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quarta-feira, abril 25, 2018

Jesus, o Traidor



Por Hermes C. Fernandes

Sim, Jesus traiu. Não se espante com esta afirmação. Ele só foi traído, porque traiu antes. Ele traiu as expectativas de Seus discípulos ao desperdiçar Sua popularidade, e em vez de marchar em direção ao palácio para depor tanto Herodes, quanto Pilatos, preferiu invadir o Templo, derrubar  as mesas dos cambistas e ferir os interesses da casta sacerdotal.

Imagine uma conversa em off entre Jesus e Judas, antes que este se suicidasse. Judas, como sempre, tentando aplacar sua culpa por haver traído o movimento.

“Jesus, o erro não foi seu. Na verdade, o erro foi nosso, ao permitir que as coisas tomassem o rumo que tomaram. Bem que poderíamos ter evitado, chamando o Senhor para uma conversa franca e séria. Mas deixamos rolar e deu no que deu. O Senhor sabe que só chegou aonde chegou porque eu e alguns outros trabalhamos nos bastidores para isso. Fomos nós que atiçamos a massas para que saíssem ao Seu encontro e o recebessem com mantos e palmas na entrada da cidade. Nós que puxamos o coro: “Hosana! Hosana ao que vem em nome do Senhor!” E mais: Fui eu que convoquei os discípulos para orar quando vimos que as coisas estavam ficando feias para o Seu lado. Mas parece que o Senhor não entendeu.  Por isso, não me restou alternativa senão pular fora.”

Judas não apenas pulou fora do movimento. Ele se uniu ao que havia de pior. Ele somou forças com quem antes havia traído Jesus, conspirando para mata-lo. E não apenas isso: ele o vendeu a eles por causa de uma maldita agenda política. Talvez por acreditar que dava para fazer do movimento um trampolim político.

Com isso, os sacerdotes conseguiram atingir o coração do movimento, alguém muito próximo de Jesus, um dos Seus mais chegados discípulos.

Como se não bastasse, o vírus conseguiu contagiar outros dois, Pedro e Tomé, fazendo com que um o negasse, e outro viesse a duvidar dele. Sem contar os próprios familiares de Jesus que desde o início duvidavam dele. As multidões que o seguiam foram reduzidas a um punhado de seguidores. O movimento parecia ter chegado ao fim. E por incrível que pareça, Jesus não facilitava as coisas. Pelo contrário, Ele dava cada vez mais munição para quem queria derrubá-lo.

Enquanto os discípulos se desagregavam, a ponto de só restar um ao pé da cruz, alguns inimigos resolviam se reconciliar para combater um inimigo em comum. Lucas diz que “nesse mesmo dia Pilatos e Herodes tornaram-se amigos; pois antes andavam em inimizade um com o outro” (Lc.23:12). É aquela velha estória... inimigo de inimigo meu é meu amigo.

O que eles não sabiam era que assim se cumpria uma antiga profecia que dizia: “Levantaram-se os reis da terra, e os príncipes se ajuntaram à uma, contra o Senhor e contra o seu Ungido. Porque verdadeiramente contra o teu santo Filho Jesus, que tu ungiste, se ajuntaram, não só Herodes, mas Pôncio Pilatos, com os gentios e os povos de Israel; para fazerem tudo o que a tua mão e o teu conselho tinham anteriormente determinado que se havia de fazer” (Atos 4:26-28).

Não há improvisos nos planos de Deus! Mas há uma enorme diferença entre participar deste plano sendo João, fiel até o último momento, e sendo Judas ou mesmo Tomé ou Pedro.

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