Por Hermes C. Fernandes
Não se deixe enganar! Os
profetas midiáticos blefam. Os astros mentem. Os búzios falham. A bola de
cristal está cheia de rachaduras. Os videntes estão cegos. Os slogans que as
igrejas adotam para o novo ano não passam de marketing. Em 2015 tudo pode
acontecer. Por mais que façamos votos disso ou daquilo, o fato inconteste é que
não temos controle sobre o que nos pode acontecer. Todavia, podemos decidir
como reagiremos diante de algumas possibilidades. Baseado nesta premissa, eis
minhas resoluções para 2015 e para dois mil e sempre.
Já que tudo pode acontecer,
então...
Caso venha a prosperar, que o
orgulho não se assenhoreie de mim, e para tal, hei de manter sempre fresca a
memória de minhas origens. Que a avareza jamais se instale em minha vida, e que
os bens que adquirir sejam usados para beneficiar a muitos. Que não me deixe
consumir por qualquer que seja o sonho de consumo. Que o desejo por posses não
me torne uma pessoa fútil e desprezível. Que eu dê valor às pequenas coisas que
verdadeiramente dão sentido à vida, e me desapegue daquelas que insistem em me
convencer de que são essenciais.
Caso venha a passar alguma
privação, que a murmuração jamais se ouça dos meus lábios, e para isso, hei de trazer
à lembrança as inúmeras vezes em que a provisão de Deus me encontrou e, por
isso, serei sempre grato. Estou convencido de que há lições que só são
aprendidas na adversidade.
Se for promovido, que meu amor ao poder não me torne insensível ao poder do amor, transformando-me num cínico.
Se for aclamado, que a vaidade
mantenha distância do meu coração, lembrando-me que os mesmos que receberam
Jesus com mantos e palmas em Sua entrada triunfal, no dia seguinte exigiram a
Sua crucificação. Que jamais caia na tentação de almejar ser unanimidade. E
que, assim, meus princípios e valores sejam conservados em vez de negociados na
banca da vaidade.
Se for humilhado e desprezado,
que não me sinta insultado, mas alegre pelo privilégio de ser partícipe do
sofrimento do meu mestre. Que em momento algum reivindique para mim a promessa
de ser exaltado a fim de ir à forra com aqueles que me pisaram.
Se ficar doente, que isso me seja
um lembrete do quão frágil e fugaz sou.
Se me mantiver saudável, use
minhas energias para produzir em favor do bem comum, e não apenas do meu
aprazimento.
Se for traído, que não me
demore a perdoar, antes que a dor crie raízes profundas em minha alma e
transtorne os fundamentos do meu ser.
Se tiver que lutar, que eu lute
por uma causa, não por uma coisa.
Se for amado, que eu busque
corresponder. Se não for amado como desejaria ser, que, ao menos, procure ser
amável.
Se tiver que ensinar, que meu
objetivo seja partilhar o que tenho recebido e não impressionar os outros com
minha erudição.
Se tiver que aprender, que eu
seja humilde o bastante para constantemente revisar tudo o que julgo saber,
mantendo-me sempre aberto a novos saberes.
Se conhecer novas pessoas,
jamais despreze meus velhos amigos. Amizade é como vinho, quanto mais velho,
melhor.
Se conhecer outros lugares,
possa explorar seus sabores e odores, mergulhar em sua cultura, adquirir
experiências, mas nunca perder minhas raízes, tampouco me envergonhar de minhas
origens.
Se a tragédia me vitimar, que ela não seja capaz de roubar-me a ternura e privar-me da esperança. Que eu consiga extrair dela todas as lições que puder, e que, uma vez apreendidas, use-as para prevenir os demais, poupando-os da mesma dor.
Sou o fruto de todas as minhas
vivências, de todas as minhas aventuras e desventuras, e por isso, recuso-me a
ser ingrato. Todos os que cruzaram o meu caminho ao longo desta jornada
existencial, contribuíram para que me tornasse no que estou me tornando. Mesmo
os que me fizeram sofrer foram cruciais para mim. Não lhos negarei minha
gratidão. Cada lugar por onde passei, serviu de cenário de minhas ações e paixões,
alegrias e decepções.
Apesar de desconhecer o que me
espera nas próximas curvas da estrada, sigo confiante, fiado na única garantia
de que disponho: a Sua companhia.
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