Por Hermes C. Fernandes
A vocação primordial do ser humano é o cuidado.
Antes mesmo de ser lançado no mundo, teve que fazer um estágio no Éden, jardim
plantado pelo próprio Deus.[1]
Sua missão ali era ser o seu guardião.[2]
Diferente da floresta, onde tudo cresce
desordenadamente, um jardim é caracterizado pela simetria e harmonia. Seu
trabalho consistia em guardar (preservar) e lavrar (desenvolver).
Nada passa despercebido ao olhar atento do
jardineiro. Além de determinar o lugar onde cada espécie deve desenvolver-se,
ele as poda, rega, e protege das pragas.
Engana-se quem sustenta que o trabalho foi
resultado da maldição proferida por Deus depois da queda do homem. Desde que
fora criado, Adão não teve férias. Trabalhar, muito mais do que um
dever, era seu prazer. Conferia-lhe propósito à existência.
A terra era-lhe favorável, correspondendo aos
seus cuidados, fornecendo-lhe flores e frutos, odores e sabores, cores e
texturas prodigamente variadas.
O pecado estragou tudo. Além de comprometer sua
relação com o Criador, também complicou sua relação com o resto da criação. A
terra já não produziria apenas frutos, mas também espinhos e cardos, resposta
da criação à vaidade humana.[3]
Um novo fator seria acrescentado à equação da
vida: a dor. A terra agora seria também regada pelo suor do homem. O que antes
era por puro prazer passara a ser um encargo, um dever que se negligenciado
apressaria a chegada da morte.
Desde então a criação geme submetida à vaidade
da raça que fora criada para ser sua guardiã. Tornamo-nos seu pior pesadelo.
Cataclismos como enchentes, furacões, tsunamis, estão entre os ‘cardos e
espinhos’ produzidos pela terra como anticorpos para combater a praga humana
que se alastra.
A queda transformou guardiões em predadores,
anjos em monstros, humanos em demônios.
A história do Éden é recapitulada por cada um
de nós. Tudo o que Deus nos tem confiado consiste em nosso jardim particular;
isso inclui nossos amigos, familiares, igreja, finanças, e o nosso próprio
coração.
Tal qual Adão, teremos que prestar contas do
que fora colocado sob nossos cuidados. E não adianta acusar a mulher, os pais,
o chefe, o vizinho, ou o próprio diabo. Aliás, se a serpente entrou em nosso
paraíso, não foi por descuido de Deus, mas por termos falhado como guardiões. Talvez
por isso Paulo tenha sido tão incisivo: “Não
deis lugar ao diabo.”[4]
O cuidado deve começar pelo ambiente do nosso
coração. É dali que “procedem as fontes da vida”.[5]
Todo jardim que se preze tem uma fonte, da qual procede a água que irriga o seu
solo. O chafariz que se exibe no centro do jardim não visa somente embelezá-lo,
mas manter as águas em movimento, evitando assim a concentração de larvas de
insetos.
Nosso coração é este chafariz no centro do jardim,
que inspira cuidados especiais. O que afetá-lo certamente afetará todo o
jardim.
De acordo com outra passagem, devemos ter cuidado para que não nos privemos da graça de Deus, permitindo que alguma raiz de amargura brote em nosso coração, o que, além de perturbar-nos, certamente contaminaria o nosso círculo de relacionamentos.[6]
De acordo com outra passagem, devemos ter cuidado para que não nos privemos da graça de Deus, permitindo que alguma raiz de amargura brote em nosso coração, o que, além de perturbar-nos, certamente contaminaria o nosso círculo de relacionamentos.[6]
Temos que estar alertas ao menor sinal de
amargura que surja em nossa alma. São essas raízes amargas que produzem
espinhos e cardos que ferem a nós mesmos, e, por conseguinte, aos nossos
amigos, afetando assim os nossos relacionamentos. Só deixemos brotar
sentimentos que correspondam aos mesmos que houve em Cristo.[7]
E não basta cuidar do que sentimos. Devemos
cuidar igualmente daquilo em que cremos.
Por isso, Paulo admoesta a seu pupilo Timóteo a que tivesse cuidado de si mesmo
e da doutrina, perseverando nisso para que salvasse a si mesmo e aos que lhe
ouvissem.[8]
Somos todos formadores de opinião.
Qualquer coisa que dissermos poderá influenciar a outros para o bem ou para o
mal. Há que se ter redobrados cuidados.
Uma vez tendo dispensando os devidos cuidados
ao coração (àquilo que se sente e que se crê), devemos voltar nossa atenção
para o resto do jardim, a começar pela nossa família. Afinal, “se alguém não tem cuidado dos seus, e
principalmente dos da sua família, negou a fé, e é pior do que o incrédulo”.
Quem ama, cuida. Quem não cuida, perde.[9]
Toda nossa ortodoxia cai por
terra se não for seguida de zelo por aqueles que nos foram confiados.
O cuidado que temos
pelos familiares deve ser extensivo aos da família da fé. Como membros do Corpo
Místico de Cristo, devemos ter “igual
cuidado uns dos outros”.[10] Somos todos co-pastores na sagrada tarefa de
apascentar o rebanho de Deus. E tal cuidado reflete o amor que temos para com o
próprio Deus. Cuidar do que é d’Ele é a
melhor maneira de declarar-Lhe nosso amor. Ao responder à pergunta feita
por Jesus, afirmando amar-Lhe, Pedro ouviu dos lábios do Mestre: “Apascenta os meus cordeiros”.[11] Ele não se impressiona com mãos erguidas aos
céus se essas mesmas mãos não forem estendidas ao próximo em demonstração de
cuidado e amor. Bom seria se todos os pastores e líderes ouvissem atentamente à
admoestação de Pedro:
“Apascentai o rebanho de Deus, que está entre vós, tendo cuidado dele, não por força, mas
voluntariamente; nem por torpe ganância, mas de ânimo pronto.” 1
Pedro 5:2
O rebanho não é nosso. Portanto, ninguém tem o
direito de dominá-lo a seu bel-prazer. O Supremo Pastor no-lo confiou para que
o apascentássemos com amor e esmero.
Geralmente, pastores pensam que seu dever está
circunscrito ao rebanho que lhe foi confiado. Por isso, muitos trabalham por
seu império particular, e não pelo Reino de Deus. Raríssimos são os que se
preocupam com ovelhas de outros redis. O lema dos tais é “cada um por si e Deus
por todos.” Porém, Deus não poderá ser por quem pensa desta maneira. Em vez
disso, deveríamos fazer coro com Paulo ao dizer: “Além dessas coisas
exteriores, há o que diariamente pesa sobre mim, o cuidado de todas as igrejas.” [12] Se pertence ao Senhor, logo merece toda a nossa
preocupação. Não devemos, portanto, “ser
vagarosos no cuidado”, mas “fervorosos
no espírito, servindo ao Senhor”.[13]
Ademais, o mesmo
apóstolo diz que não devemos atentar apenas para o que é propriamente nosso, “mas cada qual também para o que é dos outros.” [14] Portanto, mesmo que não pertença ao Senhor, se
pertence ao meu semelhante, devo torná-lo alvo de meus cuidados.
O cuidado que se requer de nós não tem prazo de
validade. Não deve ser visto como um mandato político que termina tão logo
tenhamos chegado ao seu fim. De acordo com o escritor sagrado, cada um de nós
deve mostrar “o mesmo cuidado até ao fim, para completa certeza da esperança.”[15]
Enquanto cuidamos com fervor do que nos tem
sido confiado, o próprio Pai Celestial estende Seus cuidados especiais a nós.
De modo que não sejamos consumidos pela ansiedade, mas sintamo-nos acolhidos,
amados, protegidos pelo manto de Sua inefável graça.[16]
Este cuidado implica não somente que sejamos
amparados, mas também aparados, não apenas confortados, como também confrontados. Para que cresçamos e frutifiquemos, nosso
Jardineiro não nos poupará de sermos podados. Por mais dolorida que seja a
poda, ela é necessária para que sejamos livres dos nós que impedem o fluxo da
seiva da vida, responsável pelas flores e frutos que produzirmos.[17]
Hermes, homem amado de Jesus, gostaria de deixar este recado amém?
ResponderExcluirA FIGUEIRA QUE NÃO DÁ FRUTO É CORTADA.
no livro de Marcos 4.3,6 diz: E aconteceu que, semeando ele, uma parte da semente caiu junto ao caminho, e vieram as aves do céu e a comeram.
E outra caiu sobre pedregais, onde não havia muita terra, e nasceu logo, porque não tinha terra profunda.
Mas, saindo o sol, queimou-se e, porque não tinha raiz, secou-se.
Esta parábola conta como o evangelho original de Jesus Cristo será recebido no mundo.
Três Verdades podem ser aprendidas nesta parábola.
1- A conversão e a frutificação espiritual dependem de como a pessoa se porta ante a Palavra de Deus; veja em Marcos 4.14; João 15.1-10.
2- Haverá diferentes reações ante o evangelho, da parte do mundo. Uns ouvirão o evangelho, mas não entenderão, uns crerão na Palavra, mas depois se desviarão, uns perseverarão e frutificarão em diferentes proporções; veja em Marcos 4.15; Mateus 13.19; Marcos 4.16-19,20.
3- Os inimigos da Palavra de Deus são: Satanás, o ser humano sem Deus, os cuidados deste mundo, as riquezas e os prazeres pecaminosos desta vida; veja em Maros 4.15,19; Lucas 8.14.
No livro de Marcos 4.15, Jesus Cristo fala aqui a respeito da conversão incompleta, em que o indivíduo busca o perdão dos seus pecados, mas não chega ao arrependimento pelo Espírito Santo. O tal não recebe a salvação, pois não nasceu de novo, e nunca entra em comunhão com Jesus Cristo e sua Palavra, com os irmãos em Cristo, a igreja de Cristo, não demonstra uma genuína entrega de tudo em sua vida Verdadeiramente a Jesus, e nem se separa do mundo com seu prazeres carnais.
A conversão a Jesus Cristo é incompleta quando o indivíduo busca o perdão dos seus pecados mas não experimenta a "REAL REGENERAÇÃO PELO ESPÍRITO SANTO".
O indivíduo crer em Jesus somente com o seu intelecto e não de todo seu coração, o seu íntimo, todo seu ser, sua total personalidade; veja em Atos 2.37; 2 Coríntios 4.6.
Ausência de Verdadeiro arrependimento ou abandono total do pecado; veja em Mateus 3.2; Atos 8.18-23.
Há um desejo da parte da pessoas de aceitar a Jesus como salvador, mas não como Senhor; veja em Mateus 13.20,21.
A pessoa baseia sua fé mais na persuasão da palavra humana do que na demonstração do Espírito Santo e do poder de Deus; veja em I Coríntios 2.4-5.
Jesus Cristo declara em Marcos 4.25 que o cristão deve sempre continuar a obter a Verdade e a graça divinas, senão perderá até mesmo o que já tem.
Ou seja, crescimento na graça ou declínio espiritual pode ser quase imperceptível na vida de muitas pessoas, daí o cristão que não cresce e não dá frutos, degenera-se;veja em 2 Pedro 3.17,18.
O perigo de abandono relaxamento total da fé aumenta na proporção direta do declínio espiritual da pessoa; veja em Hebreus 3.12-15; 4.11; 6.11,12; 10.23-39; 12.15.
Desperta tu que dormes, assim diz Jesus Cristo de Nazaré.
A seara é grande e poucos são trabalhadores no evangelho original de Jesus Cristo.
Maranata Jesus Cristo meu Senhor e Salvador.
Graça e Paz seja com os fiéis irmãos em Cristo espalhados nesta terra.
Hermes,
ResponderExcluirÉ sempre bom estar aqui em companhia dos seus textos. Eles me fazem pensar, refletir e me tocam pela simplicidade e sinceridade com que escreves. Grande abraço.
Deus te abençoe.
Graça e paz seja contigo Bispo!, texto reflexivo, excelente como sempre, suas palavras nós causa surtos de reflexão, que o eterno te preserve como luz nessa escuridão espiritual, que me assusta, lideres com percepção do evangelho que você tem, faz nós entender, que ainda existe 7 mil que não se dobraram.
ResponderExcluirBicheiro Carlinhos Cachoeira é o mais novo evangélico da praça e já promete lançar a sua bíblia em breve
ResponderExcluirSegundo algumas fontes, a cerimônia foi realizada por um pastor da Igreja Evangélica Videira – igreja que “converteu” Cachoeira na prisão. Outras fontes informam que o celebrante foi Vitor Hugo Queiroz, pastor da Vida Nova de Anápolis, seita freqüentada pela noiva, que ali paga o seu dízimo de Salomé e, por isto, pode ser membro da comunidade e continuar se refastelando com dinheiro do crime e de verbas públicas desviadas, aliciando juízes federais, mentindo na CPI e vivendo em adultério com um bandoleiro, pois na maioria das igrejas evangélicas, pagando o dizimo, você pode ser o bandido que for que é dado por santo e nem te negam a comunhão…
http://www.genizahvirtual.com/2013/01/bicheiro-carlinhos-cachoeira-e-o-mais.html
Caro Hermes,
ResponderExcluirse tiver tempo para ouvir - são 3 horas. o que acha desse assunto e do pessoal ? http://www.youtube.com/watch?v=ZNgF1nOOAhY.
Olá, Hermes,
ResponderExcluirEmbora eu não siga pela sua linha de compreensão do Gênesis que é muito literalista, e também sobre o conceito de "Queda", que inexiste na narrativa, junto a forçada de dizer que cataclismas naturais são uma reação do planeta a nossa ação, eu gostei bastante do que você desenvolveu na segunda metade do texto sobre o cuidado pastoral.
Muito bom.
Paz do Cristo.
Alex
Caro Alex, também não faço uma leitura literalista de Gênesis. Mas acredito que a narrativa encerra lições preciosas como a que eu destaco no texto.
ExcluirAbraço.
Lindo! Que o temor entre em nossos corações...
ResponderExcluirSeus textos são ótimos e me ajudam a pesar, nem sempre concordo mas só em instigar o pensamento ja ajuda muito
ResponderExcluirOh, meu caro Bispo,
ResponderExcluirModeração de comentário para um homem como você que se propõe a ser um defensor do direito de expressão e da livre iniciativa das idéias, só fica bem quando é para limar comentários ofensivos ou que faça algum tipo de apologia anti-ética e imoral.
Porém, quando o comentário expõe apenas uma crítica não ofensiva às ideias expostas você deveria postar como prova de que é tão livre e amável quanto os sermões que prega, além de não fazer perder tempo quem gasta um tempo para comentar.
Abraços,
Paz dos Cristo.
Caro Alex, não moderei seu comentário. Tive uma semana muito agitada e quase não tive tempo para me dedicar ao blog. Tinha um caminhão de comentários para postar, incluindo o seu. Abraço!
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