Por Hermes C. Fernandes
Este episódio entrou
para história como a entrada triunfal de Jesus. Nenhum dos evangelistas
reportou-se a ele desta maneira. A entrada de Jesus em Jerusalém em nada lembra
as paradas triunfais protagonizadas pelos imperadores romanos. Diferente
destes, Jesus era acompanhado por discípulos voluntariosos, e não por
prisioneiros de guerra e soldados. Vinha montado num animal de carga, e não num
corcel branco ou numa carruagem real. O jumentinho sequer lhe pertencia.
Recentemente, resolvi
comparar os quatro relatos sobre este episódio e deparei-me com algo inusitado
acerca do meio de transporte escolhido por Jesus.
Jesus destaca dois dos
Seus discípulos e lhes dá a tarefa de encontrar o transporte que já havia sido
providenciado pelo próprio Deus. Não seria um jumento qualquer, mas aquele que
estivesse num determinado lugar, esperando para ser solto.
No relato de Mateus,
Jesus lhes disse:
“Ide à aldeia que está defronte de vós, e logo
encontrareis uma jumenta presa, e um jumentinho com ela; desprendei-a, e
trazei-mos.” Mateus 21:2
Repare no detalhe:
apesar de serem dois, provavelmente a mãe e o seu filhote, Jesus ordena que
desprendam a jumenta. Entretanto, ambos deveriam ser trazidos a Ele.
Já no relato dos
demais evangelistas não há qualquer menção à jumenta, mas apenas ao jumentinho.
Segundo Marcos, Jesus
almejava montar no jumentinho, “sobre o
qual ainda não montou homem algum” (Mc.11:2). O mesmo não se poderia falar
da jumenta-mãe.
Outro dado
interessante que Marcos nos traz é que o jumentinho fora encontrado “preso fora da porta, entre dois caminhos”
(Mc.11:4).
Embora Marcos diga que
o jumentinho estava preso, sabemos por Mateus que quem estava preso era sua
mãe. O jumentinho apenas a acompanhava. O que o prendiam eram laços diferentes
daqueles que a prendiam. A jumenta estava presa fisicamente, o jumentinho estava
preso pela dependência que tinha da mãe. Para soltar o jumentinho, sobre quem
Jesus almejava entrar em Jerusalém, os discípulos tinham que soltar a jumenta.
Sem que a mãe fosse solta, o jumentinho empacaria.
João Batista, o
precursor de Jesus, havia sido enviado por Deus para preparar o caminho do
Senhor através da conversão dos pais aos filhos e dos filhos aos pais. Agora,
Jesus deveria adentrar Jerusalém montado num jumentinho acompanhado de sua mãe.
A mensagem é clara. Para que Jesus disponha do jumentinho, os discípulos devem
soltar sua mãe.
De acordo com Jesus, o
reino de Deus pertencia às crianças. Por isso, ninguém podia impedi-las de vir
a Ele. A propósito, assim que entrou no templo derrubando as mesas dos
cambistas, foi dos lábios das crianças que se ouviu: “Hosana ao Filho de Davi!”
Enquanto este coro foi
proclamado pelos adultos, as autoridades religiosas não se incomodaram. Mas bastou
que as crianças aderissem a ele, para que os sacerdotes murmurassem. Jesus os
repreendeu dizendo: “... nunca lestes:
Pela boca dos meninos e das criancinhas de peito tiraste o perfeito louvor?” (Mt. 21:16). Jesus não se impressionou com
as manifestações do povo, com seus mantos e ramos de palmeiras, mas não deixou
de comentar o louvor dos pequeninos. Aquele era o perfeito louvor! Um louvor desprovido de expectativas mirabolantes, de interesses inconfessáveis; o jumentinho
sobre o qual ninguém havia montado!
Antes, porém, de
recebê-lo dos lábios das crianças, Ele curou a todos os cegos e coxos que foram
ao Seu encontro no templo (v.14). A jumenta tinha que ser solta, para que o
jumentinho fosse levado a Jesus. E isso Ele fez ao
derrubar as mesas dos cambistas, livrando o Seu povo da exploração religiosa
feita em nome de Seu Pai. Isso Ele fez ao curar os doentes que passaram a
transitar livremente pelo pátio do templo antes ocupado pelos negociantes da
fé.
Não podemos objetivar
alcançar a nova geração, menosprezando as demandas dos adultos e anciãos.
Lembremo-nos de que, de acordo com a profecia de Joel, o Espírito faria com que
os velhos sonhassem, e os jovens tivessem visão. Só teremos jovens visionários,
se tivermos adultos sonhadores. Precisamos da força e
da energia dos mais novos, sem prescindir da experiência e da companhia dos
mais velhos.
Interessante notar
também que de acordo com o relato que João faz deste mesmo episódio, Jesus cumprira
uma profecia ao montar aquele jumentinho:
“Não temas, ó filha de Sião; eis que o teu Rei vem assentado sobre o filho de
uma jumenta” (Jo.12:15).
O Filho do Homem
montado sobre o filho de uma jumenta. Uma maneira de dizer que as gerações que
nos antecedem não podem ser esquecidas. Aquela jumenta não era apenas uma
coadjuvante, mas protagonista do cumprimento de uma palavra profética. O
jumentinho trazia seu DNA. Portanto, seu trabalho deveria ser-lhe creditado.
Por que Marcos faz
questão de dizer que o jumentinho estava preso fora da porta, entre dois
caminhos? Que importância haveria em tais dados?
Não podemos fazer uma
leitura deste episódio com os óculos de nossa própria cultura. Chamar alguém de
“jumento”, “burro”, é o mesmo que chamá-lo de estúpido, desprovido de
inteligência. Porém, para um judeu contemporâneo de Jesus, o jumento era apenas
um animal de carga. Não havia qualquer conotação negativa. Digo isso, porque sugiro que os dois jumentos
representam duas gerações distintas de seres humanos, a geração dos pais e a
geração dos filhos.
O fato do jumentinho
ser encontrado numa encruzilhada fora da porta da cidade também é
significativo. Segundo o escritor de Hebreus, Jesus foi crucificado “fora da porta” (Hb.13:12), a fim de
santificar o Seu povo. Estar fora da porta equivale a ser excluído, tal qual o
cego Bartimeu que vivia do lado de fora dos muros de Jericó. Serão justamente
os excluídos e marginalizados de nossa sociedade que Deus pretende usar para
introduzir Seu reino. Nas palavras de Paulo, “Deus escolheu as coisas loucas deste mundo para confundir as sábias; e
Deus escolheu as coisas fracas deste mundo para confundir as fortes; e Deus escolheu as coisas vis deste mundo, e as
desprezíveis, e as que não são, para aniquilar as que são; para que nenhuma carne se glorie perante ele” (1 Co.1:27-29).
Estar “entre dois caminhos” também possui
significado profundo. Aquela geração se via numa encruzilhada. Ou aderia à Pax Romana (a paz que o mundo dá), ou se
rendia à paz oferecida por Deus, mediante a reconciliação proposta na Cruz.
Como discípulos de
Cristo, somos enviados à uma geração que vive numa encruzilhada. Não apenas
entre o caminho de Deus e o caminho dos homens, mas também entre ideologias,
entre modernidade e pós-modernidade, entre o passado e o futuro, entre o mundo
dos seus pais e o mundo dos seus filhos. Compete-nos desamarrá-las para saiam
ao encontro d’Aquele que almeja usá-las para louvor de Sua glória e conclusão
de Seu propósito, o estabelecimento do Seu Reino entre os homens.
Bendito o que vem em nome do Senhor!
Eu ainda não alcancei maturidade suficiente para silenciar-me.
ResponderExcluirPAIXÃO, Edson.
Hermes, meu caro! este jumento que serviu Jesus Cristo nosso Senhor deve ter vivido mais que os seus díscípulos.
ResponderExcluirEste jumento foi abençado meu caro por Jesus!, pois o jumento serviu Jesus sem mormurações e com alegria de carregar seu criador lhe fez e que lhe deu folêgo de vida.
Hermes, é numa boa que falo ok? e é para o irmão Edson Paixão sem ofensas, mas um alerta ok? Pois não estou acreditando nisto que falou só pode ser brincadeira!
ResponderExcluirJesus Cristo está voltando e não podemos perder tempo mais com este mundo, temos que saber manejar e muito bem a Palavra de Deus que será altamente perseguida em breve.
Edson Paixão, numa boa! Se com esta idade que voce tem ainda não alcançou maturidade, aí fica difícil nein?
É um absurdo uma pessoa que diz ser cristão dizer isto! Fala sério!
Vou lhe dar apenas um versículo que Deus exortou Jeremias que lamentava demais com Deus e Deus respondeu a ele no livro de lamentações 3.26,28b,29 que diz: Bom é ter esperança e aguardar em silêncio a salvação do SENHOR.
assentar-se solitário e ficar em silêncio; porquanto Deus o pôs sobre ele.
Ponha a boca no pó; talvez assim haja esperança.
Até quando tu beberás leite meu irmão? Se não tem sabedoria peça a Deus.
Não há mais tempo para perder neste mundo, Jesus Cristo está voltando muito em breve, vc ainada está mamando o leite espiritual? Coma comida sólida que é Palavra de Deus que é espada dos cristãos.
É lamentável ler isto, é por isto que a igreja do Deus vivo se encontra morta e enferma espiritualmente.
Que absurdo ler isto de um cristão!