sexta-feira, maio 07, 2010

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Recuso-me a ser camaleão

Quando eu olho para o meu, até então, mundo religioso, lembro-me de uma canção do Arnaldo Antunes muito bem interpretada por Nando Reis, que dentre outras coisas, fala sobre a não adaptação ao sistema social. Depois de muitos anos vivendo no meio evangélico, tenho que admitir que não caibo mais neste sistema religioso, não que eu seja mais santo do que aqueles que ali vivem, até porque, para muitos, estou longe de ser uma referência em santidade, mas, de certa forma, essa minha admissão é pelo simples fato de não comungar mais da mesma fé.

Há algum tempo deixei de ter uma fé oportunista. Não comungo mais da crença em um Deus que está pronto pra resolver os meus problemas. Não creio na idéia de um Deus necessário, como se Ele existisse para satisfazer as minhas necessidades, muito menos acredito em um Deus que me abençoa ou me amaldiçoa a partir da intensidade dos meus dízimos e ofertas. Deus é e se faz ser independente do que eu seja e do que eu faça. Tenho os meus anseios, problemas e medos, e conto com Deus para me relacionar com sabedoria e discernimento em meio a estas questões, entretanto, isso não quer dizer que eu tenha o direito de determinar a ação de Deus, de requerer Dele a minha benção, que seria a resolução dos meus conflitos. Tento me aproximar de Deus sem essa motivação.

Há algum tempo deixei de ter uma fé legalista. Não comungo mais da crença em um Deus que me aprova ou me reprova a partir do meu nível de santidade. Não creio na idéia de um Deus que me reprime por não cumprir as normas que a religião prega, muito menos acredito que alguma ação minha consiga aumentar o meu prestígio diante de Deus. Acredito sim, na necessidade de uma vida moral e ética íntegra, mas isso independe do meu referencial religioso. Minha relação com Deus me ajuda a vivenciar esses conceitos de forma melhor, todavia, vai muito além disso, até porque, não dependo necessariamente de Deus para ser justo ou íntegro, posso ser exemplo de dignidade sem ter ligação alguma com a Verdade.

Há algum tempo deixei de ter uma fé medíocre. Não sirvo a Deus com medo de ir para o inferno, aliás, o único inferno que faz parte da minha existência é a estranha realidade das vontades que me dominam sem a minha aprovação. Ademais, fora de mim, existem outros infernos, mas em Cristo quero fazer parte da Igreja que irá se levantar contra cada um deles, pois, foi o próprio Jesus que sentenciou que as portas do inferno não prevalecerão contra a Igreja. Cabe então, à Igreja, identificar quais as portas do inferno que precisam ser vencidas. É preciso perceber que a violência, o analfabetismo, o preconceito, o aborto, o infanticídio, e tantas outras questões, precisam da iniciativa da Igreja para serem banidas do contexto da vida humana.

Enfim, tinha muitas outras inquietações para colocar aqui, mas não quero mais remoer o passado, estou de olho no futuro, comungo com aqueles que ainda crêem em um mundo melhor, que têm esperança que novos céus e nova terra nos esperam, mas, todavia, crêem que isso é possível hoje. Por isso, estou decidido a vivenciar Jesus fora do ambiente religioso. Já ofereci muito tempo da minha vida para a religião, para seus dogmas e preceitos. Já perdi muito tempo da minha vida querendo agradar a gregos e troianos. Mas, agora, quero vida, sem frescuras, e quero experimentá-la no palco de uma existência real, não fantasiosa, e só pra lembrar, não vou me adaptar.

Ivan Cordeiro (Título Original: Não vou me adaptar)

Um comentário:

  1. amei o texto achei bem sincero e admiro voce por ter a proria opiniao diferenciada mas que todos deveriam ler e repensar como estao agindo....
    eu te confesso que tenho e tive uma dificuldade muito grande de adaptacao em igrejas aqui....meu marido ainda nao e evangelico mas e critico demais....ele tem um olhar diferente do meu...ele ve as coisas erradas que nos que estamos acostumados nao dizemos nada.....por esse e mais motivos que envolvem coisas erradas na igreja ele prefere se afastar.....
    mas enfim...Deus e mais...
    adorei o texto abracos denise

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