quarta-feira, junho 15, 2016

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Para onde vamos no exato momento em que deixamos esta vida?



Hermes C. Fernandes

Infelizmente, só nos importamos com a vida pós-morte, quando perdemos alguém a quem muito amamos. Quando perdi meu pai há 15 anos, refleti muito sobre o tema. Queria entender o que se passa conosco depois que partimos. Li vários livros, mas nenhum me satisfez. Então, resolvi pesquisar os textos bíblicos em busca de respostas. Creio que vai trazer muito conforto àqueles que perderam alguém a quem amavam, como também àqueles que temem à morte.

O escritor de Hebreus afirma taxativamente que “aos homens está ordenado morrer uma só vez, vindo depois disso o juízo” (Hb.9:27). Este versículo tem sido fartamente usado para contestar a doutrina da reencarnação. A primeira parte dele é clara. Se só se morre uma vez, logo inferimos que só se vive uma vez. À luz disso, não é plausível que haja migração de espírito de um corpo para outro. Entretanto, faz-se vista grossa à segunda cláusula do verso, onde se diz que a morte é sucedida imediatamente pelo juízo. Não há hiato entre os dois eventos.

Ao deixarmos essa vida, somos transportados diretamente ao Tribunal de Cristo, e à Sua presença imediata. Deixamos o tempo, e entramos em uma esfera atemporal, chamada também de eternidade. Trata-se de um "voo" non-stop, sem escalas. Não há estado intermediário entre a morte e a ressurreição, ou entre a morte e o juízo. Foi a doutrina do estado intermediário tardiamente criada no cristianismo que proveu um terreno fértil para o surgimento de doutrinas como a do purgatório, e a da intercessão dos santos que já partiram, desprovidas de qualquer respaldo bíblico consistente.

Tendo isso em vista, não devemos esperar que ao morrermos seremos levados a uma instância conhecida como Seio de Abraão, para ali esperarmos o momento da ressurreição. Reconheço que muita confusão tem havido nesse campo, e que, por isso, devemos deixar a zona de conforto proporcionada pela tradição, e buscar respostas diretamente da fonte, a saber, as Escrituras Sagradas.

Até a morte de Cristo, todos os que morriam na fé nas promessas de Deus, eram conduzidos a um lugar chamado Seio de Abraão. Não se trata do paraíso, nem de uma sala de espera no céu. Trata-se, antes, de uma espécie de repartição especial na região dos mortos, chamada de Hades pelos gregos e de Sheol pelos judeus. Todos, independentes de sua fé, eram conduzidos a essa região, que se dividia em duas partes: o lugar de tormento, e o lugar de descanso. A esse, a Escritura denomina Seio de Abraão (1). Ambos, porém, compunham os dois lados de um mesmo cenário. Basta uma conferida na parábola de Lázaro, e veremos ali que o rico que fora para o inferno, “estando em tormento, ergueu os olhos e viu ao longe a Abraão e Lázaro no seu seio” (Lc.16:23). E não só o viu, como também se comunicou com ele, apesar do abismo que os separava. Era essa a condição de quem morria antes que Cristo viesse ao mundo e nos escancarasse a porta do paraíso. O escritor dos Hebreus dá testemunho disso, ao declarar que “todos estes (os que viveram antes da Nova Aliança), embora tendo recebido bom testemunho pela fé, contudo não alcançaram a promessa (de gozar da presença imediata de Deus). Deus havia provido coisa superior a nosso respeito (os que vivem sob a Nova Aliança inaugurada na Cruz)" (Hb.11:39-40a).

Ao morrer na Cruz, Jesus inaugurou o paraíso aos homens. Por isso, Ele pôde garantir ao ladrão penitente: “Hoje estarás comigo no paraíso” (Lc.23:43b). A partir de então, todos os que morrem na fé, são imediatamente levados à presença do Senhor. Para esses, a volta de Cristo se dá no exato momento em que deixam esta vida. Por isso Paulo confessa ter “o desejo de partir e estar com Cristo, o que é muito melhor” (Fp.1:23b). Não era por menos, pois nas palavras do apóstolo, é preferível “deixar este corpo e habitar com o Senhor” (2 Co.5:8). Não diz que deixamos esse corpo para habitar com Abraão, ou para descansarmos em algum tipo de sala de espera do céu. Ao deixarmos este corpo, somos conduzidos à presença do Senhor para habitarmos com Ele para sempre.

Alguns creem que ao deixarmos nossos corpos, experimentaremos um estágio intermediário, em que seremos tão-somente espíritos desencarnados. Isso não parece fazer muito sentido. Nosso espírito não deseja viver, senão em um corpo através do qual possa glorificar a Deus. Daí a importância da ressurreição corporal. Paulo chega a afirmar que nós “gememos, desejando ser revestidos da nossa habitação, que é do céu, porque estando vestidos, não seremos achados nus. Pois também nós, os que estamos neste tabernáculo (o corpo físico atual), gememos angustiados, não porque queremos ser despidos, mas revestidos, para que o mortal seja absorvido pela vida” (2 Co.5:2-4). Concluímos, portanto, não ser razoável nutrir o desejo de ser despido, isto é, viver sem um corpo, através do qual possa servir e louvar ao Seu Deus. Há uma espécie de angústia em cada um de nós, que nos faz suspirar pelo momento em que Jesus Cristo “transformará o nosso corpo de humilhação, para ser conforme o seu corpo glorioso, segundo o seu eficaz poder de sujeitar também a si todas as coisas” (Fp.3:21; ver também Rm. 8:23).

Não haverá um tempo em que viveremos fora do corpo. O homem é um ser psicobioespiritual. A idéia de que o homem é apenas um espírito residindo em um corpo não é bíblica. Ainda que o corpo seja apresentado como habitação do espírito, sem ele, o ser está incompleto. Se pudéssemos viver sem um corpo, não haveria necessidade de que a redenção o incluísse (Rm.8:23).Veja o que Paulo escreve aos Tessalonicenses acerca da unidade corpo-alma-espírito:
“O mesmo Deus de paz vos santifique completamente. E todo o vosso espírito, alma e corpo sejam plenamente conservados irrepreensíveis para a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo.” 1 TESSALONICENSES 5:23
O que dizer, então, do momento entre a nossa morte e a segunda vinda de Jesus? Quando morremos, nosso espírito é conduzido imediatamente ao último dia, também conhecido como o Dia da Eternidade. Ali será o entroncamento entre o kronos e o kairós. Num “piscar de olhos” ouviremos o veredicto divino, e seremos imediatamente revestidos de nosso novo corpo. Tão logo deixemos esse ‘tabernáculo’, receberemos um ‘edifício’ incorruptível, no qual habitaremos para sempre com o Senhor. Foi isso que Paulo disse: “Sabemos que, se a nossa casa terrestre deste tabernáculo se desfizer, temos da parte de Deus um edifício, uma casa não feita por mãos, eterna, nos céus” (2 Co.5:1).

Quando falamos de eternidade, estamos falando de uma esfera de existência que não tem começo nem fim. Ao adentrarmos nesta esfera em que Deus habita (Is.57:15a), nos depararemos com o Grande Trono Branco, visto por João em Apocalipse.
“Então vi um grande trono branco, e o que estava assentado sobre ele. Da presença dele fugiram a terra e o céu, e não se achou lugar para eles.” APOCALIPSE 20:11
Você já se perguntou onde se dará o juízo final? Onde se assentará o Tribunal de Cristo? Além do grande trono branco, João vê ainda “os mortos, grandes e pequenos, que estavam diante do trono (...) O mar entregou os mortos que nele havia, e a morte e o além deram os mortos que neles havia, e foram julgados cada um segundo as suas obras” (Ap.20:12a,13). Dá pra imaginar uma cena dessas? Quantas pessoas já passaram por este mundo desde a sua criação? Só nos dias atuais cerca de 7 bilhões de pessoas povoam o planeta. Imagine reunir todos que aqui já viveram, em todos os tempos, em um só lugar. Será que a superfície terrestre possui uma planície tão extensa que possa comportar tal número de pessoas? Acredito que não. Então onde se dará o Juízo? A pista está no verso 11. Ali lemos que a terra e o céu fugiram da presença d’Aquele que estava assentado no grande Trono Branco. O juízo de Deus, portanto, se dará em uma instância atemporal, isto é, fora do tempo e do espaço. Se não há lugar para a terra e o céu, logo não há “espaço”, e se não há espaço, não há tempo. O tempo e o espaço são aspectos de uma mesma realidade.

Podemos dizer que o Juízo de Deus se dará na Eternidade, numa instância que tomo a liberdade de chamar pelo neologismo Kairosfera. Então todos terão que morrer para passar pelo juízo? Absolutamente, não. O mundo caminha em direção à eternidade. Num dado momento, quando Cristo se manifestar em glória, o kronos (tempo) será invadido pelo Kairós (‘tempo’ divino/eternidade), e todos nos veremos “perante o tribunal de Cristo, para que cada um receba segundo o que tiver feito por meio do corpo, ou bem, ou mal” (2 Co.5:10).

A história da criação caminha para esse ponto, que podemos chamar de Ponto Ômega, o capítulo final, o desfecho da História de todo o cosmo, bem como a conclusão da história de cada ser humano que por aqui houver passado. Todos, sem exceção, terão que prestar contas de si mesmo a Deus (Rm.14:12). Esse será o Dia do Senhor, “em que Deus há de julgar os segredos dos homens, por meio de Jesus Cristo” (Rm.2:16).

De repente, ao soar da trombeta de Deus, todos estaremos ali: Justos e ímpios, grandes e pequenos, ricos e pobres. Desse dia ninguém escapará.

Para quem está vivo  hoje, pode parecer que esse dia esteja num futuro remoto. Mas para quem deixa o mundo hoje, é como se esse dia chegasse imediatamente. Não há intervalo. É como se entrássemos numa máquina do tempo, e fôssemos arremessados em um futuro distante. Lá chegando, não apenas nos encontraremos com o Senhor nos ares (neste ponto de interceção entre o espaço e o infinito, entre o tempo e a eternidade), vindo para julgar os vivos e os mortos, como também encontraremos todos os eleitos de Deus, de todas as eras. Dentre os que morrerem em Cristo, ninguém vai chegar primeiro. Imagine alguém em seu leito de morte, despedindo-se dos seus, quando de repente, é conduzido à eternidade, e lá encontra as mesmas pessoas de quem acabou de se despedir! A dor da separação é para quem fica, não para quem vai. Por isso Jesus disse que os amigos que granjearmos aqui na terra, serão os mesmos que nos receberão “nos tabernáculos eternos” (Lc.16:9). Na verdade, recepcionaremos uns aos outros, pois chegaremos todos juntos.

Há ordem de partida, mas não há ordem de chegada. Por vivermos confinados no tempo e no espaço, assistimos à partida de cada pessoa que deixa essa vida. Mas na eternidade não haverá ordem de chegada. Todos compareceremos diante do Trono de Deus concomitantemente.

O Juízo se dará na eternidade, em uma instância atemporal, onde não há tempo nem espaço. O único momento em que ficaremos sem o corpo será perante o Tribunal de Cristo, onde teremos que dar contas do que fizemos através dele. Será num abrir e fechar de olhos. Digamos que num bilionésimo de segundo. Essa instância pode ser chamada de “terceiro céu”, ou “céu dos céus”. Todos, indistintamente, quer estejam vivos ou mortos no momento em que Cristo vier, terão que comparecer diante de Deus, para ouvir Seu veredicto, e receber sua sentença. Ali será o entroncamento entre o céu e a terra, ao mesmo tempo em que será a bifurcação entre o céu e o inferno.

Pode-se dizer que instantaneamente, tão logo ouçamos do Senhor que fomos justificados, nos veremos nas nuvens do céu, atraídos pela Sua majestade divina. Naquele "bilionésimo de segundo" veremos toda a nossa vida projetada no telão de nossa consciência. O que ali ouviremos ficará imprimido indelevelmente em nossa consciência para todo o sempre.

Com Ele desceremos a Terra, e aqui viveremos por eras infindáveis na companhia do Senhor e da humanidade redimida.

Céu e Terra são agora plenamente reunidos em Cristo, sendo dois lados de uma mesma realidade. Não há mais separação;“o mar já não existe”, declara João, em sua descrição do novo céu e da nova terra (Ap.21:1).

Desfazendo um mal-entendido

O que temos defendido aqui é que não há intervalo entre a morte e a vinda de Cristo. Não cremos na doutrina do estado intermediário, em que os espíritos dos salvos estariam conscientes numa espécie de sala de espera, aguardando a volta de Cristo, enquanto os espíritos dos não-salvos estariam no anti-sala do inferno, já experimentando previamente o castigo que lhes será impingido. Deus não é injusto. Não se pode aplicar uma sentença sem que antes se emita um veredicto. Não se pode emitir um veredicto, sem que antes se faça juízo.

Também não cremos na doutrina do sono da alma, que diz que as almas ficam estado de repouso, acordando apenas no dia do Juízo Final.

Uma passagem que tem sido usada para defender a teoria do estado intermediário é a de Apocalipse 6:9-11, que diz:
“Quando ele abriu o quinto selo, vi debaixo do altar as almas dos que foram mortos por causa da palavra de Deus e por causa do testemunho que deram. E clamavam com grande voz, dizendo: Até quando, ó verdadeiro e santo Soberano, não julgas e vingas o nosso sangue dos que habitam sobre a terra? E foram dadas a cada um deles compridas vestes brancas, e foi-lhe dito que repousassem ainda por pouco tempo, até que se completasse o número de seus conservos e seus irmãos, que haviam de ser mortos, como também eles foram.”
Aquelas almas pareciam estar bem conscientes. Elas aparecem clamando por justiça. Querem que seu sangue seja vindicado. Que sua causa seja julgada. Como sustentar, à luz desta enigmática passagem, o que temos defendido até aqui? Há duas maneiras de a entendermos de forma que  não contradiga o que expusemos.

A primeira é que pode tratar-se apenas de uma parábola. Assim como lemos em Hebreus 11:4 que o sangue de Abel ainda clama até hoje. Ora, não se pode entender isso literalmente. Tanto Hebreus 11:4, quanto Apocalipse 6 falam da mesma coisa: Deus não Se esqueceu de julgar a causa de Seus servos, ainda que os faça esperar. E o paralelismo entre as duas passagens não pára por aqui. A segunda maneira de se entender essa passagem admite a sua literalidade (optamos por esse posicionamento).

Aquelas almas que foram vistas sob o altar, clamando por justiça, são as mesmas que “experimentaram escárnios e açoites, e até algemas e prisões. Foram apedrejados; foram tentados; foram serrados pelo meio; foram mortos ao fio da espada. Andaram vestidos de peles de ovelhas e de cabras, necessitados, aflitos e maltratados (dos quais o mundo não era digno), errantes pelos desertos e montes, e pelas covas e cavernas da terra. E todos estes, embora tendo recebido bom testemunho pela fé, contudo não alcançaram a promessa. Deus havia provido coisa superior a nosso respeito, para que eles, sem nós, não fossem aperfeiçoados” (Hb.11:36-40). Os mesmos heróis de Hebreus 11, são apresentados no capítulo 12 compondo uma plateia, que tendo encerrado sua corrida, aguarda das arquibancadas a chegada dos últimos atletas. Na interpretação do escritor sagrado, aqueles heróis agora formavam uma “grande nuvem de testemunhas”, esperando e torcendo para que os últimos mártires (testemunhas) daquela era deixassem “todo embaraço”, correndo “com perseverança a carreira” que lhes estava proposta. O pódio só viria depois que o último atleta cruzasse a linha de chegada, e a corrida se desse por encerrada.

Repare que em Apocalipse 6, o Senhor diz que aquelas almas deveriam repousar um pouco mais, “até que se completasse o número de seus conservos e seus irmãos, que haviam de ser mortos, como também eles foram”. E agora em Hebreus 11 lemos que “eles, sem nós” não poderiam ser aperfeiçoados (lit. completados).

Quando Cristo expirou, o véu do templo de rasgou. O caminho do santo dos santos foi aberto, de maneira que a presença de Deus tornou-se acessível a todos os homens. Entretanto, os mortos que aparecem sob o altar (sob a Velha Aliança), teriam que aguardar um pouco mais, até que se completasse o número dos mártires, que serviriam de testemunhas contra a grande meretriz, a Jerusalém terrena. A Babilônia de Apocalipse é Jerusalém. Compare Mt.23:37 com Ap.16:5-6, 18:20 e 19:2. O Santo dos Santos, embora houvesse sido aberto, não estava ainda plenamente descoberto. Hebreus 9:8 diz: “O Espírito Santo estava dando a entender com isto que o caminho do Santo dos Santos ainda não está descoberto, enquanto continua em pé o primeiro tabernáculo (o templo de Jerusalém)”.

Jesus havia previsto que ainda naquela geração o Templo de Jerusalém cairia juntamente com a cidade apóstata. No ano 70 d.C., Jerusalém foi invadida pelos romanos, sob o comando de Tito, filho do Imperador, que a reduziu a escombros, não poupando nem mesmo seu suntuoso templo. Com a queda do ‘primeiro tabernáculo’ o Santo dos Santos foi finalmente descoberto, e os espíritos que estavam sob o altar foram finalmente conduzidos à presença imediata de Deus.

Por que “eles, sem nós” não poderiam ser aperfeiçoados? Porque foi a Igreja primitiva que forneceu os mártires que faltavam, para que a medida dos pecados de Jerusalém fosse alcançada, e o juízo de Deus fosse aplicado.

Muitos dos mártires primitivos entraram na conta de Jerusalém, enquanto que outros foram creditados na conta de Roma, que mais tarde também sofreu o juízo de Deus.

Demonstramos aqui que com a morte de Cristo, o caminho do Santo dos Santos nos foi aberto, e que com a queda do Templo em Jerusalém, foi inteiramente descoberto. De maneira que João pôde escrever:
“Graças te damos, Senhor Deus Todo-poderoso, que és, e que eras, porque tomaste o teu grande poder, e reinaste. Iraram-se as nações; então veio a tua ira, e o tempo de serem julgados os mortos, e o tempo de dares recompensa aos profetas, teus servos, e aos santos, e aos que temem o teu nome, a pequenos e a grandes, e o tempo de destruíres os que destroem a terra. Abriu-se no céu o templo, e arca da sua aliança foi vista no seu santuário.” APOCALIPSE 17-19a.
Aleluia! O véu não apenas se rasgou, mas foi inteiramente removido, de maneira que a arca da aliança pôde ser vista. É por isso que João não hesitou em registrar a voz que ecoou desde o céu: “Bem-aventurados os mortos que desde agora morrem no Senhor. Sim, diz o Espírito, descansarão dos seus trabalhos, pois as suas obras os acompanharão” (Ap.14:13).

Se o Santo dos Santos está inteiramente descoberto, logo, temos acesso amplo à presença do Senhor. Não temos que aguardar em um “lugar santo”, também conhecido como “primeiro tabernáculo”. Não temos que fazer um estágio no Seio de Abraão. Nosso voo à glória é direto, não tem escalas.

O templo de Jerusalém representava esse primeiro tabernáculo, um estágio entre o provisório e o permanente. O provisório tinha que ceder espaço ao permanente. Os que viveram naquele período de transição entre a Velha e a Nova Aliança anelavam pela “remoção das coisas abaláveis, como coisas criadas, para que as inabaláveis permaneçam” (Hb.12:27). Eles traziam consigo a certeza de que já haviam atravessado o véu, chegando finalmente “ao monte Sião, à cidade do Deus vivo, à Jerusalém celestial (...) a Jesus, o Mediador de uma nova aliança, e ao sangue da aspersão, que fala melhor do que o de Abel”, e de todos os mártires (Hb.12:22,24).

Os que viviam no período interalianças já haviam sido avisados de que ainda naquela geração se vindicaria “todo o sangue justo derramado sobre a terra, desde o sangue do justo Abel” (Mt.23:35a). O próprio templo havia sido profanado com assassinato de Zacarias, filho de Baraquias, cujo sangue fora derramado “entre o santuário e o altar” (v.35b). Por isso, daquele templo, não restaria “pedra sobre pedra” (24:2). O sangue dos justos recairia sobre o primeiro tabernáculo, e este, desmoronando, daria lugar ao santuário espiritual, do qual aquele era apenas uma pálida figura.

A queda do Templo foi a vinda de Cristo em juízo sobre a cidade apóstata e aquela estrutura religiosa, política e social que mantinha cativo o seu povo. Agora, as almas que estavam sob o altar poderiam finalmente ser reunidas aos santos da Nova Aliança em congraçamento eterno na presença de Deus. Essas almas migraram do tempo (do qual eram reféns) para a eternidade, a fim de se reunirem "nas nuvens" com os santos de todas as eras.

Libertaram-se, finalmente, do processo histórico do qual estavam cativos até que sua causa fosse julgada, e seus algozes castigados.

O Templo judeu deu lugar ao Templo Vivo de Deus, que é a Sua Igreja, reunião de todos os santos, de Abel até o último a nascer neste mundo. Em Cristo deu-se a reunião, de maneira que o escritor sagrado pôde declarar, que além de termos chegado à Jerusalém Celestial, reunimo-nos “aos muitos milhares de anjos, à universal assembléia e igreja dos primogênitos inscritos nos céus (...) a Deus, o juiz de todos, e aos espíritos dos justos aperfeiçoados” (Hb.12:22b-23).


(1) O vocábulo grego traduzido por "seio" é κόλπος (kolpos). Esta palavra também é traduzida por 'vagina', e 'útero'. Em alguns textos hebraicos traduzidos para o grego, o termo sheol aparece como kolpos em vez de Hades, pois os judeus se referiam à região dos mortos como "seio da terra", ou ainda, "ventre da terra". O uso intercambiável desses termos nos dá margem para entender a expressão "seio de Abraão" como sinônimo de "hades de Abraão". Fonte: Wiktionary e Lexicon Katabiblon

16 comentários:

  1. Anônimo6:23 PM

    Com Ele desceremos a Terra, e aqui viveremos por eras infindáveis na companhia do Senhor e da humanidade redimida.

    Só não concordo com isso. Acho que tudo aqui vai ser destruído...e o corpo que vamos adquirir será para um habitat espiritual!

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    1. O Hermes está certo quanto a isso, Deus ira restaurar céus e terra e nós viveremos nela, essa idéia de vamos viver em um "céu espiritual" é errônea, ela foi gerada a partir de erros teológicos baseados na interpretação literal de alguns textos.
      Um excelente texto, digno de um profundo conhecedor das escrituras e do amilenismo.
      Espero que o Espírito de Deus possa falar ao seu coração e convence-lo a voltar ao verdadeiro evangelho, fazendo com vc pare de pregar a relativização da Bíblia e volte ao verdadeiro evangelho, pois nesse texto vc demonstra ter um ótimo conhecimento do mesmo.

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    2. Anônimo12:17 AM

      Entao o que Jesus quis dizer :"Na casa do meu Pai tem muitas moradas ,vou subir e preparar vos um lugar"

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    3. Anônimo11:41 AM

      Em vez disso, esperavam eles uma pátria melhor, isto é, a pátria celestial. Por essa razão Deus não se envergonha de ser chamado o Deus deles, pois preparou-lhes uma cidade.

      COMO explicar isso? Pátria Celestial? Não concordo em dizer que é a Nova Jerusalem que desce dos céus , por que mesmo assim será terrena! rss...

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    4. Isso são metáforas, não devem ser vistas como algo literal.
      O texto explica muito bem isso.

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    5. Anônimo3:43 PM

      Anônimo II
      Seremos iguais aos anjos, não necessitaremos de terra.

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    6. Vc já leu a bíblia ???
      Pois se leu iria saber que teremos corpos glorificados, como o de Cristo.
      No texto ele explica tudo isso, mas será que ninguém lê o texto antes de comentar ?!?!

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    7. Anônimo9:47 AM

      Tudo bem ,só não concordo que viveremos aqui.Que aqui será a habitação dos remidos

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  2. Como diria Einstein, tempo-espaço não é uma categoria absoluta, mas depende do ponto de vista do observador.

    Pela teoria da Grande Explosão antes que a explosão inicial acontecesse não existia tempo nem espaço. Os fótons que formaram o primeiro feixe de luz dispararam o cronômetro, ali começou o tempo é, ao mesmo tempo se inicia o espaço, pois espaço é a distância entre dois pontos e, até a Grande Explosão, só existia um ponto infinitamente pequeno, mas com todo o potencial para gerar o universo, portanto, não existia espaço.

    Aproveitando a visão científica, sem entrar na aparente contradição entre criacionismo e visão científica (para mim não há contradição alguma), podemos supor que Deus é anterior à Grande Explosão, sendo assim, é anterior ao tempo e ao espaço, logo, não está sujeito a essas categorias criadas por Ele.

    É como se o mundo em que vivemos fosse o mundo da ciência, com tempo e espaço e o mundo de Deus fosse o mundo onde estava Adão antes do pecado e para onde voltaremos todos os que creem no sacrifício salvador de Jesus.

    Quando morremos é como se nos livrássemos da prisão do tempo-espaço e fossemos reenviados para casa após cumprimos a nossa pena de morte.

    Por não estar sujeita ao tempo, a nossa casa eterna não tem ontem e amanhã, só existe o hoje. Por isso, todos se encontrarão no Juízo Final e, de lá, seguirão ou para reinauguração da casa do Pai ou para a inauguração do inferno, pois Satanás e seus demônios estão nesse mundo e só irão para o inferno, junto com as pessoas que não foram salvas, após o julgamento final.

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  3. "E para o nosso Deus nos fizeste reis e sacerdotes; e reinaremos sobre a terra." Apocalipse 5:10

    "Bem-aventurados os mansos, porque eles herdarão a terra." Mateus 5:5

    "Os justos herdarão a terra e habitarão nela para sempre." Salmos 37:29

    "Uma geração vai, e outra geração vem; mas a terra para sempre permanece." Eclesiastes 1:4

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  4. Em Gênesis, após a expulsão de Adão e Eva do Paraíso, o Éden continuava existindo e servindo de ponto de referência, Caim foi morar a leste do Éden.

    Parece que com o aumento do pecado no mundo, provavelmente no período do dilúvio, o Éden deixou de servir como ponto de referência. Contudo, como disse Jesus ao ladrão na cruz: “ainda hoje estará comigo no Paraíso”. Assim, podemos supor que o Éden continua aonde sempre esteve, mas nós perdemos a capacidade de vê-lo, percebê-lo, além da proibição que já existia para entrarmos.

    Vale lembrar que só enxergamos cores num espectro muito limitado, não enxergamos frequências luminosas abaixo do vermelho, nem acima do violeta, assim como só ouvimos sons abaixo de 20 mil hertz e acima de 16 hertz. Cães ouvem muito mais e sentem cheiros que nós não sentimos. Vários animais sentem o campo magnético da Terra e o utilizam como GPS. Imagine quantas outras coisas não vemos, não ouvimos nem sentimos, mas estão aqui.

    Creio que a reintegração desse mundo com o Éden será como a reinauguração da casa do Pai. Não se trata de uma casa celestial, espiritual, mas a reunificação das instâncias, desse mundo com o paraíso.

    No mundo em que vivemos hoje tudo é perecível. O mundo reunificado será como uma nova criação, um novo mundo, pois o pecado que trouxemos a esse mundo causou a ele dores, sofrimento, destruição e morte. Com o fim do pecado, esse mundo e o Paraíso voltarão a ser um, assim como nós seremos um com Cristo, da mesma forma que Cristo já é um com o Pai.

    A ruptura dos mundos criou uma nova realidade, esse universo em constante processo morte e reconstrução. Essa ruptura deve ter sido algo gigantesco, algo como uma Grande Explosão.

    Essa nova realidade com novas categorias como tempo e espaço não pertenciam a unidade inicial, foram geradas pela condenação à morte, morte que também não existia, e que é o fundamento desta realidade criada pelo pecado.

    Toda ruptura é causada pelo pecado, incluindo a morte.

    Sem pecado não haveria ruptura da unidade inicial, não haveria Grande Explosão, não haveria evolução, não haveria morte, nem salvação, não viria o Cristo é não conheceríamos o que é o Amor.

    Tudo é plano de Deus!

    Quando Deus diz a Adão e Eva crescei e multiplicai ele já estava anunciando algo que não ocorreria no Paraíso.

    Adão e Eva eram a totalidade da humanidade, sem pecado, unida a Eles (a Trindade), mesmo Eva era uma unidade com Adão, pois nada mais era que sua costela. Ali tudo foi criado por Deus e tudo estava unido a Ele. Compartilhavam da eternidade e imutabilidade. Lá tudo é perfeito, nada se transforma. É inconcebível novos seres nascendo e crescendo a todo momento, modificando a imutabilidade.

    A Bíblia deixa claro, em Gênesis 4, que Adão só teve relações com Eva depois que estavam fora do Paraíso.

    Eles chegam numa nova realidade como quem pega um ônibus em movimento. As coisas aqui eram duras e muito diferentes do Paraíso. Lá eles foram criados a imagem e semelhança de Deus, mas Deus tem imagem?

    Precisamos lembrar que antes que tudo existisse Jesus já existia.

    O Pai é, mas o Filho foi trazido a existência antes do tempo e antes de toda a criação e é eterno como o Pai. Assim, o homem foi criado e imagem e semelhança de Deus em Cristo.

    Judeus não aceitam Jesus como Cristo, por isso, acham que imagem e semelhança se refere a moral. Imagem é uma característica daquilo que existe, que tem forma e pode ser visto, ou seja, tem um corpo. Jesus veio a esse mundo pelas vias naturais, para ser um homem como nós, mas Ele é o início e o fim, o alfa e o ômega, tudo foi feito por Ele e sem nada se fez, “... antes que tudo fosse Eu era...”. O pecado nos separou, mas nós caminhamos para a reunificação adâmica com a Trindade Divina.

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  5. Continuação

    Justamente por Adão ser a imagem de Cristo, algo que poderia ser constatado ao se olhar num lago, por exemplo, a tentação de Satanás se torna irresistível. Imagine-se idêntico ao seu Criador e criador de todas as coisas e, num determinado momento, alguém chega para você e diz: sabe porque Deus não quer que você como da árvore do conhecimento do Bem e do Mal? Porque assim que você comer, ficará como Eles (a Trindade). Na prática ter conhecimento do bem e do mal significa saber o que é certo e errado, ou seja, poder tomar decisões, sem precisar se submeter à vontade deles. Como Adão já era a cara de Deus, parecia óbvio que podendo decidir ele entraria para o grupo, mas, como o resultado foi outro.

    Depois da ruptura e da saída do Paraíso Adão e Eva, não veem mais o Deus semelhante a eles, mas veem outros seres semelhantes ao homem nesse mundo. Esses seres evoluíram até chegar a semelhança de homem, mas sem conhecimento de Deus. Adão é o primeiro missionário, pois veio a um lugar onde ninguém conhecia o verdadeiro Deus.

    Parece estranho dizer que eles encontraram aqui outros homens, mas a Bíblia diz que Caim foi expulso da campainha da família e se casa. Claro que não foi com uma irmã, pois só depois que Adão e Eva tiveram Sete é que eles tiveram outros filhos e filhas.

    Os filhos de Deus (Adão foi gerado por Deus, sendo seu filho, a sua descendência era também descendência de Deus, porém Caim é excluído dessa linhagem, mas Sete, por ser fiel a Deus, perpetua linhagem Santa até Cristo, mas a genética só serviu para o cumprimento das promessas, os filhos de Deus são sempre os que creem, ou seja, somos descendentes de Sete, os verdadeiros filhos de Abraão, segundo a fé).

    A Bíblia ensina o fundamental: quem é Deus, como Ele se relaciona com o Seu povo, como criou o Eterno e imutável e como, após nos fazer conhecer o Seu Amor, através do sacrifício do Filho, restaurará a unidade do Criador com Sua criação. A ciência explica o que é acessório, as coisas mutáveis desse mundo transitório, que foi criado por Deus para nos fazer conhecer o Seu Amor, mas que em seu caráter mutável, desaparecerá na reunificação para onde caminhamos.

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  6. Anônimo3:12 PM

    E o que dizer deste versículo; Mateus 5:12 “Exultai e alegrai-vos, porque é grande o vosso galardão nos céus; porque assim perseguiram os profetas que foram antes de vós”.

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  7. Anônimo5:05 PM

    GALARDÃO nos céus e não galardão dos céus!

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  8. Nosso galardão "nós céus" não é outro além do próprio Cristo. Por isso o salmista declarou não ter no céu "outro bem além de Ti". Haveria outro galardão que pudéssemos almejar?

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  9. Assim como a Bíblia, tendo sido escrita entre 3200 e 2000 anos atrás, não poderia explicar um lugar onde não existe tempo, por isso dizia que os mortos dormiam, também não tinha como explicar a existência de um mundo coexistindo com esse, que já esteve unificado, mas se tornou inacessível aos sentidos humanos. Todo lugar diferente desse mundo ficou enquadrado nas categorias céu ou inferno.

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