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terça-feira, agosto 04, 2009

Desta lei ninguém escapa!

Temos algum controle sobre nossos atos, mas nenhum sobre seus desdobramentos. Nossas escolhas se prolongam, nossos desígnios alçam vôo, nossas obras ganham vida própria. O tempo, que tudo destrói, cotraditoriamente pereniza as ações mais simples. As facas arremessadas para o alto descem; algumas, de ponta para baixo. O pão jogado no rio, estranhamente, supera a correnteza, na piracema da vendeta. A lei da semeadura muitas vezes produz a cem por um.

A palavra falada, a seta desferida e as decisões concretizadas não volvem, mas seus rebentos, sim. Depois da trama na padaria para derrubar o líder, morrem os conspiradores, rompem-se as entranhas dos Judas, passam-se vários e vários invernos, mas um dia os filhos dos filhos colherão os amargos frutos daquela maldade. De Deus não se zomba, o que o homem plantar ele (ou seus descendentes) colherá!

Samuel recusou-se ver o rosto de Saul para não se enternecer com a miséria que ele próprio produzira. Edmond Dantès ressuscitou como o Conde de Monte Cristo para transformar a espetacular vida de Danglars em tragédia. Na riqueza de Midas estava a desgraça. O brilho da conquista contém o veneno da áspide. No triunfo de quem defendeu a verdade, o ardil de Satanás. Mais cedo ou mais tarde a mão divina escreverá Mene, Mene, Tequel, Parsim na parede do templo que começou com rebelião.

Os que sem causa armam laços e abrem covas sofrerão repentina destruição. Ficarão enredados nos laços que tramaram ocultamente. Os que roubaram vida, os que soterraram sonhos, os que jogaram com a esperança de inocentes, devem temer o Salmo bíblico: “Feliz aquele que lhe retribuir o mal que você nos fez! Feliz aquele que pegar os seus filhos e os esmagar contra a rocha”.

Há momentos em que sentimentos ilhados, mortos e amordaçados precisam vir à tona para que o mau perceba que não adianta disfarçar-se sob a capa da piedade. A lei da semeadura e da colheita funciona, e é implacável.

Soli Deo Gloria

Texto de Ricardo Gondim

Um comentário:

  1. Oi,
    É um bom texto. Gostei do blogue e de alguns textos que li.
    Vim por curiosidade para conhecer a igreja reinista.
    Um abraço.
    Inté.

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