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segunda-feira, abril 29, 2013

Amigo é coisa pra se partilhar... Parte 2




Por Hermes C. Fernandes

Mostramos na primeira parte desta reflexão o quanto Paulo confiava em seu discípulo e amigo Tito. Sua confiança era tamanha que incluía até mesmo o cuidado pela subsistência de outros.

Confira:

“Quando te enviar Ártemas, ou Tíquico, procura vir ter comigo a Nicópolis, porque resolvi passar o inverno ali. Faze tudo o que puderes para ajudar a Zenas, doutor da lei, e a Apolo, para que nada lhes falte” (Tt.3:12-13).

Alguém já ventilou que houvesse uma animosidade ou rivalidade entre Paulo e Apolo. Ledo engano. Se assim fosse, Paulo não teria se preocupado com sua subsistência. E ainda que houvesse, isso demonstraria o grau de maturidade do apóstolo, a ponto de preocupar-se com a subsistência de um desafeto.

Percebemos também que não havia qualquer tipo de ciúmes de Paulo para com Tito. Em momento algum ele receou enviá-lo a Apolo.

Este tem sido um problema sério em muitos ministérios hoje. Os pastores têm ciúme exacerbado de ‘suas’ ovelhas, de ‘seus’ obreiros. Insistem em mantê-los presos no redil, temendo que encontrem pastos mais verdes.

Se Paulo estivesse centrado em seu umbigo ministerial, jamais teria se preocupado com o bem-estar de Apolo. Há uma passagem que deixa bem patente esta característica nele:

“Além das coisas exteriores, há o que diariamente pesa sobre mim, o cuidado de todas as igrejas (...) Eu de muito boa vontade gastarei, e me deixarei gastar pelas vossas almas, ainda que, amando-vos cada vez mais, seja menos amado” (2 Co.11:28; 12:15).

Como bom mentor, Paulo estava preocupado em trabalhar esta qualidade em seu pupilo. Jamais preocupou-se em puxar a brasa pra sua sardinha, mas preferiu espalhá-la para aquecer a todos à sua volta.

De onde provinha a confiança que Paulo tinha em Tito?

Tito o acompanhara desde o início. Foi seu companheiro quando desceu à Jerusalém para apresentar-se aos outros apóstolos. O fato de Tito não ter sido obrigado a circuncidar-se, por ser grego, comprovava que o cristianismo não era uma mera continuidade do judaísmo, mas algo totalmente revolucionário. Tito, portanto, era a prova e a testemunha da subversão provocada pela Graça.

Confira o texto:

“Depois, passados quatorze anos, subi outra vez a Jerusalém com Barnabé, levando também comigo a Tito. E subi por causa de uma revelação, e lhes expus o evangelho que prego entre os gentios. Mas particularmente aos que pareciam ter maior destaque, para que de maneira alguma não corresse, ou não tivesse corrido em vão. Mas nem mesmo Tito, que estava comigo, sendo grego, foi constrangido a circuncidar-se” (Gl.2:1-3).

E não só isso! Paulo o considerava um filho. Veja a forma carinhosa com que o apóstolo se refere a ele na abertura da epístola que lhe fora endereçada:

“A Tito, meu verdadeiro filho segundo a fé que nos é comum” (Tt.1:4a).

Apesar de todo o companheirismo entre eles, justamente na reta final de sua jornada, Paulo se vê sozinho. Onde está Tito, seu companheiro fiel? Não o traiu. Não lhe causou danos. Apenas o deixou na hora em que mais precisava. Paulo, então, apela a Timóteo, em busca de um ombro amigo.

“Procura vir ter comigo depressa. Porque Demas me abandonou, amando o presente século, e foi para Tessalônica, Crescente para a Galácia, Tito para a Dalmácia. Só Lucas está comigo. Toma a Marcos, e traze-o contigo, porque me é muito útil para o ministério. Quanto a Tíquico, enviei-o a Éfeso. Quando vieres traze a capa que deixei em Trôade, na casa de Carpo, e os livros, principalmente os pergaminhos. Alexandre, o latoeiro, causou-me muitos males; o Senhor lhe pague segunda as suas obras” (2 Tm.4:9-15).

O velho apóstolo, já prestes a ser executado, se sente só, abandonado por aqueles a quem ele dedicara sua vida. Demas nunca mais o procurara, trocando a causa de Cristo pelo apego às coisas do mundo. Crescente foi para a Galácia. Tíquico fora enviado por Paulo a Éfeso. Alexandre foi o que lhe causou mais dor de cabeça. Só lhe restou Lucas.

Mas de todos estes, quem mais lhe fazia falta, era, sem dúvida, Tito, seu filho amado. Quando não o encontrou em Trôade, saiu com tanta pressa de revê-lo, que acabou deixando pra trás sua capa e seus livros.

Acompanhado apenas de Lucas, o médico, Paulo pede que Timóteo venha, mas não venha só. Que traga consigo a Marcos, aquele mesmo que em outro episódio também lhe deixara, e contribuíra para o afastamento entre Paulo e Barnabé (At.15:36-39). Talvez o que Paulo realmente quisesse era evitar que Timóteo fizesse aquela longa viagem sozinho. Ele sabia o quanto doía estar só.

Como alguém que provocara o rompimento entre Paulo e Barnabé, poderia agora ser-lhe útil?
A esta altura da vida, Paulo já tinha experiência suficiente para entender mais da natureza humana. Por isso, se dispusera a perdoar a Marcos, possibilitando que retornasse ao seu convívio, e servisse de companhia a Timóteo.

À medida que amadurecemos, damo-nos conta de que não adianta tentar monopolizar nossos relacionamentos. Aprendemos que nossos amigos necessitam outras companhias além da nossa. Porém, devo admitir que é mais fácil compartilhar bens materiais do que amizades.

Não confunda lealdade com exclusividade. Amizade é como o ar que respiramos; a gente jamais deve descartar, mas buscar reciclar constantemente, enquanto partilha com os demais.

7 comentários:

  1. Olá...
    Seu Blog é bem legal...
    Gostei muito das suas postagens...
    Estou te seguindo.
    T+

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  2. A Paz, Deus abençoe em estar em seguidores no meu blog, muito obrigado por seu apoio! Salomão tinha sabedoria, em ser o tempo sua moéda mais preciosa, esta, que Deus nos deposita todos os dias por igual a mesma quantia para todos. Parabéns por aplicar bem a sua! Fiquem na apaz!

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  3. Anônimo11:16 AM

    A amizade entre humanos é necessária, mas, entre os irmãos em Cristo é imprescindível e exige cuidados apuradamente refinados, pois, um deslize involuntário ou uma exigência das circunstâncias pode ser interpretado como uma transgressão ao pacto da milícia.
    A amizade entre irmãos em Cristo deve ser concebida como um colírio de uso permanente.

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  4. Carlão8:00 AM

    Hermes só para acabar de vez cm este papo de amizade que não existe e sim trairagem, veja o que o apóstolo Paulo foi preso várias vezes e ele escreveu em cartas que seus amigos o abandonaram, veja o que diz Paulo em 2 Timóteo 4.16,17 que diz: Ninguém me assistiu na minha primeira defesa; antes, todos me desampararam. Que isto lhes não seja imputado.
    Mas o Senhor assistiu-me e forataleceu-me, para que, por mim, fosse cumprida a pregação e todos gentios a ouvissem; e fiquei livre da boca do leão. Existe outras passagem na bíblia sobre isto.
    O Amigo Jesus foi o seu companheiro na hora da aflição de Paulo, os supostos amigos que diziam que era amigos de Paulo o abandonaram, somente dois estavam com Paulo ao seu lado dando força, Lucas e Timóteo. Isto foi:
    Por causa da perseguição severa contra os cristãos em Roma, ninguém ousava indentificar-se com o apóstolo Paulo que com valor defendia o evangelho com medo de acontecer também com eles, isto não é uns trárias não? ou são Verdadeiros amigos que abandonam o outro!
    O apóstolo Paulo ficou profundamente decepsionado e sentiu-se abandonado. Em tais ocasiões, no entanto, Paulo sentiu-se a presença muito real do Senhor Jesus que este era seu amigo de Verdade e estava com ele ao seu lado nas suas aflições, e o fortalecia que e nunca o abandonou.
    Judas era escolhido por Jesus e andava com Jesus, mas Jesus sabia que ele era traíra, mas andou com Jesus, o o final da história o seu amigo ò discípulo Judas entrou Jesus Cristo para ser enforcado numa maldita cruz, e ainda deu um beijo em Jesus, este aí sem comentários, é uma Verdadeiro amigo, mas do capeta.
    Que amigo e compartilhar nada!
    Comunhão entre irmãos é diferente, é reunir e prol do evangelho,buscar a presença do Senhor em união com o mesmo espírito de santidade, e não ficar fazendo fofocas com o nome dos outros, isto é o que acontece e está sendo o papel principal das igrejas evangélicas de hoje, fofoqueiros e traíras do evangelho.

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  5. Anônimo9:13 AM

    A amizade entre humanos é necessária, mas, entre os irmãos em Cristo é imprescindível e exige cuidados apuradamente refinados, pois, um deslize involuntário ou uma exigência das circunstâncias pode ser interpretado como uma transgressão ao pacto da milícia.
    A amizade entre irmãos em Cristo deve ser concebida como um colírio de uso permanente.
    A produção de ideias é datada e espacializada...

    PAIXÃO, Edson.

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  6. Anônimo5:54 PM

    O caráter de Jesus Cristo envolve o cristão militante com a sua presença.

    PAIXÃO, Edson.

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  7. Anônimo10:31 AM

    A paz do nosso Senhor, prezado irmão.

    Obrigado por nos agraciar com as duas partes deste belíssimo texto, foi certamente inspirador e muito útil na minha vida.

    Que Deus nos abençoe.

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