que estamos em país que não muda nunca nessa questão, temos leis, E MUITAS impunidades!!!
ResponderExcluirNaila Márcia de Freitas