Por Hermes C. Fernandes
Arquetipicamente,
as atividades agrícola e pastoril representam respectivamente a tradição e a
vanguarda. Como disse Jesus, um escriba versado no reino de Deus é como um
chefe de família que tira do seu bom tesouro coisas novas e velhas (Mt.13:52).
Ambas são importantes na composição da sociedade. O que é bom deve ser
preservado, mas jamais se deve prescindir do novo.
“Renovo”,
por exemplo, é um termo agrícola. Cristo é profetizado como sendo o renovo do
Senhor, “cheio de beleza e de glória”
(Is.4:2). Esta profecia parece contrastar com outra proferida pelo mesmo
profeta, que diz que Ele “foi subindo
como renovo perante ele, e como raiz de uma terra seca; não tinha beleza nem
formosura e, olhando nós para ele, nenhuma beleza víamos, para que o
desejássemos” (Is.53:2). Em ambas as passagens, Cristo é predito como um
renovo, porém, numa é dito que Ele viria cheio de beleza e de glória, enquanto
que noutra é dito que não veríamos beleza alguma nele. Trata-se, porém, da
mesma realidade. O problema não estaria n’Ele, mas em nós, em nossa
incapacidade de enxergar Sua beleza. Se não for o Senhor a nos abrir os olhos,
permaneceremos indiferentes à beleza revelada em Cristo. Porém, nada altera o
fato de que Ele é o renovo da humanidade, brotando de uma terra seca.
Este
renovo, todavia, deve se espalhar entre os homens. O salmista profetizou que
quando a misericórdia e a verdade se encontrassem e a justiça e a paz se
beijassem, “a verdade brotará da terra, e
a justiça olhará desde os céus. Também o Senhor dará o que é bom, e a nossa
terra dará o seu fruto” (Sl.85:10-12). Portanto, há uma condição que o solo
deve apresentar para que a verdade brote dele. Dois binômios aparecem aqui:
misericórdia e verdade, justiça e paz. Será o encontro entre eles que produzirá
as condições necessárias para a aparição do renovo entre as nações. Urge,
portanto, que haja tal síntese. Tanto a misericórdia, quanto a paz apontam para
a oferta de Abel, que por sua vez, tipifica o sacrifício de Cristo pelos
homens. Ele é o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo. Ora, quando
falamos de cordeiro, lembramo-nos da atividade pastoril, aquela desenvolvida
por Abel. Já a verdade e a justiça apontam para os frutos, o que nos remete à
atividade de Caim. Sua oferta, todavia, não foi recebida por Deus, não por
causa de sua natureza, mas por não ter sido entregue com a motivação correta.
Todavia, em Cristo, a natureza da oferta de Caim é reabilitada. Por isso, Paulo
diz que devemos ser “cheios do fruto de
justiça, que vem por meio de Jesus Cristo, para glória e louvor de Deus”
(Fp.1:11). Além de ser o Cordeiro, Ele também é a Videira Verdadeira, da qual o
Pai é o agricultor. É por meio d’Ele que somos capaz de produzir frutos
excelentes, cheios de justiça e verdade.
Em
Cristo, Caim e Abel se reencontram. A oferta de Caim é reabilitada. Pastores e
agricultores dão as mãos. A cidade de Deus e a cidade dos homens se tornam numa
única realidade.
Assim como a videira
precisa ter seus ramos devidamente podados para que continuem a frutificar, para que o solo produza o renovo, precisa ser devidamente
preparado. O preparo do solo passa por três processos:
·
Fertilização/Adubação
·
Aragem
·
Irrigação
Adubar
significa enriquecer o solo com elementos nutrientes, quando este apresenta
deficiência de minerais. Para isso, são utilizados adubos, que podem ser
orgânicos (por exemplo: esterco, farinha de osso, folhas, galhos enterrados) ou
minerais, que são inorgânicos (por exemplo: substâncias químicas são aplicadas,
como nitrato de sódio, um tipo de sal).
O
que nos serviria de adubo orgânico na fertilização do solo deste mundo?
Depois
de apresentar suas credenciais e seu currículo vitae, Paulo diz que considerava
tudo aquilo como “refugo”. O fato de ter sido circuncidado ao oitavo dia, como
mandava a tradição, de pertencer à linhagem de Israel, à tribo de Benjamim, de
ser hebreu de hebreus, fariseu, zeloso e irrepreensível no cumprimento da Lei a
ponto de perseguir a igreja (Fl.3:4-8), era considerado pelo apóstolo como
sendo adubo orgânico, capaz de preparar o solo para que a semente nele
depositada pudesse germinar e frutificar. Nossas experiências existenciais não
podem ser desprezadas. Por mais negativas que pareçam, foram permitidas por
Deus para serem o adubo orgânico de que o solo necessita. A educação que
recebemos, a família na qual nascemos, nossa formação acadêmica, os lugares por
onde passamos, os traumas que sofremos, e até os posicionamentos equivocados
que adotamos, preparam o solo de nossa existência para que fôssemos quem nos
tornamos. Tudo teve um propósito. Até as tradições nas quais fomos inseridos
cooperaram para prover um solo fértil para o surgimento de coisas novas.
Todavia, não devemos nos estribar em nada disso. O lugar do adubo é no chão!
Devemos reconhecer o papel que tudo isso teve em nossa história, sem, contudo,
nos envaidecer. Nossa suficiência vem de Cristo.
E quanto ao adubo inorgânico?
“Vós sois o sal da terra; e se o
sal for insípido, com que se há de salgar? Para nada mais presta senão para se
lançar fora, e ser pisado pelos homens.” Mateus 5:13
Muita
coisa se tem dito acerca da passagem em que Jesus afirma que somos o sal da
terra. Fala-se em sal como tempero que realça o sabor da comida e como conservante
que impede que a carne apodreça. Fica a impressão que o papel do sal é sempre o
de conservar, manter as propriedades naturais das coisas ou realçar seu sabor.
Porém, não era nisso que Jesus pensava quando tomou o sal como referência de
nossa atuação no mundo. Ele não disse que éramos o sal da comida ou o sal da
carne, e sim, o sal da terra. Para que serve o sal na terra? Para torná-la
fértil novamente e assim, possibilitar que produza frutos. Com o passar do
tempo, é natural que o solo perca sua fertilidade, e esta se dá pela perda de
sais minerais. Portanto, o uso do sal na terra é uma maneira de remediar. O
papel da igreja, portanto, é promover a fertilização do solo deste mundo para
que ele volte a frutificar diante de Deus. Se, todavia, nos tornamos insípidos,
para nada serviremos senão para sermos pisados pelos homens. Não faremos
qualquer diferença no mundo. O mundo se manterá indiferente à nossa presença.
Os homens transitarão por nós sem nem sequer nos perceber. Passaremos incólumes
pela vida.
Nosso
papel como sal é resgatar o mundo de sua esterilidade espiritual. E para tal,
precisamos ser pulverizados, espalhados pelo mundo afora, distribuídos em cada
área da sociedade. Assim como na ocasião em que o profeta Eliseu pediu que lhe
trouxessem um prato novo cheio de sal, e o lançou no manancial das águas para
que sarassem de sua esterilidade (2 Reis 2:20-21), temos que ser espargidos na
cultura, nas ciências, na política, em nossa vizinhança, nos grandes e pequenos
centros urbanos, nas comunidades ribeirinhas, nas favelas, nos condomínios,
etc. Nenhum ambiente deve ser poupado de nossa presença.
Apesar
de extremamente importante, adubar o solo é remediar. A questão é: como impedir que o solo perca a
fertilidade? Que medidas preventivas podem ser tomadas?
1 - Rotação de
culturas
A
rotação de culturas consiste de alternar o plantio de leguminosas com outras
variedades de plantas no mesmo local. Dessa forma as leguminosas, pela
associação com bactérias que vivem nas suas raízes, devolvem para o local
nutrientes utilizados por outras plantas, evitando o esgotamento do solo.
O
que tal rotação de culturas representaria para nós que cooperamos com a
implantação do reino de Deus neste mundo?
Se
há um adjetivo que não cabe em Deus é a previsibilidade. Isso porque Deus está
sempre inovando. Suas obras não seguem escala industrial. Quantas vezes O vemos
abrir o Mar Vermelho, por exemplo? Quantas vezes O flagramos andando por cima
das águas? Quantas vezes transformou água em vinho? Infelizmente, preferimos lidar
com uma divindade que seja absolutamente previsível, que haja sempre dentro de
um padrão. Sentimo-nos confortáveis com isso. Nada mais desconcertante do que
lidar com um Deus que não cabe dentro de uma caixinha, e age com a mais
absoluta soberania. Portanto, não há como nos acostumar com Ele. Sempre somos
surpreendidos com Suas obras. Daí a exclamação do salmista que nos faz saltar
os olhos:
“Ó Senhor, quão variadas são as tuas obras! Todas as
coisas fizeste com sabedoria; cheia está a terra das tuas riquezas.” Salmos 104:24
A igreja deve, no mínimo, buscar parecer com o Deus a quem cultua. Se
somos, de fato, a agência do reino de Deus neste mundo, não podemos cair na
mesmice. É pela igreja que “a multiforme
sabedoria de Deus” é revelada no mundo (Ef.3:10). Portanto, não podemos nos
tornar reféns da monotonia, nem esboçar uma fé que cheire a naftalina.
Tudo o que Deus faz por nós, em nós e através de nós tem a marca da
variedade. Paulo diz que “há diversidade
de dons, mas o Espírito é o mesmo. E há diversidade de ministérios, mas o
Senhor é o mesmo. E há diversidade de
operações, mas é o mesmo Deus que opera tudo em todos. Mas a manifestação do Espírito é dada a cada um, para
o que for útil”(1 Coríntios
12:4-7). A despeito da variedade de Suas manifestações, o critério é imutável:
a utilidade. Em outras palavras, os dons visam a produção de frutos. Deus não
desperdiça recursos. Compete, entretanto, a cada um de nós administrar de
melhor maneira possível “o dom como o
recebeu, como bons despenseiros da multiforme graça de Deus” (1 Pe.4:10),
visando sempre o bem de outrem, e não nossa promoção ou aprazimento pessoal.
Além da variedade de dons
e manifestações, há também uma variedade de abordagens. Basta uma leitura
superficial dos evangelhos para perceber que Jesus jamais foi repetitivo em
Suas abordagens. A igreja, porém, parece preferir usar uma mesma abordagem à
exaustão, até que não produza mais os efeitos desejados.
A Nicodemos, o velho
fariseu, Jesus disse que era necessário nascer de novo. À mulher samaritana à
beira do poço, Ele disse que lhe daria uma água que a saciaria de uma vez por
todas. A Zaqueu, o cobrador de impostos corrupto, Ele disse que desejava
hospedar-se em sua casa. À mulher flagrada em adultério e prestes a ser
executada sumariamente, Ele admoestou: Vai e não peques mais! A Pedro, o
pescador, Ele convidou a segui-Lo e a tornar-se num pescador de homens. Repare
que eram abordagens distintas e personalizadas. O problema é que o que Jesus
fazia no varejo, queremos fazer no atacado. Achamo-nos no direito de padronizar
a atuação de Deus no mundo. E qualquer coisa que nos pareça diferente, julgamos
ser excêntrica e herética.
A sabedoria e a graça de
Deus não são uniformes, mas multiformes. Portanto, deixemos de lado as fórmulas
preconcebidas, os apelos padronizados, e recorramos à criatividade concedida
pelo Espírito Santo, evitando, assim, que as pessoas se tornem evasivas e
resistentes à mensagem do Evangelho.
2 - Aragem do
solo
Arar o solo é
outro cuidado que se deve tomar para que o solo não fique compactado,
"socado". Revolver a terra, além de arejar, facilita a permeabilidade
do solo, permitindo que as raízes das plantas penetrem no solo, além de levar
para a superfície o húmus existente.
A ferramenta
usada na aragem é o arado. Nos tempos bíblicos, o arado era puxado por um
animal, geralmente um boi. Por isso, o arado é uma ferramenta que representa a
união de duas culturas: a agrícola e a pastoril. Tradição e vanguarda precisam
somar esforços para manter o solo fofo, pronto a receber as sementes.
É através da
aragem que se abre espaço para a circulação do ar. Engana-se quem pensa que o
Evangelho seja um sistema tão hermeticamente fechado que não permita espaço
para o diálogo respeitoso com tradições de diversos matizes.
Além da aragem
artificial, há também a aragem natural feita pelas minhocas. Um solo sem
minhocas indica infertilidade. Por mais asqueroso que nos pareçam, as minhocas
cumprem um importante papel na fertilização do solo. As minhocas comem o material do solo e da planta, deixando para
trás pedaços de excrementos indigestos - esterco de minhoca, (húmus). Estes
pedaços, como qualquer outro estrume, fertilizam o solo, adicionando nutrientes
e outros materiais que proporcionam benefícios biológicos, químicos e físicos
para o crescimento das plantas. O húmus é o produto resultante da matéria
orgânica decomposta, a partir do processo digestório das minhocas, formando uma
compostagem natural, agregando ao solo os restos de animais e plantas mortas e
também seus subprodutos. É considerado o mais completo adubo, apresentando as
seguintes características físico-químicas: não possui cheiro, é uma substância
asséptica, rico em nutrientes, além de possuir textura macia.
As minhocas do
subsolo escavam túneis e, assim, fornecem drenagem durante os períodos de chuva
forte, além de passagem para o ar e para as próprias raízes das plantas. Também
ajudam soltando e misturando o solo de modo a formar as condições ideais de
plantação.
Não há porque
ter nojo, mesmo porque, ninguém vai comê-las. De maneira análoga, há ideologias
e tradições humanas que não devem ser ‘digeridas’, mas que servem para manter o
solo revolvido e fofo. Instigam os homens a refletirem e a se reposicionarem
acerca de grandes temas e dilemas que os cercam.
3 - Irrigação e
drenagem
Irrigar e drenar são alguns dos
cuidados que devem ser tomados para manter o nível da umidade necessário ao
solo a fim de garantir que ele continue fértil.
Com a irrigação, a água chega às
regiões ou áreas mais secas. Já com a drenagem, retira-se o excesso de água do
solo, possibilitando que ele seja arejado. Com o aumento dos poros, criam-se
passagens de ar entre as partículas do solo.
Enquanto a aragem se faz antes de
lançar a semente no solo, a irrigação começa antes e continua ao longo do cultivo.
De maneira análoga, nosso trabalho
na implantação do reino de Deus deve ser visto dentro de um contexto
geracional. Se somos os que plantam, quem nos antecedeu teve que arar a terra,
e quem nos suceder terá que regar a plantação.
Paulo demonstra
isso tomando-se como exemplo juntamente com Apolo:
“Pois, quem é Paulo, e quem é Apolo, senão ministros
pelos quais crestes, e conforme o que o Senhor deu a cada um? Eu plantei, Apolo regou;
mas Deus deu o crescimento. Por isso, nem
o que planta é alguma coisa, nem o que rega, mas Deus, que dá o crescimento.
Ora, o que planta e o que rega são um; mas cada
um receberá o seu galardão segundo o seu trabalho. Porque nós somos cooperadores de Deus; vós sois
lavoura de Deus e edifício de Deus.”
1 Coríntios 3:5-9
O cultivo é um trabalho conjunto de
várias gerações. Somos todos cooperadores. Tanto quem arou, quanto quem semeou
e regou, são partes importantes no processo. Todavia, cabe a Deus garantir que
a semente vingue, germine, cresça e frutifique.
4 – Descanso da terra
Quando Deus alojou Seu povo na terra
prometida a Abraão e sua descendência, ordenou que a cada sete anos, a terra
deveria descansar (Lv.25:3-5). Durante um ano inteiro, nada seria
cultivado. Porém, o povo de Israel sonegou o descanso devido ao solo. Por 490 anos a terra continuou sendo cultivada
ininterruptamente. Interessante que hoje, milhares de anos depois, a ciência
comprova que se a terra não descansar a cada seis colheitas, ela perde a
fertilidade.
Foi necessário que Deus permitisse a invasão de
Jerusalém por parte do exército da Babilônia e que seus filhos fossem levados
em cativeiro por 70 anos. Chegara
a hora da cobrança. A terra já não suportava mais. E se ela deixasse de
produzir, a fome destruiria aquela nação. Se
dividirmos 490 por 7, veremos que dá exatamente 70 anos, o tempo de descanso
acumulado.
Deixar a terra descansar é entregá-la a si mesma,
permitindo que produza espontaneamente, no ritmo que a própria natureza impõe,
sem interferência humana. O que podemos aprender com isso?
Às vezes temos que diminuir o ritmo e esperar por um
tempo de maturação, deixando que as coisas aconteçam sem qualquer pressão
externa.
Nas sábias palavras do escritor de Eclesiastes, há um
tempo para tudo debaixo do sol. Há um tempo que deve ser dedicado à
evangelização ostensiva, e há um tempo em que devemos apenas esperar
pacientemente. Uma igreja viciada em proselitismo terá sérias dificuldades de
entender isso. Ela está mais preocupada com números, com estatísticas. É daí
que surgem os números evangelásticos.
Tudo para impressionar. Afinal de contas, quanto mais membros, mais capital
político se tem, maior o poder de barganha. É lamentável constatar isso. Quando
daremos descanso à terra? Quando a deixaremos produzir por si só, em seu
próprio ritmo, sem pressão, sem compromisso com resultados? Durante o tempo de
descanso da terra não há poda, nem semeadura, nem colheita. A terra recobra seu
estado selvagem.
Precisamos de um tempo de refrigério. Era assim que
chamavam ao ano sabático em que a terra deveria entrar em descanso. Chega de
estratégias mirabolantes, de avivamentos de marketing,
de técnicas de crescimento de igreja. Tudo isso cansa. Exaure a terra. Suga
suas energias.
Negar-se a entrar no descanso proposto pelo Senhor é
um ato de flagrante rebeldia (Hb.4:1-11). Corremos o risco de recapitular
Israel nos tempos dos profetas, quando o Senhor lhes dizia:“Este é o descanso, dai descanso ao cansado; e este é o refrigério;
porém não quiseram ouvir. Assim, pois, a palavra do Senhor lhes será mandamento
sobre mandamento, mandamento sobre mandamento, regra sobre regra, regra sobre
regra, um pouco aqui, um pouco ali; para que vão, e caiam para trás, e se
quebrantem e se enlacem, e sejam presos” (Is.28:12-13).
O que vemos hoje, senão uma igreja refém de suas estruturas
e programas? Uma máquina eclesiástica preocupada apenas com a manutenção de
suas engrenagens. Regras, técnicas, verdadeiras receitas de bolo visando tão
somente resultados considerados positivos.
Por isso temos hoje uma igreja
performática, viciada em aplausos e disposta a promiscuir-se com os poderes
deste mundo.
* Para uma melhor compreensão do tema, leia os dois posts anteriores desta série.
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