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quarta-feira, junho 29, 2016

E se Deus nos tirasse pra dançar?



Hermes C. Fernandes

Hoje estive pensando um pouco mais sobre o episódio em que Mical, de sua janela, desprezou e censurou a Davi enquanto este dançava à frente da Arca da Aliança, em seu cortejo de volta a Jerusalém.

Dissemos num artigo anterior que para Mical, o que lhe dava o direito de julgar seu marido daquela maneira era o senso de valor próprio e o senso de justiça própria.

O primeiro, porque Davi havia lhe atribuído um valor maior do que Saul, pai de Mical, pedira como dote.

E o segundo, porque Mical havia livrado a Davi de ser assassinado pelos servos de seu pai, dando-lhe fuga pela janela de seu quarto.

Foi daquela mesma janela que Mical o desprezou. Ela se achou no direito de fazê-lo.

Fiquei imaginando se essa história não poderia servir como analogia de Cristo e a Sua Igreja.

Como Mical, muitos cristãos se acham no direito de desprezar o que Deus está fazendo do lado de fora dos seus arraiais religiosos.

Afinal de contas, Deus lhes atribuiu valor muito maior do que de fato mereciam. O preço pago por sua redenção foi o sangue de Jesus. No caso de Mical, seu dote custou a morte de duzentos filisteus. No caso da Igreja, seu dote custou a morte do Filho de Deus.

O que deveria nos envergonhar, tornou-se no motivo de nossa soberba. Achamo-nos mais importantes do que o resto do mundo.

Da janela de nosso edifício teológico, desprezamos o Deus que dança com o resto da criação. Este Deus não é monopólio de ninguém. Ele é Espírito, e o Espírito é livre para soprar e dançar onde quiser.

Além desse senso de valor próprio, os cristãos também têm nutrido um profundo senso de justiça própria.

Achamos que nossas boas obras foram capazes de nos tornar credores de Deus. Se antes, nós é que tínhamos uma dívida com Ele, agora, Ele é quem nos deve. Concluímos que nossas boas obras fazem com que o preço pago por nós seja devidamente compensado. É como se estivéssemos quites com Deus. Quanta pretensão!

Em lugar de gratidão, vaidade. Em lugar de humildade, presunção.

Até quando os cristãos desprezarão o Seu Deus? Até quando se incomodarão com o que Deus está fazendo para além dos muros eclesiásticos? Até quando censurarão e repudiarão o Deus dançarino?

Tornamo-nos como o irmão mais velho do filho pródigo. Recusamo-nos a participar da festa de arromba promovida pelo Pai por causa do filho que retornou. Só dançamos se a festa for nossa, se o baile for gospel!

O desprezo de Mical a Davi lhe rendeu esterilidade por toda a vida. Até que ponto a igreja cristã também não tem se tornado estéril em nossos dias por desprezar o que Deus está fazendo lá fora?

Só há uma maneira de reverter este quadro de esterilidade espiritual: descer de nossas torres eclesiásticas e aceitar o convite que Cristo nos faz: Quer dançar comigo?

8 comentários:

  1. Muito lindo Bispo Hermes!

    Dançemos com Ele!

    Será uma honra sua visita em meu blog.

    www.michelineblogs.blogspot.com

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  2. PARABENS BISPO SOU SEU FÃ...
    DEUS LHE ABENÇOE CADA DIA MAIS E MAIS...


    LEANDRO LIMA

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  3. Que post abençodo, lembrei de uma música que se chama I Hope You Dance!

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  4. como sempre sensacional, salvando o cuidando para que ninguém confunda e queira literalmente dançar lá fora ,ou seja no mundo,então ta tudo nos trinks, o sr° é um ótimo escritor.

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  5. como sempre sensacional, salvando o cuidando para que ninguém confunda e queira literalmente dançar lá fora ,ou seja no mundo,então ta tudo nos trinks, o sr° é um ótimo escritor.

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  6. Esse texto é tudo que tenho meditado ultimamente, ah..hoje a igreja busca tanta excelência, parece uma empresa não é mesmo? E quando se fala de unção então? Limitam-se a aceitar o que é diferente, como Mical, desprezam e porque não dizer que não acreditam no que o Espírito Santo tem feito fora das 4 paredes da igreja?
    O final deste texto me fez lembrar de Raul Gil:"quem sabe canta, quen não sabe dança"...é bem por aí, é preferível não cantar por não ser excelente aos olhos humanos e dançar com Deus.
    Eu danço!

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  7. Esse texto é tudo que tenho meditado ultimamente, ah..hoje a igreja busca tanta excelência, parece uma empresa não é mesmo? E quando se fala de unção então? Limitam-se a aceitar o que é diferente, como Mical, desprezam e porque não dizer que não acreditam no que o Espírito Santo tem feito fora das 4 paredes da igreja?
    O final deste texto me fez lembrar de Raul Gil:"quem sabe canta, quen não sabe dança"...é bem por aí, é preferível não cantar por não ser excelente aos olhos humanos e dançar com Deus.
    Eu danço!

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  8. Anônimo9:41 AM

    Que txt lindo !!! Profundo e repleto de sensibilidade e leveza. Deus continue te iluminando.

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