Por Hermes C. Fernandes
Basta chegar a semana em que
se comemora o Dia da Consciência Negra para nos depararmos com inúmeros
protestos nas redes sociais apelando a uma frase atribuída ao ator negro
americano Morgan Freeman: “O dia em que pararmos de nos preocupar com
consciência negra, amarela ou branca e nos preocuparmos com a consciência
humana, o racismo desaparece.” Logo, não faria sentido dedicar um dia do ano à
consciência negra. Será que esta linha de raciocínio está correta? Bastaria
parar de falar de um assunto para que ele perdesse a importância e
desaparecesse? Bem, parece que Martin Luther King, o pastor protestante que
liderou a luta pelos direitos civis dos negros americanos, discorda
veementemente: “Nossas vidas começam a terminar no dia em que permanecemos em
silêncio sobre as coisas que importam. É agradável esperar que as coisas sumam
ignorando-as, mas chega um tempo em que se torna necessário dizer “Pare! Isso é
inaceitável!”.
Interessante ressaltar que
nunca vi ninguém protestando no "DIA DAS CRIANÇAS", alegando que
somos todos HUMANOS, independentemente da idade. Nunca vi ninguém protestando
no "DIA INTERNACIONAL DA MULHER", alegando que independentemente do
gênero, somos todos humanos. Então, não entendo a razão que leva alguns a
protestar contra o DIA DA CONSCIÊNCIA NEGRA. De fato, somos todos humanos, mas
nenhuma etnia sofreu tanto nos últimos séculos do que a negra. Digo, sofreu e
ainda sofre nas mãos de outros pertencentes à mesma raça, a humana. Morgan
Freeman que me perdoe, mas deixar de falar de um assunto não vai fazê-lo
desaparecer.
Não precisamos de um dia
dedicado à consciência humana, assim como não precisamos celebrar o Dia do
Adulto ou o Dia do Homem, ou mesmo o Dia do Orgulho Hétero (sim, não vejo nada
de errado em que os homossexuais tenham um dia para celebrar a luta por seus
direitos civis). E respaldo meu posicionamento nas Escrituras.
Antes de citar o trecho
bíblico no qual me apoio, devo salientar que creio que a igreja de Cristo nada
mais é do que o embrião da nova humanidade. Portanto, muitas das regras
apostólicas que deveriam ser seguidas pelas igrejas, são igualmente pertinentes
na organização social do novo mundo sonhado pelos profetas.
Tomando o corpo humano como
analogia, Paulo diz que os membros que têm sido menos honrados, a esses deveríamos
honrar muito mais, enquanto que, os que têm sido prestigiados ao longo da
história não teriam necessidade disso. Segundo a lógica do apóstolo, isso
certamente contribuiria para que não houvesse divisão no corpo, de modo que se
corrigisse uma injustiça, e que todos tivessem igual cuidado uns dos outros. “De maneira que, se um membro padece,
todos os membros padecem com ele; e, se um membro é honrado, todos os membros
se regozijam com ele” (1 Coríntios 12:26).
À luz disso, alguém ainda
insistiria em dizer que precisamos celebrar o DIA DO HOMEM, ou o DIA DA
CONSCIÊNCIA BRANCA, ou o DIA DO ADULTO ou do ORGULHO HÉTERO? Chega a ser
cômico!
Devemos honrar a quem tem sido
desprezado, roubado em sua honra e dignidade, visto que os demais não necessitam disso. Ou você conhece alguém que deixou de ser empregado por ser branco? Ou alguém que teve seu salário reduzido por ser homem? Ou foi privado de algum direito por ser hétero?
Como diz a profecia, “todo vale será exaltado, e todo o monte e todo outeiro será abatido; e o que é torcido se endireitará, e o que é áspero se aplainará. E a glória do Senhor se manifestará, e toda a HUMANIDADE juntamente a verá, pois a boca do Senhor o disse” (Isaías 40:4-5). Nosso trabalho é “preparar o caminho do Senhor”, isto é, nivelar o terreno, dar voz aos que não têm voz, tornar visíveis os invisíveis, honrar os que foram desonrados ao longo do processo histórico, corrigindo assim a injustiça cometida pelas gerações que nos antecederam.
Como diz a profecia, “todo vale será exaltado, e todo o monte e todo outeiro será abatido; e o que é torcido se endireitará, e o que é áspero se aplainará. E a glória do Senhor se manifestará, e toda a HUMANIDADE juntamente a verá, pois a boca do Senhor o disse” (Isaías 40:4-5). Nosso trabalho é “preparar o caminho do Senhor”, isto é, nivelar o terreno, dar voz aos que não têm voz, tornar visíveis os invisíveis, honrar os que foram desonrados ao longo do processo histórico, corrigindo assim a injustiça cometida pelas gerações que nos antecederam.
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