Por Hermes C. Fernandes
Amanhã, dia 26 de Outubro, mais de cento e quarenta milhões de brasileiros são esperados nas urnas para eleger quem conduzirá o Brasil pelos próximos quatro anos.
Durante o primeiro turno, procurei manter-me totalmente isento. Só depois do pleito, expus publicamente minha preferência por Marina Silva, candidata derrotada pelo rolo compressor do PT e do PSDB.
Apesar de manter-me isento durante a campanha do segundo turno, tenho dirigido a maior parte de minhas críticas ao candidato Aécio Neves, o que, por sinal, tem me rendido a acusação de ser um petista enrustido. Os que assim dizem, alegam que para ser realmente neutro eu deveria me calar ou, pelo menos, dirigir o mesmo número de críticas a ambos os candidatos. Resultado: perdi alguns "amigos" nas redes sociais. Alguns até confessaram que me admiravam, mas que estavam decepcionados comigo.
Realmente é uma pena que deixemos nossas paixões ou preferências políticas interferirem em nossa comunhão com os irmãos. Não deveria ser assim. A política passa, mas nossa comunhão está fadada à eternidade. Não vou deixar de admirar Caio Fábio, por exemplo, por achar que ele esteja cometendo um equívoco em fazer campanha para Aécio e ainda por cima, fazer hang out com Olavo de Carvalho e Danilo Gentille. Devo me esforçar para não misturar as estações. Entre os discípulos de Jesus havia gente comprometida ideologicamente com segmentos distintos. Havia fariseus, publicanos (arquiinimigos!), e, pasmem, até zelotes (a ala mais esquerdista da época). Porém, isso não interferiu em sua comunhão entre si e com o Cristo, e tampouco impediu que Jesus tecesse as mais severas críticas aos fariseus. Será que Jesus estava sendo parcial? Será que, no fundo, Ele era pró-saduceus? Ou quem sabe, pró-essênios ou pró-zelotes?
Sei que minha posição é um pouco incômoda pois dirijo minhas críticas àqueles de quem mais divirjo, mas isso não significa que perderei o respeito, o carinho e a confiança por quem pense diferente de mim. Não julgo os eleitores de Aécio como se fossem idiotas alienados, nem os eleitores de Dilma como se fossem párias analfabetos. Quem vota neles, certamente tem boas razões para isso.
Se fosse levar para o campo pessoal, eu certamente estaria me ocupando em criticar muito mais a Dilma do que o Aécio. Devo a ela o fato de minha mudança estar presa a quase quatro anos no Porto de Paranaguá. Paguei todas as taxas. Fiz todos os documentos. Mas, por causa de uma operação decretada pela presidente, o contêiner vindo dos EUA ficou preso. Não será por isso que vou detoná-la aqui ou nas redes sociais. Minhas críticas a Aécio se devem a tudo o que ele e seu partido representam para o país. Estou muito mais preocupado com os pobres e miseráveis do meu país do que com minhas tralhas.
Tenho ouvido e lido que muitos votarão no Aécio para tirar o PT do poder, mesmo não acreditando nas boas intenções do neto do Tancredo. Mesmo fazendo tanta oposição ao PSDB, nego-me a votar no PT somente para vetar o Aécio. Mesmo vendo nele todas as vicissitudes que deveriam ser evitadas por quem almeja servir à nação. E sinceramente, mesmo não votando na Dilma, torço para que ele não chegue ao Planalto. Permaneço exatamente onde sempre estive. Para mim, voto não é veto. Se ao menos a Dilma reunisse as virtudes que gostaria de encontrar num estadista, votaria nela sem pestanejar.
Só sinto ter perdido amigos por causa disso. Espero que ao lerem estas linhas, possam rever suas posturas, buscando manter a unidade no Espírito, pois a mesma custou o sangue de Cristo derramado no Calvário e não deve ser rompida por causa de uma opinião política.
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