domingo, abril 12, 2015

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"Eu me amo e não consigo viver sem mim!"




"Quem ama a sua vida perdê-la-á, e quem neste mundo despreza a sua vida, 
guardá-la-á para a vida eterna". 

João 12:25


Por Hermes C. Fernandes

Segundo o diagnóstico dos reformadores do século XVI, o problema central do ser humano era a justiça própria. Foi a partir dessa conclusão, que eles estabeleceram a “Justificação pela fé” como a bandeira principal do cristianismo protestante.

Se fosse possível ao homem salvar-se mediante boas obras, isso retroalimentaria seu orgulho, cativando-o para sempre em um ciclo do pecado. Somente a graça seria capaz de romper com este ciclo, pois a mesma seria um golpe desferido por Deus no orgulho humano, salvando-o de si mesmo.

Embora concorde com as doutrinas defendidas pelo protestantismo histórico, acredito que houve um erro de diagnóstico. O problema humano não repousa sobre a justiça própria. Na verdade, a justiça própria equivale a um remédio errado que foi ministrado em cima de um sintoma.

Sabemos, pelas Escrituras, que o problema humano se chama “pecado”. Ainda que o conceito seja exclusivo das religiões originárias em Abraão (Judaísmo, Cristianismo e Islamismo), todas as outras religiões concordam que alguma coisa esteja errada com o ser humano. E todas elas, exceto o cristianismo bíblico, acreditam que o remédio para isso é a justiça própria. Para superar sua alienação espiritual, o homem teria que praticar boas obras, que expressassem seu senso de justiça e retidão.

De acordo com as Escrituras, nossas boas obras são como trapos de imundícia (Is.64:4). Era assim que se chamava o pano usado pelas mulheres para conter o fluxo menstrual. Em outras palavras, nossas boas obras são uma tentativa inútil de conter nossa hemorragia espiritual. E por melhores que sejam, estão sempre manchadas pelo nosso pecado. Por isso, a salvação não poderia ser pelas obras, pois elas estariam manchadas pelo nosso orgulho e vaidade.

Quando os reformadores se aperceberam disso, resolveram combater a justiça própria, mostrando aos homens que a única maneira de serem salvos é confiar na justiça divina, demonstrada na Cruz, onde Cristo recebeu nossos pecados e suas conseqüências, e nos imputou Sua justiça e santidade. Aos olhos de Deus, tornamo-nos justos, a despeito de nossas obras, quando reconhecemos nossa bancarrota, e nos fiamos na justiça de Seu Filho Jesus. É pela fé, e tão somente por ela, que Sua justiça é computada em nossa conta.

Até aí, tudo bem. Não há o que rebater. Basta ler Romanos, Gálatas, e toda a Bíblia, para dar-se conta de que a justificação pela fé é uma doutrina imprescindível e inegociável.

A Justificação pela Fé estanca a hemorragia provocada pelo pecado, mas não nos cura de nossa anemia.

É importante combater a justiça própria, pois ela nada mais é do que um placebo, um “me-engana-que-eu-gosto”. É importante estancar a hemorragia, em vez de tentar contê-la com boas obras. Mas acima de tudo, é importante restaurar a saúde espiritual do ser humano. E pra isso, tem-se que combater o pecado. E o que seria o “pecado”? Ora, o termo “pecado” significa “errar o alvo”. Mas acerca de quê alvo estamos falando? Qual o alvo original estabelecido por Deus à criatura humana?

Essa resposta pode ser encontrada nos dois principais mandamentos de Deus. Eles se constituem no alvo de nossa existência.
“...Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma e de todo o teu entendimento. Este é o primeiro e grande mandamento. O segundo, semelhante a este, é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo. Destes dois mandamentos depende toda a lei e os profetas” (Mt.22:37-40).
Eis o alvo! Fomos feitos para o amor. E o alvo deste amor é Deus, e, por conseguinte, nossos semelhantes. Porém, ao cair, o homem desvirtuou o alvo, e introduziu um novo alvo: seu próprio eu.

Quem disse que Deus ordenou que o homem amasse a si mesmo? O amor próprio é a essência do pecado. É o próprio pecado. Deus jamais nos ordenaria que pecássemos. Ao dizer que deveríamos amar a nosso próximo como a nós mesmos, ele não está endossando o amor próprio, mas condenando-o. Com efeito, Ele disse: O amor que vocês nutrem por si mesmos, devem dedicar aos outros em vez de a si. O “amor próprio” aqui entra apenas como um referencial, e não como algo louvável e que deva ser estimulado.

As religiões aparam os ramos, e eles continuam a frutificar. O golpe desferido pelos reformadores atingiu o tronco da árvore, e não a sua raiz. Urge desferirmos um golpe na raiz da árvore, o amor próprio.

Todos os pecados têm no amor próprio seu ponto de partida.

Por exemplo: a mentira. Geralmente, a mentira visa a autopromoção ou a autopreservação. O indivíduo mente para promover-se, exagerando em seus dotes, enfatizando suas proezas. Ou mente para proteger-se. Portanto, a mentira é filha do amor próprio. E o adultério? Quem se entrega a uma relação adúltera busca por autossatisfação, sem importar com a dor que causará ao seu cônjuge e filhos, e à própria pessoa com quem está se relacionando. Autopromoção, autopreservação e autossatisfação são os principais alvos estabelecidos pelo amor próprio.

Há ainda a filha caçula do amor próprio, a autoestima, um nome mais sofisticado para o velho orgulho. E há ainda o sobrinho do amor próprio, a autoajuda, tão em voga em nossos dias. Em vez de buscar ajuda do alto, o homem pós-moderno prefere acreditar em seu próprio potencial para resolver todos os seus problemas.

O antídoto para a justiça própria é a graça. Através dela a justiça humana é desbancada, e em seu lugar é entronizada a justiça de Deus. E qual seria o antídoto para a o amor próprio? O antídoto para o amor próprio é a cruz.

Os reformadores protestantes enfatizaram a morte de Jesus em nosso lugar, mas se esqueceram de dar igual ênfase à nossa co-crucificação. Dizer que Jesus morreu por nós é a mais pura verdade, mas não expressa toda a verdade. Ele morreu por nós, mas nós também fomos crucificados com Ele. O apóstolo Paulo conjuga com maestria essas duas verdades:
“Pois o amor de Cristo nos constrange, julgando nós isto: um morreu por todos, logo todos morreram. E ele morreu por todos, para que os que vivem não vivam mais para si, mas para aquele que por eles morreu e ressurgiu” (2 Coríntios 5:14-15).
O amor revelado na Cruz deve constranger-nos a ponto de não mais vivermos para nós. A Cruz é um golpe fatal no amor próprio.

Paulo compreendeu isso perfeitamente: “Estou crucificado com Cristo, e já não vivo, mas Cristo vive em mim. A vida que agora vivo na carne, vivo-a na fé do Filho de Deus, que me amou e a si mesmo se entregou por mim” (Gl.2:20).

Onde foi parar a autoestima de Jesus? Como Ele pôde entregar-Se de tal maneira por gente que sequer merecia?

Jesus estabeleceu um novo referencial de amor. Antes da Cruz, a referência mais eloquente que o homem tinha era o amor próprio. Mas agora, Jesus o desbancou, entregando-Se por nós sem reservas. E é este o tipo de amor que devemos dispensar aos nossos semelhantes.

Pela Cruz, somos salvos não apenas da condenação do inferno, ou da ira divina, mas somos salvos de nós mesmos.

Pelas pisaduras de Cristo, fomos curados de nossa hemorragia e de nossa anemia espiritual. Agora somos instados a amar a Deus sobre todas as coisas e aos nossos semelhantes da maneira como Ele nos amou, e não como a nós mesmos.

Tudo isso sugere que o que a igreja cristã necessita não é de mais uma reforma, nos moldes do século XVI, mas de uma revolução de amor, onde o amor próprio seja deposto, e em seu lugar seja entronizado o Novo Mandamento de Jesus.

5 comentários:

  1. juscelino10:08 AM

    boooooom...tá vendo? para que falar em xuxa, joão uilis, gay espulso de igreja, com tanta coisa produtiva , boa , e importante para ser ministrado????

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  2. Anônimo12:13 PM

    Amar o próximo como amamos a nós é a sentença original. O Deus que deve ser amado sobre todas as coisas reside em nós e no nosso próximo igualmente.

    PAIXÃO, Edson.

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  3. Anônimo2:45 PM

    Amar como o ser humano ama o seu próximo e respeita-lo, é história para boi dormir.
    Ninguém ama ninguém, o ser humano quer que o seu próximo se expluda.
    Uma simples pergunta: A bíblia diz que devemos amor nosso inimigos, vcs amam seus inimigos? É claro que não! Se dizerem que sim , és um tremendo hipócrita safado, sem vergonha.
    É por isto que Deus deixou dois mandamentos mais difíceis para a raça humana, amar o Teu Deus de todo o teu entendimento e de todo o teu coração, e amar o teu próximo como a ti mesmo, o que ninguém consegue cumprir este mandamento, o que vejo é ódio de irmãos contra irmãos em Cristo, inveja ministerial, avareza, um passando por cima do outro por dinheiro e poder.
    Isto é impossível para a raça humana . Mas se vc não ama seu próximo que vê como podes amar a Deus que não vê a bíblia diz isto.
    É sério! E quem diz que ama seu próximo é mentiroso.
    Respeito é uma coisa, amar é totalmente diferente, e ninguém neste mundo faz, se faz é com hipocrisia, e mentira, tu és um traíra em dizer que ama alguém. .

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  4. Lisboa4:15 PM

    Hermes me desculpe esta de amor não cola não, principalmente no meio evangélico,e principalmente de crentes que dizem cristãos.
    Eu fui membro do Conselho de Sentença do Tribunal do Juri, e tenho acesso em vários processo mesmo os não criminal.
    O que vi Hermes, são milhares de processos de pessoas contra a outra pessoa e por incrível que parece, a maioria dos processos era de crentes levando crentes a justiça, levando seu irmão na fé perante um juiz.
    A bíblia não diz para não levar seu irmão na justiça? E o que tem mais lá, é irmãos levando seu irmão diante de um juiz para levar ferrada.
    Que belo traíras, são irmãos do capeta, isto que são!
    Ou vc levam a bíblia a sério ou sai fora! Mas falar de amor aí é demais!
    Vcs são um bando de egoístas, avarentos, amantes de si mesmos, e não ama ninguém.
    E só quer ferrar seu irmão na fé !
    Já pensou, no Poder Judiciário é assim crentes que dizem ser cristãos os traíras levando seu irmão na fé diante de um juiz, se a bíblia condena isto, nas igrejas deve ser MMA, UFC luta de artes marciais contra irmãos ao vivo.
    É nocaute certo, de tanto ódio, e inveja que há nas igrejas entre os irmãos.

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  5. Boa! Eu não pensava assim, agora super concordo com este comentários! Um bando de Vampiros emocionais

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