Por Hermes C. Fernandes
Ontem assisti ao filme “A Viagem” (Cloud Atlas), estrelado
por Tom Hanks e Halle Berry, além de
participações muito especiais de Hugh Grant e Susan Sarandon sob a
batuta dos mesmos diretores de Matrix. Baseado no romance de David Mitchell, 'A Viagem' mistura história, ciência, suspense, humor e
seis narrativas separadas, mas relacionadas. Cada uma dessas narrativas ocorre
em um tempo e lugar diferente. O filme apresenta as seis histórias que vão e
voltam no tempo, com personagens que se cruzam, desde o século IXX até um
futuro pós-apocalíptico, passando pelos anos 70, o tempo atual, e um futuro
distante antes do chama “A Queda” (referindo-se à queda da civilização como
conhecemos). Em 'A Viagem' , várias
histórias em épocas diferentes, passado, presente e futuro, estão conectadas,
mostrando como um simples ato pode atravessar séculos e inspirar uma revolução.
Li muitas críticas feitas ao filme. Uns o acharam confuso, complexo demais. Outros alegam que ele faz apologia ao espiritismo, numa alusão velada à doutrina da reencarnação. Alguns também se sentiram desconfortáveis com cenas que expõem o envolvimento homossexual entre dois personagens. Apesar de todas essas controvérsias, gostei do filme e resolvi expor alguns insights.
Não pretendo
expor aqui cada história do filme, mas apenas relatar o que me chamou mais atenção.
Quero destacar algumas frases que aparecem diversas vezes, proferidas por
personagens de cada trama.
A primeira
delas dizia: "Este mundo tem uma ordem natural, e
aqueles que tentam subvertê-la não se dão bem."
Esta frase expressa um tipo de
conservadorismo, e tem como objetivo coibir qualquer iniciativa revolucionária. Coincidentemente, ouvi algo bem
parecido com isso quando meu ministério sofreu uma guinada há quase dezoito
anos. Quem me abordou percebeu que eu estava me enveredando por um caminho arriscado.
Felizmente, não dei ouvidos à advertência, mesmo que tendo sido dita por alguém
a quem muito admirava.
Se tirarmos o teor subversivo
da mensagem de Jesus, o que sobra? Quase nada. E o pior é que este ‘quase nada’
acaba servindo como munição para aqueles que se colocam como guardiões do
status quo.
Numa das tramas do filme, ocorrida num futuro remoto
(século XXIV), tendo como cenário a Coreia do Sul (agora chamada de Nova
Seul), Sonmi-451 é um clone que trabalha em um restaurante fast food. Ela foi programada para realizar todo dia as mesmas
tarefas, sem manifestar qualquer descontentamento, mas a situação muda quando
outro clone acaba, sem querer, despertando-a sobre sua existência. Mais
adiante, Sonmi descobre toda a verdade acerca da condição e destino de todos de
sua espécie. Em vez de serem ‘ascendidos’, como os humanos puro-sangue alegavam
acontecer, os clones eram executados. Sonmi é recrutada numa espécie de revolução
idealista. Acaba executada numa cena que remete à crucificação de Cristo. Na última
história, num futuro bem distante, quando a raça humana é reduzida a um pequeno
grupo confinado numa ilha, Sonmi é adorada como se fosse uma divindade. Orações
são dirigidas à ela. Percebe-se aí uma crítica velada ao cristianismo,
acusando-o de haver transformado a mensagem original de seu fundador numa
devoção inócua. Ainda que não concorde com os argumentos, devo admitir que a
crítica tem sua razão. Nada há de errado em reconhecermos a divindade de
Cristo. O problema é quando perdemos de vista Sua proposta revolucionária.
Deixamos que Ele seja reduzido a mais um ídolo de nosso panteão. O fato de ser Deus feito homem não significa que Sua mensagem deva alienar-nos da realidade, fazendo-nos focar numa vida pós-morte. Seu Reino não é deste mundo, mas, definitivamente é para este mundo.
A segunda frase que me chamou a atenção é: "Nossas vidas não são nossas. Estamos vinculados a
outras, passadas e presentes. E de cada crime, e cada ato generoso nosso, nasce
nosso futuro."
De fato, tudo está conectado. Nada há nas Escrituras que desminta isso.
Pelo contrário, não faltam evidências desde as páginas do Antigo Testamento até
o livro de Apocalipse.
Porém, penso que nem sempre a história segue uma trajetória
linear. Às vezes, ela lembra mais a mecânica quântica do que o método cartesiano
de causa e efeito. Na
descrição microscópica proposta pela física quântica, alguns conceitos do nosso
cotidiano são desafiados, dentre eles, o
de causa e efeito. No mundo subatômico, às vezes o efeito antecede à
causa, por mais irracional que isso pareça. Seria como se fôssemos diretamente
influenciados pelo futuro, tanto quanto pelo passado (ou quem sabe, ainda mais). Destoando de seu mestre Freud, Carl Jung, psicanalista suíço, acreditava esta possibilidade. Pierre Teilhard de Chardin, o teólogo e antropólogo francês, dizia que toda a criação é atraída pelo que chamava de Ponto Ômega.
Ora, se cremos em
profecias, logo cremos que o futuro exerce poder sobre o presente, de modo que
o efeito preceda a causa na linearidade histórica. Recebemos sinais vindos do
futuro o tempo inteiro.
Por isso, não faz
sentido ficarmos presos a uma espécie de carma, assombrados pelo passado. Há
que se romper o cordão umbilical, ficando livre para avançar na direção do
futuro. Creio que antes da Queda, o passado exercia o papel de nos empurrar na direção do futuro, enquanto este nos atraía. Depois do episódio do Éden, o passado deixou de nos impulsionar para exercer atração sobre nós, em franca oposição ao futuro. Cristo vem para nos libertar deste carma, deixando-nos soltos para o porvir.
Nossa conexão com o
passado, entretanto, não se desfaz, assim como a criança não perde seu elo com a mãe depois
que seu cordão umbilical é aparado. Se antes fomos carregados em seu ventre,
agora a carregaremos em nosso DNA. Seremos, por assim dizer, a extensão de sua
existência. Fora do ventre, podemos alcançar estatura antes inimaginável.
Estamos conectados com
nossos contemporâneos, pois partilhamos o mesmo ar, a mesma realidade, a mesma ancestralidade, visto que todos
descendemos de um ancestral comum. Somos
atores no mesmo palco existencial, mesmo que com falas diferentes. Mesmo a nossa felicidade depende da felicidade
de nossos companheiros de jornada.
Enfim, tudo está
interligado. A existência é uma grande teia. Qualquer vibração em suas
extremidades balança toda a sua estrutura. No dizer de Paulo, somos membros uns
dos outros, de sorte que, se um sofre, todos sofremos, se um se alegra, todos
nos alegramos.
Para assistir ao trailer, clique aqui.
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Hermes nem tudo está conectado não!
ResponderExcluirHá cristãos que se dizem professos, e estão em cima de um púlpito de igrejas falando asneiras,dourinas sendo de homens e não doutrina da bíblia enganando a muitos, estes tais, não estão conectados com Cristo e o povo de Deus fiel não!
Para estamos conectados temos que nega-nos a nós mesmo deste mundo e seus prazeres e viver exclusivamente para Jesus e seu evangelho de salvação as almas perdidas.
Diz o pregador: Quem ganha almas sábio é !
Para estamos conectados, temos que orar sem cessar, jejuar e ler a Palavra de Deus sem cessar e o mais importante ir ao necessitado levar boas novas a ele que é a salvação em Jesus e ajudá-los nas suas necessidades materiais.
Temos que negar-nos a nós mesmos, o egoísmo, avareza, imoralidade, prostituição, fornicação, adultério, injustiça etc, aí estaremos conectado com Jesus Cristo e seu reino.
Temos que viver Jesus Cristo 24 hs por dia na sua presença em espírito e em Verdade.